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ESPN, é preciso saber perder

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Divulgação

A emocionante despedida dos canais ESPN de seu principal produto futebolístico, a Champions League, foi realmente um dos pontos altos da transmissão esportiva neste 2015.

Depois de 20 anos transmitindo a principal competição de clubes do mundo, a ESPN se viu obrigada a despedir-se do evento após a perda dos direitos de transmissão para o canal Esporte Interativo, do grupo Turner.

A Turner ofereceu uma bela quantia a mais pelos direitos e fez com que a proposta conjunta ESPN/SporTV fosse descartada.

Até aí, nada de novo, não fosse o desabafo entusiasmado de José Trajano, um dos principais nomes do canal do grupo Disney e responsável pela consolidação da ESPN em território tupiniquim.

Trajano discorreu sobre a perda dos direitos, mas fez uma dura crítica ao dizer que “trataram a Champions de uma forma especial” e que “esse mercado é muito cruel, não se leva em jogo, não se leva em consideração o que você fez de carinho, de tratamento, essa coisa toda”.

Aí que Trajano se perde. Todo e qualquer investimento do canal com o evento, suas transmissões “carinhosas” e “in-loco”, foram muito bem remuneradas pelos patrocinadores. A maioria desses patrocinadores nem do canal era, mas da própria Champions.

A ESPN não tratava com carinho porque amava a Champions, simplesmente o fazia por uma questão mercadológica que Trajano agora critica. Qualquer canal dispensará à Champions o “carinho” citado, simplesmente porque esse “carinho” tem um preço… e, com o perdão do trocadilho, é bem carinhoso.

Trajano, ao tentar posar de grande vítima das práticas mercadológicas esquece-se que, por muito tempo, os canais ESPN nadaram solitários nas águas esportivas no Brasil e no mundo.

Hoje, não é mais assim. Primeiro no mundo, depois no Brasil, a ESPN conseguiu concorrentes à altura: Turner e Fox, e deixou de ser a única emissora a se preocupar exclusivamente com esporte.

O crescimento de Fox Sports e Esporte Interativo promete disputa acirrada por direitos de transmissão. Disputa que os canais da Disney não estão acostumados a enfrentar, mas terreno onde suas concorrentes se sobressaem em modelos de negócio que envolvem filmes, séries e entretenimento.

Não, Trajano, não creio que a cobertura do Esporte Interativo seja tão boa quanto a da ESPN, mesmo porque, sua linha editorial seque um padrão bastante diferenciado, mas confio que o canal fará uma transmissão decente, pois o próprio evento exige isso.

Trajano, bem-vindo ao mundo dos negócios e da livre concorrência.
 

Apaixonado por televisão, Helder Vendramini pesquisa e estuda esse meio há vários anos e está se formando no curso de Rádio e TV. Aqui no site, busca fazer análises aprofundadas dos mais variados temas que envolvem a nossa telinha.

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