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Bom texto, direção e um primeiro bloco lento: a estreia de ''Sete Vidas''
Confira mais uma análise do "Enfoque NT"

Por Thiago Forato
Publicado em 09/03/2015 às 19:56
Após um hiato de quatro anos da autora Lícia Manzo, após a bem sucedida “Vida da Gente”, de 2011, estreou nesta segunda (9) a novela “Sete Vidas”, com direção de Jayme Monjardim.
E não é muito difícil saber que ele é o diretor. Com a competência que lhe é peculiar, sempre com uma boa fotografia e cenas num tom certo. O ponto alto foi cenas de manifestações populares, aquelas que ganharam o Brasil em meados de 2013. A mão do diretor foi fundamental para sua boa execução.
No entanto, um primeiro bloco lento e apenas os núcleos principais foram apresentados. Duas histórias de amor. Uma, mal resolvida entre Lígia (Débora Bloch) e Miguel (Domingos Montagner), e outra envolve os possíveis irmãos Pedro (Jayme Matarazzo) e Júlia (Isabelle Drummond), que mexe com um tema bastante polêmico e é considerado um tabu: o incesto.
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Júlia descobre que não é filha de quem pensava numa aula de genética e então questiona a mãe sobre sua verdadeira origem. Após ela ficar furiosa, acaba contando que na verdade, fora fruto de um doador de um banco de sêmen.
Com o apoio de sua melhor amiga Elisa (Letícia Colin), acabam por descobrir um site que é possível encontrar seus meio-irmãos. Isto é, aquele que foi gerado por meio do mesmo doador. Feito isso, Júlia consegue contatar um de seus meio irmãos, Pedro, e marcam de se encontrar numa daquelas manifestações que percorreram o país, dando detalhes das roupas que estariam, para uma possível identificação.
Acontece que ambos já não estão mais vestindo o que disseram antes, e mesmo assim se encontram. Pedro acolhe Júlia num beco quando ela já está fisicamente limitada por conta das bombas lançadas pela polícia e a leva pra casa. No seu despertar, o velho clichê... um querendo beijar o outro, mas quando Júlia olha pro que está vestindo, vê justamente o moletom que lhe foi descrito quando encontraria Pedro e o reconhece. Não poderia haver gancho melhor para um segundo capítulo.
Já a história entre Lígia e Miguel envolve duas pessoas completamente diferentes. Um não quer o matrimônio, formar família, estabilidade, enquanto este era o sonho da outra. A falta de compatibilidade faz Miguel ir embora para a Antártida por um ano, viagem esta que já era planejada. Porém, sem o conhecimento da parceira.
A sinopse é bastante interessante. Afinal, Miguel será dado como morto enquanto Lígia estará grávida dele e uma história de amor entre irmãos como homem e mulher não é tratado com frequência - para não dizer que não é -, mas a autora, assim como “A Vida da Gente”, certamente terá a sensibilidade em conduzir uma história dessa magnitude.
O texto, como não poderia deixar de ser, é denso, complexo e inteligente. Mas, estamos apenas no primeiro capítulo e ainda tem muita coisa a ser mostrada. É promissora e rodeado de expectativas.
Um bom núcleo de humor se faz necessário para funcionar como uma válvula de escape por se tratar de uma história tão complexa e “inusitada”. Há que criar contrapontos dentro do folhetim.
Thiago Forato é jornalista, escreve sobre televisão há dez anos e assina a coluna Enfoque NT há quatro, além de matérias e reportagens especiais no NaTelinha. Converse com ele: thiagoforato@natelinha.com.br | Twitter e Instagram: @tforatto
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