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2014 na teledramaturgia tem espaço crescente para as séries


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Fotos: Divulgação

Num ano em que a Copa do Mundo foi o centro das atenções, nenhuma novela conseguiu paralisar o país aos moldes de, por exemplo, "Avenida Brasil". O gênero segue em busca de renovação, mas parece ser cada vez mais ofuscado pelas séries, que foram o grande destaque da teledramaturgia nacional em 2014.

Isso desde o comecinho do ano, quando a ousada "Amores Roubados" conquistou o público e conseguiu os melhores índices para as produções tradicionalmente exibidas em janeiro pela Globo em anos.

Com autor e direção vindos da também excelente "O Canto da Sereia", a divulgação da série teve a grande ajuda da polêmica sobre o suposto romance entre os protagonistas Cauã Reymond e Isis Valverde na vida real, mas se consagrou de fato pelos méritos artísticos.
 
O primeiro mês do ano foi fechado com uma das cenas mais marcantes da história recente das novelas globais: o beijo gay entre Nico e Félix no último capítulo de "Amor à Vida" quebrou paradigmas históricos no espaço mais nobre da televisão brasileira.

Já a pouca aceitação do casal lésbico de sua sucessora, "Em Família", pode ser apontada como um dos motivos do fracasso do folhetim, que foi o último de Manoel Carlos.

"Império" reergueu a faixa das 21h após o fiasco da antecessora, mas chamou atenção mesmo somente quando motivos de saúde fizeram Drica Moraes ser substituída pela competentíssima Marjorie Estiano no papel de Cora.

Marjorie, aliás, foi uma das atrizes a brilhar em "Eu Que Amo Tanto", série especial desenvolvida dentro do "Fantástico".

Mas se "Em Família" não deixou saudades, é certo que "Além do Horizonte" muito menos. O confuso folhetim deixou a faixa das sete cedendo lugar para uma aparentemente promissora "Geração Brasil".

Só que o retorno da dupla que escreveu "Cheias de Charme" ficou na promessa. Confusa, a trama tecnológica não pegou. E o grande destaque das 19h acaba sendo a até agora insossa e eficiente "Alto Astral".

Com mais competência na utilização dos clichês, "Boogie Oogie" trouxe o clima dos anos 70 de volta para as 6 da tarde. Passa longe de ser um estrondo de audiência, mas tampouco preocupa. Sem a ousadia encantadora da antecessora "Meu Pedacinho do Chão", acaba cumprindo bem seu papel.

O horário viu ainda a premiação de "Joia Rara" no Emmy Internacional, repetindo o feito de outra novela que não conquistou o público, mas foi suficiente para o júri, "Lado a Lado".

"O Astro" e "Caminho das Índias" foram outros folhetins globais recentemente reconhecidos com a honraria, enquanto "A Mulher Invisível" levou a estatueta de melhor série de comédia.

As outras indicações de produções de ficção brasileiras em 2014 foram para "A Mulher do Prefeito" e o especial "Alexandre e Outros Herois", que não obtiveram sucesso na disputa.

Nesse fim de ano, a safra de especiais contou com apenas uma produção do gênero: o telefilme "Didi e o Segredo dos Anjos".

Mas o encerramento de 2014 ainda consagrou como destaque a série "Dupla Identidade", uma das melhores já exibidas pela Globo e certamente um marco na carreira da autora Glória Perez.

A Record segue bobeando em exibir suas produções às 21h, mas já se anuncia que esse erro deverá ser corrigido em 2015. Se a mudança tivesse ocorrido ainda neste ano, talvez a boa "Pecado Mortal" tivesse tido sorte melhor.

Em comum com a Globo, somente o fato das séries terem se sobressaído. "Plano Alto" foi muito bem aceita pela crítica, enquanto "Conselho Tutelar" casou isso com bons números de audiência. Ambas podem retornar para novas temporadas.

O que não ocorrerá com "A Grande Família", que teve a sua planejada e bela despedida levada ao ar. Depois de 14 anos de sucesso, uma das produções mais marcantes da história encerrou seu ciclo.

O mesmo caminho será traçado por "Tapas e Beijos", que começará sua próxima temporada sabendo ser a última a ir ao ar.

A TV fechada se mexe tanto quanto as redes abertas. Multishow e GNT levaram diversos projetos, especialmente na comédia, ao ar. Na HBO, o destaque fica com "O Negócio".

E enquanto as séries vão e voltam em diversas temporadas, "Chiquititas" segue direto no ar no SBT, que a estica enquanto pode. A sucessora, que será uma adaptação de "Cúmplices de Um Resgate", ainda não tem praticamente nada definido.

Mas o folhetim ainda rende bons números e garante a vice-liderança isolada. Mesmo reprises, como "Esmeralda", "Rebelde" e "A Feia Mais Bela" fazem jus aos programas inéditos da Record que concorrem com elas em suas faixas.

A Globo teve menos sorte para seus padrões com a fraca reexibição de "Cobras e Lagartos", que não conseguiu sustentar o padrão de "Caras & Bocas". Ainda nas tardes, uma "Malhação" sem brilho precisou da ajuda de personagens da temporada de 2012 para se destacar.

Diante desse quadro, respeitadas as peculiaridades de cada emissora e plataforma, fica claro que a arte de contar histórias segue em moda, mas novas linguagens são necessárias para ganhar um público cada vez mais exigente.

E o principal trunfo parece estar na comodidade de descarregar uma história entre 5 e 10 capítulos. É natural que os seriados e afins consigam uma fatia cada vez maior do mercado, dada a força que já atingiram nesse ano.

A retrospectiva segmentada volta no próximo texto com os destaques de 2014 do entretenimento.

 

No NaTelinha, o colunista Lucas Félix irá mostrar um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira.

Ele também edita o https://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)

 

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