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MasterChef teve o carisma e a objetividade que faltam aos demais realities

Estação NT


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Elisa Fernandes foi a vencedora da primeira temporada do "MasterChef"

A final do “MasterChef”, reality culinário da Band que foi ao ar na noite de ontem, revelou mais do que a vencedora, Elisa Fernandes.

O sucesso da atração, que ultrapassou a Globo no Ibope por vários minutos e chegou ao topo dos assuntos mais comentados no Twitter, indicou um novo caminho ao formato, desgastado em outras emissoras, como mostrou o fiasco de “A Fazenda 7” na Record e os índices cada vez mais baixos do “BBB” na Globo.

Criado na Inglaterra, “MasterChef” foi vendido para diversos países e conta com as mais variadas versões e cópias. A dinâmica enxuta do programa pode explicar este fascínio (três chefs de cozinha famosos escolhem e eliminam, através dos desafios da semana, os candidatos, todos cozinheiros amadores, até sobrar um vencedor), mas a união de muitos fatores, seguidos à risca pela Band, permitem olhar para a atração como uma exceção entre os seus concorrentes.

Para começar, os jurados, Paola Carosella, Henrique Fogaça e Erick Jacquin, todos chefs premiados e rigorosos que, sem o paternalismo brasileiro e com um arsenal de comentários ácidos, injetaram tensão entre os candidatos. Ana Paula Padrão conseguiu abandonar a postura engessada de âncora de telejornal e incorporou rapidamente a espontaneidade de apresentadora, fazendo caras e bocas que deliciavam os espectadores nas redes sociais.

Ponto também para a edição ágil, sem enrolação mesmo na final, privilegiando os desafios crescentes entre as panelas, nos quais renderam momentos desde impecáveis até bizarros. O petit gateau coberto com sal em um dos episódios, por exemplo, será dificilmente esquecido entre os espectadores.

De certa forma, o programa reinventou as características do reality, gênero popular no Brasil há mais de dez anos, mas que nos últimos tempos tem apelado para a pieguice pura e simples, sem candidatos carismáticos ou objetivos claros.

Apesar de ser um formato pronto do exterior, a Band conseguiu captar, em “MasterChef”, não só aquilo que atrai os fãs do gênero (agilidade, suspense, julgamentos precisos), como colocou no cardápio a tendência atual de conto de fadas corporativo: a pessoa comum que descobre sua vocação sob as bênçãos dos melhores na área. Enquanto falta tempero e objetividade ao “The Voice”, outro reality importado e que segue a mesma lógica de Cinderela, “MasterChef” afiou as facas sem dó.

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Formada em Publicidade e em Letras, Ariane Fabreti adora TV desde que se conhece por gente. Escreve sobre o assunto há seis anos.

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