Colunas

"Geração Brasil" ousou na tecnologia, mas esqueceu de contar a sua história

Estação NT


geracao3110.jpg
Divulgação/ TV Globo

Sem tanta repercussão quanto o seu início, a novela "Geração Brasil" da Globo terminou hoje e deixou aquele ar geral de o-que-deu-errado. Os autores Izabel de Oliveira e Filipe Miguez vinham do sucesso de "Cheias de Charme" em 2012, que abordou temas atualíssimos como a tecnologia e a nova classe C.

Os mesmos assuntos de "Geração Brasil", tratados com a mesma pegada pop da trama anterior. Entretanto, enquanto a novela de 2012 soube amarrar todas as tramas que propôs contar equilibrando o novo com o tradicional, "Geração Brasil" tentou ir mais longe e patinou.

A trajetória de Jonas Marra (Murilo Benício), um Steve Jobs tropical que buscava o seu sucessor, não deu resultado nem no Ibope e nem nas redes sociais, terreno onde o trio de empreguetes de "Cheias de Charme" reinava absoluto. Ao longo dos capítulos, as análises apontaram mil direções para o problema: as referências excessivas à tecnologia, o sotaque americano das personagens Pamela Parker (Cláudia Abreu) e Megan (Isabelle Drummond), a esposa e a filha gringas de Jonas.

Os personagens excêntricos, que pareciam ter saltado das histórias em quadrinhos, eram carismáticos (como o guru interpretado por Lázaro Ramos e a sua mãe transexual, vivida por Luiz Miranda), mas ficaram soltos na história, que perdeu o fôlego já no primeiro mês.

A novela ousou por colocar várias linguagens dentro da trama, como o reality show no qual Jonas escolheu o seu pupilo, e o documentário sobre a geração Nem Nem (jovens que nem trabalham e nem estudam), recurso que não funciona se aquilo que pretende contar não se desenvolve. As situações não andavam, os personagens, idem. A herdeira problemática Megan, inspirada em Lindsay Lohan e Paris Hilton, passou grande parte da trama trocando mensagens de celular.

É inegável que a dupla de autores de "Geração Brasil" oxigenou o horário das 19h ao transportar os temas mais palpitantes da tecnologia e da cultura pop no formato quadradinho da telenovela. A questão é que, mesmo a velha relação telespectador-televisão agora sendo intermediada pela Internet, nenhum aplicativo substitui a história consistente e bem contada.

Ariane Fabreti é a nova colunista do NaTelinha. Formada em Publicidade e em Letras, adora TV desde que se conhece por gente. Escreve sobre o assunto há seis anos.

Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado