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Emissoras não surpreendem na cobertura eleitoral com reeleição de Dilma

Território da TV


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Divulgação

Os prognósticos de disputa emocionante pela Presidência da República se confirmaram até além do previsto. Se os números do TSE não fossem exatos, estariam dentro de qualquer margem de erro. E como diversos levantamentos apontavam vencedores distintos, obviamente houve surpresa de parte do público com o resultado.

A expectativa era de uma disputa voto a voto, mas pela tensão alimentada durante as três horas da marcha da apuração e a constatação de que às 20h, quando as urnas finalmente seriam fechadas no Acre e os resultados nacionais poderiam ser divulgados, mais de 90% do país já teria apurado seus votos, é de que o presidente eleito já seria conhecido na primeira parcial.

Pensando nisso, a Globo até antecipou o “Fantástico” para 19h55. Assim, mostraria ao vivo a definição do vencedor logo na abertura do programa, evitando um “Plantão”.

Mas demorou mais de meia-hora desde as primeiras não-falas de William Bonner (o áudio falhou no primeiro contato com Tadeu Schmidt e Renata Vasconcellos) até que ele pudesse anunciar que “neste momento, às 8 e meia da noite de domingo, o Jornal... Vou repetir porque acaba de chegar a informação. Nós vamos anunciar dentro do Fantástico que Dilma Rousseff está reeleita oficialmente. Ela é a vencedora da eleição e presidente pelos próximos 4 anos”. Tal afirmação foi possível somente com a conclusão de 98% da apuração.

Bonner se mostrou confuso em outros momentos, mas soube encarar os deslizes com bom humor. Porém, outro jornalista que cometeu gafes no primeiro turno não teve chance de redenção. Evaristo Costa não apareceu na cobertura, sendo substituído por Ana Paula Araújo na leitura dos números.

E Ana Paula roubou a cena. Mestre no improviso desde os tempos de “RJTV”, a apresentadora do “Bom Dia Brasil” naturalmente acabou entrando até mesmo nas conversas sobre análises do resultado, papel incomum para o posto que exerceu e tradicionalmente era de Márcio Gomes em pleitos anteriores.

Ela foi, sem dúvidas, o grande destaque da morna cobertura global. Não que o conteúdo tenha sido ruim, mas muito menos que tenha sido excepcional. O maior canal do país, digamos, jogou para empatar e praticamente cumpriu tabela.

Mobilizou sua gigante estrutura pelo país por links pela programação, ancorados inicialmente por Chico Pinheiro, assim como fez as bocas de urna estaduais e exibiu os resultados durante o “Domingão do Faustão” com o tradicional GC acompanhando do som similar ao da urna eletrônica.

O “Fantástico” exibiu ainda o discurso ao vivo da presidente reeleita Dilma Rousseff, em que se ouviram por longos instantes gritos de “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo” vindos da militância petista.

Não houve nenhuma redução no áudio, como é comum nas partidas de futebol quando xingamentos são feitos, mesmo que não contra a emissora. Toda a fala da petista foi ao ar na íntegra, com a voz do público se sobressaindo nos momentos de pausa.

Na Globo News, um link na Avenida Paulista teve as agressões contra o canal personificadas no âncora do “Jornal Nacional”. Muitos partidários gritaram “ei, Bonner, vai tomar...” durante entrada ao vivo do repórter Gabriel Prado.

Dessa vez, seguindo o tom comum em reeleições, todos os canais focaram mais nos aspectos futuros, deixando de lado as novidades sobre os eleitos inéditos e suas trajetórias de vida.

Em 2010, logo após a vitória, mais do que porcentagens ou apoios, matérias sobre a perseguição na ditadura e os laços búlgaros de Dilma Rousseff tomaram conta do noticiário.

O “Fantástico” ontem somente reprisou imagens de matérias de 2010 e de uma entrevista de Dilma ao repórter Marcos Losekann que já havia tido trechos exibidos no “Jornal Nacional” de sábado.

Outros canais

A Record contou com a competência de sempre de Adriana Araújo em coberturas ao vivo, mas foi tímida. O “Domingo Espetacular” se encerrou sem nenhuma citação adicional sobre a eleição, por exemplo.

A Band também repetiu seu padrão analítico, mas dessa vez ficou longos períodos com os mesmos convidados, o que tornou as conversas mais cansativas. Com menos estados resolvendo suas disputas locais, também faltou assunto em muitos momentos.

Ambas exibiram o discurso da vitória de Dilma ao vivo, assim como a RedeTV!, que voltou a se destacar pelo dinamismo.

O canal exibiu pontos ignorados pelas rivais, mas de bom interesse, como o discurso dos petistas paulistas, incluindo o prefeito Fernando Haddad e informações sobre o estado de saúde do doleiro Alberto Youssef direto de Curitiba.

Somente o SBT, tal como em 2010, seguiu com sua programação normal enquanto a vencedora da eleição discursava. O canal exibiu um programete resumindo os resultados pouco depois da meia-noite.

Primeira entrevista

Em 2010, Dilma fez uma maratona e falou ao vivo com Adriana Araújo e Ana Paula Padrão no “Jornal da Record” para estar minutos depois no ar com William Bonner no “Jornal Nacional”. Todos os jornalistas se deslocaram para Brasília na ocasião.

Por enquanto, não há nenhuma informação sobre o procedimento para conceder a primeira exclusiva como reeleita. Pela voz falha após meses de campanha, existe até mesmo a possibilidade de “JN” e “JR” serem escanteados da agenda presidencial por hoje.
  

No NaTelinha, o colunista Lucas Félix mostra um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira.

Ele também edita o https://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)

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