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Record completa 61 anos sem vontade de avançar em direção ao futuro

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Divulgação

A TV Record completou neste último dia 27 de setembro mais um ano de vida, 61 no total.

Atualmente conhecida pelo jornalismo forte e popular, a emissora tem, em grande parte, público e audiência por conta desse atrativo em tempo real, que são as notícias sem parar, ao vivo.

A Record, que já foi símbolo de grandes eventos culturais, como seus festivais de música na década de 70, hoje vê uma programação bem diferenciada. O canal também foi o primeiro a transmitir uma partida externa de futebol, em 1955, entre Santos e Palmeiras.

Agora, sessenta e um anos depois, estamos vendo uma Rede Record muito diferente daquela época, e também de uns anos para cá. No final da década de 80, a emissora foi comprada pelo atual dono e bispo Edir Macedo. Tempos depois, o mesmo decidiu investir pesado na empresa para tentar chegar ao primeiro lugar de audiência e bater a Rede Globo, líder há mais de quarenta anos.

Em 2004, ao vivo para todo o Brasil pelo “Jornal da Record”, que era comandado por Adriana Araújo e Celso Freitas, que após idas e vindas permanecem na bancada, foi anunciado o novo slogan da rede e o novo projeto para o futuro, o sonhado “A Caminho da Liderança”. Sim, promessas foram feitas, que em cinco anos a TV Record estaria dividindo a liderança de audiência no Brasil com a Globo, mas não foram promessas vazias.

Foi investido mais de 100 milhões de reais em equipamentos, profissionais, teledramaturgia e formatos para compor sua nova grade de programação. O atual diretor artístico da época, Paulo Franco, investiu muito e contratou centenas de profissionais para fazer o sonho acontecer. Quem veio? Gugu, Ana Paula Padrão, Marcelo Serrado, Lavínia Vlasak, Paloma Duarte, Bianca Rinaldi, Tiago Santiago, Lauro César Muniz, Solange Couto, Rodrigo Faro, Maria Cândida, Roberto Justus, entre outros artistas e celebridades, principalmente da concorrente máster, a Globo.

Fora os profissionais, foram criados programas que estão no ar até hoje, como o “Hoje em Dia”, “Domingo Espetacular”, “Troca de Família”, que não é mais exibido, foram comprados os formatos do sucesso “A Fazenda”, “O Aprendiz”, “Ídolos”, entre outros. E os resultados dos investimentos foram aparecendo. Em 2006, a emissora tinha crescido mais de 200% em audiência e já estava empatada tecnicamente com o SBT na segunda posição, para que no ano seguinte ultrapassasse e se consolidasse em segundo lugar até os dias atuais.

Suas novelas triplicaram de audiência, como a inesquecível “Chamas da Vida”, de Cristiane Fridman, que na época chegava aos 20 pontos de Ibope facilmente. Assim como ela, “Prova de Amor” e “Vidas Opostas” também marcaram a dramaturgia da Record e mostraram ao Brasil que existe sim vida fora da vênus platinada, a TV Globo. Novelas, jornais, programas de auditório e programas matinais, todos eles cresceram absurdamente de audiência e fizeram todo o mercado televisivo acreditar que sim, era possível bater a Globo. Mas com atos falhos em 2009, a derrocada começou quando se menos imaginava.

O ano de 2009 foi marcado pelo início da queda de audiência da Record, mas tudo se agravou mesmo em 2012, quando a teledramaturgia teve sua maior queda, com a inesquecível e triste “Máscaras”. A trama de Lauro César Muniz fez com que a Record se desesperasse, mais do que já se encontrava antes. Apesar da queda de audiência brusca em 2010, e posteriormente em 2011, a emissora de Edir Macedo estava mais confortável que sua atual concorrente direta, o SBT.

A queda de audiência em 2012 na dramaturgia, nos jornais, nos programas de auditório, principalmente com o milionário Gugu Liberato perdendo pra Eliana, o "Tudo é Possível" de Ana Hickmann perdendo para Celso Portiolli, fizeram com que houvesse um colapso nervoso dentro da emissora. A transmissão das Olimpíadas contribuiu fortemente para que a crise financeira se agravasse como nunca, por conta da baixa audiência. A Record, a partir disso tudo, se esfriou, apagou aquele sonho de chegar em primeiro lugar apenas por conta de erros, que com calma e planejamento poderiam ser consertados. Mas não foram, não a tempo.

Ano passado a emissora viu que precisa ter calma, bastante paciência para contornar a situação e conseguiu recuperar parte do estrago. Atualmente, a Record está mais na dela, se preocupando com sua programação, com seu nariz, e não em atacar as outras como passou anos fazendo.

Mas o que será que temos para o futuro? Não estamos vendo estratégias para evoluir, a Record simplesmente se acomodou, ou será que é medo de arriscar novamente e voltar a era do caos? Não sabemos. O que sabemos é que a emissora de Edir Macedo tem grande potencial para voltar a brigar pelo topo, mas não do jeito que está fazendo.

É preciso uma Record com garra, com vontade, igual vimos em 2004 e posteriormente em 2008. Record, você é a mais velha dentre todas, honre sua experiência e faça valer a pena a televisão aberta brasileira.
 

Filipe de Souza escreve sobre entretenimento há seis anos. Agora no NaTelinha, irá falar sobre televisão e muita cultura pop.

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