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A volta de Jô Soares e sua rica história na TV

Enfoque NT


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Fotos: Divulgação/TV Globo

Jô Soares voltou na madrugada desta segunda para terça (9) a comandar seu programa na Globo, após ficar 21 dias internado com um quadro de infecção pulmonar. Muita coisa foi dita, e muitos já o davam como morto, tamanhos boatos (aparentemente descabidos) lançados de quando esteve no hospital a base de antibióticos.

O que importa é que Jô já está de volta à ativa, visivelmente mais magro e sem barba. Seu visual lembra os tempos de “Veja o Gordo” e “Viva o Gordo” nas décadas de 1980 e 1990.

Para quem não se lembra, Jô Soares retornou à Globo em 2000, após um período de 12 anos no SBT. O apresentador, escritor, humorista, comediante, diretor, ator (e mais algumas outras capacidades) foi contratado pela emissora carioca na mesma época em que Luciano Huck, Ana Maria Braga e Serginho Groismann vieram para dar reciclar um pouco a programação e enfraquecer os concorrentes.

O apresentador voltou à Globo não só pelo dinheiro, mas pela possibilidade de, naquele ano, utilizar a estrutura da emissora como o envolvimento do departamento de jornalismo, que chegou a fazer algumas matérias especiais quando era necessário, e a tecnologia, quando entrevistou algumas personalidades fora do estúdio em algumas ocasiões (via link de satélite).

Na época, Jô disse ter sentido que não havia mais espaço para sua atração no SBT, da mesma forma que saiu da Globo em 1987 porque ela não teria um espaço para um programa de entrevistas, que gostaria de comandar.

Vale lembrar que por muito pouco o Habite-se não foi liberado pelo prefeito de São Paulo da época, Celso Pitta, para que o estúdio 3 da Globo pudesse funcionar e acomodar as gravações do “Programa do Jô”. A Globo, naquele tempo, divulgou uma série de escândalos que estava acontecendo na administração municipal e levantou a hipótese de sofrer represálias por exercer seu papel. Na estreia, foi cogitada até mesmo a ideia de Jô ir à casa dos entrevistados ou fazer reportagens na rua.

De lá para cá, momentos memoráveis e entrevistas épicas, mas hoje o que restou foi apenas um Jô Soares “limpo”. Nada de quadros humorísticos ou qualquer outra coisa. No máximo, uma boa entrevista. O programa se engessou e Jô acabou sendo conivente com isso, mas segue sendo um dos melhores entrevistadores da televisão brasileira e motivo de inspiração. Tornou-se referência, inclusive para seu concorrente direto, Danilo Gentili, que frequentemente lhe toma o primeiro lugar no Ibope.

É preciso saber reconhecer que Jô Soares não precisa mais provar nada pra ninguém. O que muda se ele perder a primeira colocação? Nada. A história que ele construiu na televisão brasileira é algo invejável e todo o resto é pequeno.

Que ele consiga continuar apresentando, e conciliando suas outras atividades por muitos anos, pois tê-lo fora da TV seria uma perda irreparável. Muitos o criticam, com o argumento de que ele é arrogante e quer aparecer mais do que o entrevistado, fato que realmente acontece. Jô consegue por vezes tornar a entrevista interessante com um convidado desinteressante.

Seu horário na Globo, contudo, vem ficando cada vez mais ingrato ao longo dos anos, já que em seus primeiros anos entrava entre 0h e 0h15. Desde 1988, quando começou a fazer talk-show, Jô Soares sempre foi uma boa companhia no final de noite, como aquela conversa com um amigo, pai ou mãe antes de dormir. Mas, por melhor que seja a conversa, nem sempre vale a pena ficar acordado até tarde.
 

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