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A ascensão do "SBT Brasil" e os motivos de seu "ressurgimento"

Enfoque NT


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Reprodução

Desde o término do “TJ Brasil” e saída de Boris Casoy para a Record em 1997, até o ano de 2005, o jornalismo no SBT era precário. O investimento era nulo e havia somente dois telejornais, o da manhã e no final de noite com Hermano Henning, com um apanhado de material enlatado. Programas jornalísticos, então, apenas um “SBT Repórter” bastante limitado que, por falta de verba, passou um bom tempo reexibindo edições.

O ano de 2005 chegou e em meados dele, a contratação de Ana Paula Padrão. Na época, um alvoroço, e aqueles inserts na programação com os dizeres de que “Globo não tem mais padrão” e “Globo perdeu padrão”, uma alusão ao padrão de qualidade da emissora carioca. Ninguém acreditava que Padrão deixou a Globo, onde trabalhou por tantos anos, para se “aventurar” num projeto de Silvio Santos, que sempre foi conhecido como uma pessoa que muda de ideia como quem troca de roupa e nunca deu importância ao jornalismo.

Silvio estava de olho em Ana Paula desde 1996, mas suas investidas surtiram efeito depois que a jornalista passou a priorizar sua vida pessoal e a almejar uma melhor qualidade de vida. Daí, a troca.

Como nada nessa vida é só flores, o jornal seria encaixado num momento difícil. O SBT vivia uma fase extraordinária em audiência. Todas as suas atrações marcavam dois dígitos desde às 18h até a meia-noite. Época em que o “Roda a Roda” alcançava quase 20 pontos todos os dias contra o “Jornal Nacional” e Silvio Santos também dava expediente com o “Family Feud” diariamente. O Ratinho estava em grande fase às 19h, “Esmeralda” em seus últimos meses, além de “Xica da Silva” ter sido um grande acerto do SBT. Algo precisava ser sacrificado.


Ana Paula Padrão estreou o "SBT Brasil" em 2005

O horário acertado para a estreia do “SBT Brasil”, no dia 15 de agosto de 2005, foi o das 19h15, colocando o Ratinho para mais cedo e derrubando sua audiência em mais da metade. No seu novo horário, conseguia a proeza de perder até para a TV Gazeta, que exibia o “Mesa Redonda”. Criou-se um efeito sanfona e desde então, a audiência nunca mais fora tão alta. O noticiário era rejeitado apesar de sua sofisticação e qualidade, fazendo com que a grade noturna sofresse para retomar o caminho - algo que só está conseguindo agora.

Não adiantava. Posteriormente, Silvio Santos sacrificou seus games e fez um "sanduíche" com o jornal: “Family Feud” começando às 19h15, "SBT Brasil" às 19h45 e o “Roda a Roda”, 20h30. Nem assim.

Tirar o telejornal do ar seria uma loucura. O “SBT Brasil” passou por praticamente todos os horários de lá para cá, e só encontrou estabilidade há três anos, que se mantém às 19h45, com 45 minutos de duração.

O público mudou


Atualmente, Joseval Peixoto reveza com Carlos Nascimento no comando do jornal ao lado de Rachel Sheherazade

É indiscutível que o público sofreu mutações de 10 anos para cá. É notório que a programação da TV caiu como um todo, mas o “SBT Brasil”, na verdade, não. A audiência da estreia foi de 10 pontos, mas em poucas semanas tinha dificuldade para passar dos 5. Foi o primeiro programa do SBT a ser terceiro lugar todos os dias com o investimento que a Record fazia dramaturgia e proferia seu discurso que chegaria ao primeiro lugar.

Naquela época, e até pouco tempo atrás, o público rejeitava jornalismo no SBT. Prova disso foi a dificuldade do jornal em conseguir boa repercussão e ter números razoáveis no Ibope. Isso foi conseguido agora.

Um nome

Rachel Sheherazade, que está à frente do jornal há três anos, foi a grande sacada. Com opiniões contundentes e polêmicas que repercutem, se tornou um chamariz no “SBT Brasil” e conseguiu seu lugar de prestígio na casa sendo autêntica. Mesmo que ela esteja “descansando” de dar seus pitacos, a audiência que o jornal conseguiu é, em parte, por conta da presença dela.

Por ali passaram alguns apresentadores e o “SBT Brasil” teve seu período mais nefasto em 2007, quando era às 21h30 e terminava no exato momento em que a novela da Globo também chegava ao fim. Triste.

Investimentos na área

O SBT tem ampliado os investimentos em jornalismo nos últimos anos, prova disso é a contratação de Roberto Cabrini para comandar o “Conexão Repórter”, que é, sem dúvida, o melhor programa jornalístico da televisão aberta. Carrega a essência jornalística no seu DNA.

A paciência que o SBT teve com o “SBT Brasil” e outros investimentos na área fizeram com que o público percebesse que dessa vez era para valer. E agora, colhe os louros.

Com a chegada de Carlos Nascimento à bancada, apenas agrega mais público e faturamento.

Concorrência

Dar entre 7 e 8 pontos atualmente contra o “Cidade Alerta”, que é o programa de maior audiência da Record, é um desempenho surpreendente. E merecido. Não há como ignorar também o bom e velho “Chaves”, que tem passado o  bastão em alta. Mas o mérito de manter todo ou parte desse público, é do “SBT Brasil”.
 

Contatos do colunista: thiagoforato@natelinha.com.br / Twitter: @Forato_

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