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Band aproveita nicho e acerta com o "Café com Jornal"; entenda

Território da TV


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Divulgação/Band

A TV aberta é acostumada a lidar com os mais diversos tipos de público e por isso tende a ser mais generalista. Mas apenas a Globo segue com a "obrigação" de fazer produtos em boa quantidade e qualidade para gregos e troianos. Seja por estratégia ou caminho natural para que foram empurrados, outros canais adotam nichos e aprendem a usar esses recortes como trunfos.

A Band sabe disso desde os anos 1990, quando ficou eternizada como "o canal do esporte", fama mantida até os dias atuais. Porém a programação esportiva diária começa apenas às 11h e as atrações que vão ao ar antes do "Jogo Aberto" sempre foram problemas para emissora. Até mesmo coringas do canal, como José Luiz Datena, fracassaram em suas investidas matinais.

Uma das apostas mais ousadas foi a contratação de Luciano Faccioli, que fazia sucesso na Record com o "SP no Ar", muitas vezes liderando, como William Travassos também consegue atualmente. Só que seu "Primeiro Jornal" raramente saía do traço. Nem mesmo a chegada de Patrícia Maldonado alterou a rotina do jornalístico de muitas vezes marcar menos audiência do que a programação religiosa que o antecedia.

O cenário da faixa em São Paulo realmente é complicado para o canal dos Saad. Rodrigo Bocardi conseguiu superar a desconfiança inicial e já imprimiu seu ritmo ao "Bom Dia São Paulo", que explora muito bem a estrutura global; a Record consegue fazer seu jornalismo popular que sustenta praticamente toda a programação; e o SBT é o paradeiro do público mais tradicional que dá boa plateia para bancada de Hermano Henning e Joyce Ribeiro. Ou seja, não adiantava em nada copiar o que a concorrência fazia há anos.

E a melhor opção em um bom tempo surgiu justamente quando se olhou para o DNA do canal. Nada de nomes milionários, mas sim duas peças que já eram da reportagem da Band. Luiz Megale, que era correspondente em Nova York, e Aline Midlej, que já vinha se destacando em séries especiais no "Jornal da Band", foram os escalados para o comando do "Café com Jornal".

Junto deles, um time de especialistas que se reveza na bancada para comentar temas como saúde, tempo, trânsito, celebridades e esportes. Um esquema que lembra a versão original do "Tudo a Ver", que marcou época na Record. O formato de conversa entre tantos indivíduos não fica confuso por causa da duração de 3 horas, que fluem bem justamente pela sintonia já encontrada com peças como Laura Ferreira e Paloma Tocci.

Outros diferenciais sutis, mas que agregam um público mais jovem e antenado, são as músicas que embalam as idas e voltas dos breaks. Sim, em vez de trilhas formais, essas vinhetas no "Café" chegam a ter o som de "Waka Waka". Bem mais agradável, não?

Completando o tom engraçadinho - que, conste-se, não abala a credibilidade nas coberturas mais sérias -, os GCs não raramente tiram sacadas incomuns. Dia desses, ao falar sobre felicidade, surgiu um aviso de que "para ser feliz, não mude de canal". Quando os argentinos invadiram São Paulo na Copa, a previsão do clima foi mesclada com a presença hermana ao ser avisada a queda da "humildade relativa do ar".

São alguns detalhes até aparentemente bobos, mas que formam uma boa identidade quando se complementam. E é com isso que o "Café com Jornal" pode ir se sustentando para cada vez mais agregar público, que já é maior do que antes da sua estreia.

Nesta terça-feira (23), por exemplo, os números prévios indicaram 2 pontos de média contra 3 do SBT e 4 da Record. E há potencial de crescimento. Resta aguardar que a Band siga investindo e insistindo no programa.


No NaTelinha, o colunista Lucas Félix mostra um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira.

Ele também edita o https://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)

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