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Globo e Band repetem base de cobertura da Copa, mas resultados diferem

Confira análise sobre as TVs na Copa do Mundo de 2014


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Fotos: Reprodução

Os dois canais que possuem os direitos de transmissão da Copa do Mundo na TV aberta não optaram por muitas inovações na cobertura do Mundial 2014. Na Globo, a “Central da Copa” retornou, enquanto a Band ressurgiu com o "Band Mania" renomeado como “Band na Copa”. Porém os resultados obtidos pelas emissoras não foram exatamente iguais aos de 4 anos atrás.

Na Globo, a “Central” segue no estilo que a consagrou durante a Copa da África do Sul. Com mais bom humor do que informação, o programa é um excelente complemento para os mais fanáticos ou até mesmo fonte primária de notícias da Copa para aqueles que apenas não querem ficar de fora do assunto do momento.

A defesa exacerbada pela Seleção Brasileira também segue presente. Ao analisar o cartão amarelo levado por Neymar no jogo contra a Croácia, Tiago Leifert não teve dúvidas em cravar que o adversário que deu “uma rostada no cotovelo” do nosso craque.

Aliás, Tiago, que em 2010 era apenas uma revelação e hoje já acumula até programa fixo no horário nobre, felizmente segue o mesmo. Partícipe ou causador de todas as brincadeiras, ele liderou seu fiel escudeiro na busca por uma cápsula do tempo em que os comentaristas deixaram seus palpites em 2010 sobre como seria a formação atual da Seleção. Prato cheio para revelação de que Alex Escobar, seu parceiro de apresentação, apostava em Lúcio e Sandro convocados por Mano Menezes. Alexandre Pato e Paulo Henrique Ganso foram outros nomes presentes nas listas.

Mas como nem tudo é perfeito, o quadro com um alemão representando o estereótipo gringo passou uma sensação de déjà vu. E a troca da argentina Marina pelo boneco gigante do Messi não compensou.
 
A “Central” tem edição especial nos dias de jogos do Brasil. Nos demais, como ontem, fica reduzida e sem plateia dentro do “Jornal da Globo”. E não perdeu o perfil brincalhão nem mesmo no telejornal mais sisudo da emissora.

Nesta sexta (13), por exemplo, entre os gols do dia, foram destacados dois fatos envolvendo treinadores: a falta de pontaria de Van Persie, que apertou o cotovelo ao invés de cumprimentar o técnico holandês com a mão, e a sisudez do camaronês, apelidado de “múmia” ao ter acompanhado com cara de poucos amigos a vitória mexicana por 1 a 0 diante do seu time na Arena das Dunas.

Toda essa marca traz de volta a ideia de que um formato similar adaptado ao Campeonato Brasileiro poderia se encaixar melhor nas noites de domingos pós-"Fantástico" do que o “Superstar”, por exemplo.

Experiência que não foi tão bem sucedida quando o “Band Mania” foi fixado no horário nobre do canal após o Mundial de 2010. A razão do fracasso é até óbvia. Se o canal fica na briga pela vice-liderança na média do dia quando há jogos de Copa, não sai do quarto lugar na maior parte do tempo. E a entrega com números baixos já esvaziava naturalmente o programa, que dessa vez ressurgiu como “Band na Copa”.

A ideia é a mesma: Milton Neves, alguns comentaristas e uma bela jornalista fazendo a integração com o público.

Milton segue bancando o Fausto Silva e interrompe constantemente os convidados quando discorda deles. Mas isso não é novidade. O problema da vez está na tentativa de humor pensada: um cover do Ronaldo no estúdio fazendo observações óbvias. Imitação sem nenhum contexto e que tenta ser compensada pelo aí sim bem sacado “Plantão Dantesco”, franquia do já bem sucedido “Isso é Dantesco” do "Band Esporte Clube".

O dantesco em questão segue o estilo da “Central da Copa” com imagens inusitadas dos jogos bem comentadas, mas ganha toque de “Pânico” com inserções de bordões ou outros complementos sendo mescladas.

Outro destaque positivo é o melhor aproveitamento de Larissa Erthal, que fala pouco, mas cumpre muito bem o seu papel na atração. A apresentadora do “Jogo Aberto” para RJ, RN, DF, MA e AM finalmente ganhou um espaço também para toda a rede, que por enquanto ainda segue a versão de Renata Fan.

Datena cobre temporal

Uma das pautas que mais rende no “Brasil Urgente”, a chuva foi o destaque da primeira narração de José Luiz Datena na Copa do Mundo para TV aberta.

Com comentários de Denilson, ele acompanhou a vitória mexicana diante de Camarões enquanto o estádio da partida em Natal era atingido por uma chuvarada. E não perdeu a chance de comentar sobre o clima, é claro. Mas na medida certa.

A narração foi bem sucedida, apesar de realizada em tubo. Ele soube conduzir bem os momentos de emoção sem tentar empolgar o torcedor quando não era necessário. O único porém foi a tentativa de diferenciação ao narrar o gol do México. Datena preferiu seguir a escola italiana de narradores e bradou “rede” ao invés de “gol”. Quando gritou no estilo brasileiro, logo depois conferiu que foi (erroneamente) marcado impedimento no lance.

Sucessão de Galvão

Galvão Bueno agora promete não ter planos de aposentadoria, mas parece ter havido uma inversão de favoritismo entre seus colegas globais para sua sucessão quando resolver abandonar as transmissões esportivas.

Luis Roberto foi escalado para Holanda x Espanha, a reedição da final passada, enquanto Cléber Machado fez Austrália x Chile. E as escalas dos próximos dias indicam que os principais jogos seguirão com Luis, com exceção de Itália x Inglaterra, que o próprio Galvão transmite hoje de Manaus.

Em eventos passados, Cléber ficava com o papel imediatamente secundário. Na Copa das Confederações, por exemplo, Luis não narrou nenhum jogo. Faria Espanha x Taiti, porém a transmissão foi cancelada naquele 20 de junho que entrou para história não pelo 10 x 0 no Maracanã, mas pelos protestos que levaram milhões para as ruas do país. Quem diria que quase 1 ano depois as manifestações teriam se resumido a atos com poucas centenas e aquela temida Espanha levaria um baile dos holandeses?

William Bonner sem voz

O apresentador do Jornal Nacional voltou a sumir da telinha após fazer a edição do dia da abertura da Copa, em que praticamente fez apenas o “12 de junho de 2014” na escalada e o “boa noite” de despedida.

Sem poder falar para não piorar as condições da garganta vitimada por uma gripe, Bonner foi novamente substituído por Heraldo Pereira na bancada. Pelo Instagram, prometeu estar “novinho” na segunda-feira (16), véspera do segundo desafio do Brasil no Mundial.

E não dá para cravar que pela ausência da principal cara do “JN”, mas o telejornal anda sem graça mesmo que totalmente voltado para a Copa. Tanto na quinta-feira quanto ontem, boas reportagens de Tino Marcos foram o principal destaque.

Mas ficam faltando detalhes que poderiam ser mais bem executados. Nessa sexta, diferentemente na quinta, a vinheta voltou a ser exibida com uma versão curta em vez de mostrar a projeção do Brasil no mapa-múndi da redação destacando grandes lances do dia.

Ainda nessa sexta-feira, o “Bom Dia Brasil” mostrou mais sensibilidade de edição. Antes das falas de Chico Pinheiro, Ana Paula Araújo e Luis Ernesto Lacombe dos estúdios, a escalada exibiu um clipe com o Hino Nacional sendo cantado por jogadores e torcedores no dia da estreia.

Para ver rapidamente...

A tal escalada do “Bom Dia” possivelmente tomaria todo o tempo do “Praça TV 2”, que teve cerca de 3 minutos de duração, inclusive nas cidades-sede de jogos. Praticamente um “Globo Notícia” de luxo. Louvável o esforço em encaixar os jogos (que elevaram a audiência do canal na tarde e mantiveram na noite) na grade, mas o pouco tempo reservado aos telejornais não se explica quando antes deles houve capítulo de mais de 30 minutos de “Meu Pedacinho de Chão”.

Para inglês ver...

Enquanto a Globo traduz seus caracteres para o português, a Band exibe os textos em inglês e quase faz seus narradores derraparem ao terem que analisar os números ao mesmo tempo em que alteram o idioma.

...E americano também

O NaTelinha já destacou que a Copa impulsiona as exibidoras das partidas não somente no Brasil, mas também na Argentina e em Portugal. Mas até a terra que nem chama o futebol pelo seu nome, mas sim de “soccer” também está empolgada com a realização do torneio no Brasil.

A ESPN americana conseguiu seu quarto melhor resultado em todas as Copas, atrás somente de uma partida da equipe da casa em 1994 e outras duas dos próprios Estados Unidos em 2010.

Foram 4 milhões e 435 mil telespectadores no grupo analisado, 55% a mais que os 2 milhões e 856 mil do duelo entre sul-africanos e mexicanos em 2010.

Dentre as cidades com medição da Nielsen, Washington é a que proporcionalmente rendeu os melhores números. E de lá que o vice-presidente estadunidense Joe Biden desembarcará no Brasil na segunda para acompanhar a estreia do time local contra Gana.

 

No NaTelinha, o colunista Lucas Félix irá mostrar um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira.

Ele também edita o https://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)

 

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