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"Geração Brasil" desbrava o mundo e redescobre fórmula de sucesso das 19h

Confira mais uma análise da coluna "Território da TV"


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Divulgação/TV Globo

Foi grande a expectativa virtual pela estreia de “Geração Brasil”. Ou melhor, “G3R4Ç40 BR4S1L”, a forma com que a novela vem sendo escrita até mesmo pelos canais institucionais da emissora.

Expectativa despertada também no público em geral por uma simples deixa realizada nas chamadas e que entregava: “dos mesmos autores de Cheias de Charme”.

E tanto quem esperava um banho de modernidade quanto quem aguardava pelo retorno de uma boa e clássica comédia para a faixa das sete saiu feliz com resultado. “Geração” tem uma boa embalagem e não parece exatamente com nada que foi ao ar antes, porém seus autores lembraram que somente histórias atraentes são capazes de prender o público, por maior que seja o ar de inovação. Algo que sua antecessora “Além do Horizonte” deixou escapar.

Outro feito da novela ao brincar com tantas referências novas é que cria sua própria identidade com base nisso. Apesar de várias figurinhas repetidas no elenco de ambas, nem de longe dá para cravar como “Cheias de Charme 2”.

Cláudia Abreu, por exemplo, teve a sensibilidade de compor Pamela Parker de forma completamente diferente da icônica Chayene, apesar da evidente caricatura de ambas. Mas um dos poucos pontos irritantes dessa estreia vem da própria Cláudia. O sotaque americano mais parece saído de um desenho animado. E aparentemente por orientação da direção, já que a também linda e talentosa Isabelle Drummond segue a mesma linha com a sua Megan.

Passando dos EUA para Pernambuco, Chandelly Braz conseguiu a proeza de mostrar uma fala nordestina natural na Globo, o que pode mostrar uma atenção maior do canal com a região após o grande êxito de linguagem similar em “Amores Roubados”.

A grande colmeia conectada na abertura representa bem essa diversidade de tons e culturas retratadas. Assim como é em nossas vidas, com todas as pontas se conectando pela tecnologia, referenciada em cenas como quando fotos de Jonas Marra na juventude lembram muito as icônicas de Steve Jobs. Já na fase atual, o personagem teve direito a encontros até com Barack Obama e o Dalai Lama. Dentre outros famosos eventuais, a primeira fala da novela ficou por conta de Thiaguinho.

Mas as grandes estrelas foram mesmo os personagens, bem evidenciados com o efeito de congelamento que exibiu seus nomes, ajudando assim a ficarem na memória do público. Uma das tantas ousadias da direção, que optou pelo colorido alegre esperado por quem chega em casa e um bom dinamismo nas transições de cenas.

E dentre tantos acertos, não se pode deixar passar em branco a sensacional interpretação de Luis Miranda, que não simplesmente se vestiu de mulher, mas já começa encarnado no personagem e com o pé direito.

Pela reação do público, o único revés foi a música escolhida para abertura. “País do Futebol”, de MC Guimê, assim como várias outras, combinou ao fundo das cenas, porém na vinheta ficou confusa. As imagens já trazem informação suficiente e talvez tivessem combinação melhor com uma trilha instrumental.

Detalhe que, é claro, não apaga o saldo positivo desse começo. Apesar de ainda ter uma longa jornada para se provar um sucesso consagrado como “Cheias de Charme”, “Geração Brasil” já deixa para trás não só “Além do Horizonte”, como também “Sangue Bom”.

Enquanto a recém-terminada espantou por mal parecer uma novela das 7 e a mais antiga girou em círculos, o público pode ter boas esperanças com uma estreante que mostrou potencial em diversos núcleos. Em ano de Copa do Mundo, a bola já está rolando para “Geração”. E basta que a condução siga a tendência de início para que ela se concretize como um dos agora raros golaços dentre as estreias da Globo.   

 

No NaTelinha, o colunista Lucas Félix irá mostrar um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira.

Ele também edita o https://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)

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