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Com fórmula simples, "Domingo Show" estreia e mostra personalidade

Confira mais uma análise da coluna "Território da TV"


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Fotos: Reprodução

Algumas principais novidades da Record para o ano são baseadas em formatos internacionais. Dos quadros novos de Rodrigo Faro ao programa de namoro de Rafael Cortez, a emissora comprou muito nas famosas feiras mundiais de televisão. Até mesmo a nova contratada, Sabrina Sato, verá sua atração dar um grande espaço ao “My Name Is”.

Dentre as poucas exceções, está justamente o “Domingo Show”, totalmente desenvolvido pelo próprio canal. E dificilmente alguma das outras novidades com o selo de importação começará tão bem na audiência quanto o programa de Geraldo Luís, que liderou na média prévia (11 contra 10 da Globo) e chegou a alcançar picos 17 pontos.
 
O “Domingo Show” começou com um giro de links pelo Brasil que em muito lembra os realizados no “Fala Brasil” e no “Jornal da Record”. Ou seja, explorou bem o trunfo de estar ao vivo. Mas se confundiu ao dizer que era o único na situação. “Domingo Legal” e “Esporte Espetacular” também são transmitidos ao vivo, o que não os impediu de serem neutralizados por Geraldo.

No caso do programa global, a emissora carioca parece ter menosprezado o potencial do concorrente. Talvez já habituada em ver investidas da Record no horário fracassarem, a Globo não escalou nenhuma pauta tão forte para o “EE” ou mesmo algum filme inédito para “Temperatura Máxima”. O “Domingo Legal” até que se movimentou para ser mais factual, homenageando o humorista Canarinho, falecido nesta última semana, mas o elevado número de intervalos e merchandisings já tornou a briga desleal.

Por sua vez, o “Domingo Show” deixou a informação de lado no começo e apostou no que já consagrava seu apresentador no comando do “Balanço Geral”. De todos os jeitos. O irritante mistério com horas de chamada para determinado assunto permaneceu. Dessa vez, para que Sabrina fosse questionada sobre a “homenagem” do Pânico ao batizar uma cadela com seu nome. Ela mais uma vez preferiu manter a elegância e não alfinetar os ex-colegas de trabalho.

A irreverência de Geraldo também prosseguiu, é claro. E de forma bem imprevisível. Ou alguém adivinharia que uma das pautas seria um beijo na verruga de Sabrina? Aliás, as brincadeiras podem continuar as mesmas do “Balanço”, mas o clima é completamente diferente. Se era incômodo ver o clima circense misturado ao noticiário, agora com o setor de entretenimento sendo o responsável pelo programa, o sem sentido passa a ter alguma lógica.

Na visível prolongação da conversa com Sabrina para que o Ibope se mantivesse elevado, houve espaço ainda para um tipo de “Arquivo Confidencial” que tentou ser novo ao homenagear a avó da apresentadora, mas dedicou boa parte do tempo mesmo para falar sobre a mais famosa da família Sato, que ainda recebeu sua mãe e suas tias no palco.

Geraldo, como a grande maioria dos jornalistas da Record, foi mestre na arte de divagar por horas no palco sem deixar certas repetições evidentes, porém o grande destaque da estreia foi uma externa, guardada para o desfecho, após insistente divulgação na grade da emissora ao longo da semana e no próprio programa inicial.

A entrevista com Gil Gomes realmente cumpriu sua missão de quebrar o silêncio do lendário radialista. A questão é se haverá fôlego para se encontrar uma pauta de peso em todas as semanas. Em escala diferente, o “Programa da Tarde” também baseou sua primeira edição na expectativa por uma reportagem marcante sobre uma figura querida do público (no caso, o humorista Shaolin). E igualmente abriu certa vantagem sobre a Globo. Depois, deu no que deu.

A diferença é que o “Programa da Tarde” entrou no ar com o status de salvador da pátria do canal na faixa após anos. O “Domingo Show” soava como apenas mais um. Até mesmo seu cenário é praticamente uma reciclagem do “Domingo da Gente”. E talvez essa falta de pretensão, com um programa popular sem medo de assumir isso, pese para que ele oxigene seu fôlego por um período maior.

Beirar os 20 pontos toda semana somente se São Pedro colaborar ainda mais para o aumento da porcentagem de televisores ligados, mas a vice-liderança tão desejada pela Record parece simples enquanto o “Domingo Legal” não sair de seus telegramas dos anos 1990.

Para o SBT, a zona de conforto acabou. Para a Record, há um cenário animador, mas não conclusivo. Assim como fortalecido hoje por Sabrina e Gil Gomes, seu programa pode ser enfraquecido por eventuais convidados futuros. E aí sim conheceremos o limite do seu potencial.

 

No NaTelinha, o colunista Lucas Félix irá mostrar um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira.

Ele também edita o https://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)

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