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Roda o VT: "Chaves" não é mais um curinga do SBT; por quê?


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Divulgação

"Chaves" não tem conseguido decolar em suas exibições diárias. A eterna carta na manga, o polivalente, o talismã, o super trunfo, o curinga, tem amargado o terceiro e até o quarto lugar no Ibope em seu horário.
 
A culpa, no entanto, não é dele. É da forte e consolidada concorrência que tem de enfrentar, e da dificuldade do SBT em conseguir acertar algum programa capaz de bater de frente.
 
Neila Medeiros e o "SBT Notícias" tentaram. "Eu, a Patroa e as Crianças" e "Dupla do Barulho" fizeram o que podiam. Sem alternativa no banco de reservas, foi convocado o bom e velho "Chaves".
 
A aposta nos episódios inéditos não surtiu o efeito esperado. Como falamos semanas atrás nesta coluna, os telespectadores assíduos do humorístico mexicano estão acostumados à dublagem tradicional e às histórias já conhecidas e, portanto, num primeiro momento rejeitam o que é diferente.
 
Provavelmente as reações poderiam ser mais favoráveis em algum horário mais tranquilo - e o SBT dispõe de vários. Por exemplo, no período da tarde, em que "Três é Demais" vem se saindo muito bem, e no qual o próprio "Chaves", acompanhado do irmão "Chapolin" já foi intocável por muitos anos.
 
A verdade é que, no momento, "Chaves" torce para que o cotidiano das cidades seja ameno, para que Datena e Marcelo Rezende não saiam nadando de braçada. Pois é justamente quando os dois âncoras ficam sem um assunto forte para prender a atenção que o público dá uma zapeada no controle remoto e acaba encontrando a turminha da vila vivendo suas aventuras de sempre.
 
Mas "Brasil Urgente" e "Cidade Alerta" estão com audiência cativa, que parece ainda não ter se cansado dos programas. E o interesse se renova a cada notícia de impacto, o que não é difícil de acontecer.
 
"Chaves" é sempre um antídoto contra a concorrência. Mas às vezes o remédio acaba chegando tarde demais.
 
O beijo da novela
 
Muitos veículos já esclareceram que o beijo gay de "Amor à Vida" não foi o primeiro da história das telenovelas brasileiras. Vida Alves e Geórgia Gomide já haviam se beijado, ao vivo, em 1963, no teleteatro "A Calúnia", da Tupi. Em "Amor e Revolução", do SBT, as atrizes Giselle Tigre e Luciana Vendramini trocaram outro beijo gay, o primeiro da "era moderna", digamos assim, da teledramaturgia.
 
O beijo de Félix (Mateus Solano) e Niko (Tiago Fragoso) foi o primeiro entre homens e o primeiro a ser exibido em uma novela da Globo.
 
Mas o que colaborou, mesmo, para a repercussão majoritariamente positiva da cena foi a aceitação do personagem pelo público. Além disso, Félix era um dos personagens principais, diferentemente de "Amor e Revolução" ou "América", na qual estava programado um beijo gay, cortado na última hora.
 
E a cena foi exibida no último capítulo, portanto, quando quase a totalidade dos televisores ligados estavam sintonizados na emissora.
 
Por esse conjunto de fatores, embora não tenha sido o primeiro beijo gay em uma novela, foi, sem discussão, o mais impactante.


Hamilton Kenji é titular dos blogs obaudosilvio.blogspot.com, letrasdotrem.blogspot.com e transcendentes.blogspot.com

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