Colunas

Roda o VT: A reforma visual da Globo


19c6becc231cc11e89403c790a719d4e.jpg
Possível novo logotipo da Rede Globo

A Rede Globo, pela primeira vez em mais de trinta anos, deu início à repaginação de toda a sua identidade visual, que vai desde as vinhetas e aberturas até os logotipos de programas, chegando, enfim ao seu próprio logotipo.

A mudança é a mais radical já sofrida pelo pacote gráfico global, que rompe com a estrutura conceitual baseada em formas tridimensionais abstratas, reflexos, brilhos, vidros e metais, que justificavam o apelido de Vênus Platinada da emissora. Agora, a Globo passou a adotar formas sólidas, com cores fortes e contrastantes e ausência de profundidade ou sombras mais complexas.

As aberturas das novelas da Globo já vinham há algum tempo se desgarrando do padrão habitual e adotando variados estilos nas suas composições. A nova abertura da "Sessão da Tarde", porém, estreada há uma semana, foi considerada o grande marco dessa nova fase visual da emissora. Em seguida, veio a vinheta anunciando a entrada em vigor do horário de verão, novamente adotando um visual minimalista, nada semelhante com o que os telespectadores estavam acostumados.

O fato é que o padrão metalizado, com estruturas geométricas girando ou flutuando pelo espaço, já estava ficando ultrapassado. Foi criado em fins dos anos 1970 pelo designer Hans Donner, que empregou o que havia de mais avançado tecnologicamente e criativo em termos gráficos. Era revolucionário e ficava anos luz à frente das concorrentes. As emissoras que tentavam repetir as animações da Globo criavam peças visuais muito inferiores.

Com o passar do tempo e o avanço dos efeitos computadorizados, ficou fácil reproduzir o padrão global. A Globo esforçou-se, ano a ano, em renovar suas produções, porém sempre mantendo a impressão de mais do mesmo, em harmonia com o que estabelecera como referência para si e para todas as demais TVs brasileiras.

Mas a inevitável hora da mudança chega. E a Globo parece ter escolhido um momento adequado. As atuais tendências de design presentes nas interfaces gráficas de sistemas como o Windows 8 da Microsoft e IOS 7 da Apple assinalam para a simplicidade e a ausência de efeitos 3D, sombreamentos e degradês. Tudo ao contrário do que a Globo sempre fez.

O SBT, em sua campanha "Compartilhe", do ano passado, já caminhava nessa nova linha de cores vivas e fortes e ausência de brilhos de metais. A RedeTV!, também.

Telespectadores tendem a ser conservadores em seus gostos, especialmente os que se habituam com certos canais e se fidelizam a eles. Porém, as mudanças acabam, com o tempo, sendo absorvidas.

Há, ainda, outra questão atual, que indica que o público, principalmente o que assiste a TV por computadores e celulares, está sentindo menos importância com relação ao canal que está assistindo, focando-se no conteúdo. Um dos desafios deste século para as redes de TV será o de fidelizar esta nova geração de telespectadores. Mas isto é assunto para outra coluna.


Hamilton Kenji é titular dos blogs obaudosilvio.blogspot.com, letrasdotrem.blogspot.com e transcendentes.blogspot.com

Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado