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Roda o VT: A festa de aniversário da Record


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Divulgação

Praticamente ao mesmo tempo em que a Record completava seus 60 anos, a MTV Brasil fechava suas portas antes de completar três décadas no ar.

Uma delas celebrava a sua história de maneira emotiva, causando comoção no público. Enquanto isso, a outra pincelava rapidamente o passado, ficando a efeméride quase despercebida pelos telespectadores. Parecia que era a MTV Brasil quem aniversariava, e não a Record.

Não é de hoje que situações como essa acontecem quando o antigo Canal 7 paulistano completa suas primaveras. Mas é preciso que a emissora perca a vergonha de sua história e, orgulhosamente, mostre ao público que sua trajetória teve bem mais do que os "festivais", ditos assim como se tivessem sido um evento mítico, sem muito conhecimento do que realmente foi, para depois dar um salto de mais de 30 anos e chegar à era Edir Macedo.

É inegável que a Record viveu momentos áureos na década de 1960, organizou marcantes eventos musicais, foi uma das pioneiras nas coberturas esportivas, teve um grande elenco, com Hebe Camargo, Ronald Golias, Manoel de Nóbrega, Jô Soares e Blota Júnior, para citar somente alguns, recebeu atrações internacionais, Roberto Carlos com a "Jovem Guarda" e Elis Regina com "O Fino da Bossa" e, depois, entrou em uma descendente até ganhar novo fôlego com a atual administração.

Porém, mesmo na fase mais obscura, em que a estação esteve sob o comando dividido entre a família Machado de Carvalho e o Grupo Silvio Santos, não se limitou, como muitos pensam, a ser um mero exibidor de enlatados e retransmissor do "Programa Silvio Santos" aos domingos.

Pela Record passaram comunicadores da estirpe de Raul Gil, Barros de Alencar e Flávio Cavalcanti; "Os Trapalhões" surgiram, ainda com o nome de "Os Insociáveis"; Silvio Luiz comandou o irreverente "Clube dos Esportistas"; Marcelo Costa apresentou o "Especial Sertanejo"; e até Dercy Gonçalves fez parte da programação produzida nos antigos estúdios do bairro do Aeroporto.

Apesar de estas lembranças serem mencionadas no site da emissora, por algum motivo se tornam apenas um "flash" na tela da televisão, quando a Record festeja seus 60 anos. Mesmo sua fase um pouco mais recente, com Ana Maria Braga, Fábio Jr. e Eliana, fica obscurecida nas lembranças do canal.

Há algumas semanas dissemos que o "Programa do Ratinho", ao celebrar seus 15 anos no SBT, optou por não recordar o passado, mas festejar o presente, e que tal decisão era correta. A Record também tem todo o direito de falar e pensar no momento atual e no futuro, pois tem ambições e planos. Mas, nesse caso, há seis décadas de história, que não podem ser ignoradas. Merecem, sim, uma grande celebração. E ainda há tempo para isso.


Hamilton Kenji é titular dos blogs obaudosilvio.blogspot.com, letrasdotrem.blogspot.com e transcendentes.blogspot.com

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