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SBT e Warner: O possível fim de uma parceria vitoriosa


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Divulgação - Foto/montagem: NaTelinha

Segundo o colunista Flávio Ricco, a parceria entre SBT e Warner pode chegar ao fim em dezembro, encerrando um vínculo que se estende por 13 anos.

A parceria milionária começou no ano 2000, quando o SBT assinou um contrato de exclusividade com a gigante produtora norte-americana, que se somado a um acordo que tinha com a Disney, na época, o negócio era avaliado em US$ 200 milhões. Aliás, quem não lembra dessa chamada? “200 milhões, 200 milhões”, repetido exaustivamente naquele ano? Ou ainda, aquele vídeo feito dizendo que a emissora tinha em suas mangas os “quatro ases” da televisão como Warner, Disney, Televisa e o próprio SBT.

Quando o canal anunciou o acordo com a Warner, em fevereiro de 2000, Walter Zagari, superintendente comercial da emissora na época (hoje vice-presidente comercial da Record) foi ambicioso e diz que esperava dividir a audiência e faturamento com a Globo em apenas três anos. Fato este que não aconteceu, mas que um acordo milionário com Disney e Warner foi pelo menos tempestivo para a Globo, causando-lhe enormes crateras na programação, isso foi.

O primeiro filme da parceria foi exibido no dia 4 de abril de 2000, com a estreia do “Cine Espetacular”: “Batman & Robin”. O longa rendeu ao SBT 29 pontos de média contra 16 da Globo, que exibia o “Casseta & Planeta”, “Muvuca” (com Regina Casé), “Jornal da Globo” e o “Programa do Jô”. Contra Casé, a rede paulista venceu por 31 a 17. Números estes que não voltam mais. E foi ali dado o pontapé inicial para o início de uma parceria grandiosa e vitoriosa.
 
Até 2008, a emissora detinha total exclusividade dos produtos Warner. Desenhos, filmes e séries entravam sem sequer o SBT escolher. Era livre acesso. Até que Silvio Santos e sua equipe foram percebendo que não era necessário que o acordo cobrisse 100% dos produtos de seu fornecedor. Havia coisas que poderiam ser descartadas.

O preço é alto e o acordo, que é pago em dólar, foi subindo. Nenhuma outra emissora tem esse tipo de contrato, de total exclusividade. Todas adotam o sistema de preferência. Os filmes de maior apelo foram comercializados através de leilão. A Fox realizou alguns como “A Paixão de Cristo”, “A Era do Gelo” e “Garfield”, que foram parar nas mãos da Record.

A Globo, então, começou a ter alguns filmes made in Warner, como “Firewall – Segurança em Risco” e até o clássico “Space Jam – O Jogo do Século”, que foram descartados pela emissora de Silvio Santos. A mudança de total exclusividade para contrato de preferência foi sendo percebido por alguns telespectadores de forma gradativa.

Mas, e se a Warner sair do SBT mesmo como foi noticiado? O que ele vai fazer com suas manhãs, onde o conteúdo é da produtora? E as madrugadas? E os filmes do horário nobre? É muito cedo pra responder esses tipos de questionamentos, que sequer sabemos se serão cumpridos, mas cobrir esses rombos na grade com a mesma qualidade e competência seria quase impossível. O SBT é uma excelente vitrine para a Warner, e a Warner uma ótima fornecedora de conteúdo. Embora, muitas vezes, o SBT não saiba aproveitá-lo.

Entretanto, o conteúdo da produtora pode ser uma arma letal nas mãos das concorrentes, se usado de maneira correta.

Comprar exclusividade, definitivamente, não compensa mais. Em tempos de "Harry Potter" dando 5 pontos e da proliferação da TV por assinatura e locadoras online, esse tipo de acordo já não é mais tão satisfatório.

Só há que ter certo cuidado para não despejar bons conteúdos e fazer com que eles respinguem de maneira negativa no SBT.


Contatos do colunista: thiagoforato@natelinha.com.br - Twitter: @Forato_

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