Colunas

O Observador: Briga entre cantora e atriz expõe equívocos de "Amor à Vida"

Daniela Mercury e Bárbara Paz se desentenderam no "Altas Horas"


2dae80955474b3c9d60bc749aa347617.jpg
Divulgação/TV Globo

A Globo levou ao ar a tão comentada discussão de Daniela Mercury e Bárbara Paz no “Altas Horas” – a briga das duas já havia sido noticiada e a dúvida era de fato se iria ao ar ou se seria cortada na edição.

O motivo do desentendimento foi a cena em que Félix (Mateus Solano) foi desmascarado pela família, em “Amor à Vida”, e teve sua sexualidade revelada.

Como já disse aqui nesse espaço, a novela por si só é um mar de exageros, criado por Walcyr Carrasco. A cena em questão é ridícula e dispensa demais críticas. Edith (Bárbara Paz) traindo Félix na casa onde a mãe do rapaz, Pilar (Susana Vieira), estava, além de outras pessoas, é algo surreal, inverossímil. Aí o vilão teve a sexualidade exposta e todos se assustaram, como se seu jeito forçado fosse incapaz de revelar que ali se escondia um gay.

Claro que achar a fórmula do sucesso de uma novela não é coisa fácil, sequer sabemos se existe realmente. Mas, hoje em dia, percebe-se que o público cobra certa proximidade da ficção com a realidade. O caso de Félix é o exemplo mais claro de como há ruídos em “Amor à Vida” que atrapalham o “voo” de quem assiste, como dizia Glória Perez na época em que “Salve Jorge” era alvo de um turbilhão de críticas.

A cantora baiana tem razão quando disse à atriz que o texto é cômico e coloca a questão do preconceito de uma forma que pouco se assemelha com o que vemos na vida real. E Bárbara Paz errou ao afirmar que aquela cena é o reflexo da sociedade. Não é. Talvez seja de uma parte dela. A própria Daniela se assumiu gay e teve o apoio da família.

“Amor à Vida” deixa claro que talvez não tenha totais condições de agregar conhecimentos e mostrar ao povo brasileiro que o tabu em torno do gay já não existe mais como antes. Ainda há preconceito? Há, é evidente que sim. Mas não é bem assim, as coisas estão mudando e isso também precisa ser registrado pelo texto do autor.

“Todo esse discurso sobre homossexualidade vai ser antológico para a televisão brasileira”, disse a atriz, no palco do “Altas Horas”. Vai sim. Porque, querendo ou não, “Amor à Vida” já quebrou o protocolo ao possuir tantos personagens gays, sendo que um deles é o vilão.

Em relação ao discurso, todo cuidado é pouco.  “O texto é muito padrão”, comentou Daniela. E isso diz muita coisa.


Comente o texto no final da página. E converse com o colunista: brenocunha@natelinha.com.br / Twitter @cunhabreno

 

Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado