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O Observador: Reprise de "Carrossel" resgata passado de equívocos do SBT


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Divulgação

Há um grande paradoxo no fato do SBT ter decidido reprisar “Carrossel”, menos de sete dias depois de seu término, a partir da próxima segunda-feira (05). Apesar de surpreender a todos, loucuras como essa são absolutamente previsíveis quando se trata da emissora e seus administradores – e a história está aí pra não me deixar mentir.

As aspas abaixo são de Edir Macedo sobre Silvio Santos, quando o apresentador ainda era sócio da TV Record, no final da década de 80.

“A Record estava indo bem, mas aí vieram aquelas loucuras de Silvio Santos. Ele queria passar três vezes o mesmo filme em um dia. Silvio Santos é um extraordinário vendedor, um homem de grande intuição comercial e um péssimo diretor de programação. Você vê o SBT, aquilo é uma lástima. É extremamente inseguro. Você pode ser escravo do Ibope, mas não pode tirar um programa do ar após um dia”, disse Macedo, no livro "O Bispo".

Você pode ser escravo do Ibope, mas não pode reprisar uma novela com menos de sete dias do final de sua exibição inédita, adiciono.

Talvez por ser a TV mais feliz do Brasil, o SBT brinca tanto com sua grade de programação. E mais uma vez, a história está aí, inapagável, indelével. Quem não se lembra? A emissora resolveu engavetar a novela “O Direito de Nascer”, escrita em 1997 e que só foi exibida em 2001. Mais recentemente tivemos “Corações Feridos”, remake de Íris Abravanel que, apesar de gravada totalmente em 2010, foi levada ao ar somente em 2012.

Vou mais longe: além de todo o investimento em jornalismo, teledramaturgia e estrutura, a Record não conseguiu sozinha a vice-liderança no Brasil: o SBT tem uma parte de responsabilidade. Sempre se falou que com o mínimo de investimento, qualquer emissora que se propusesse a tomar o segundo lugar do SBT, conseguiria.

A questão é que, com o sucesso de “Carrossel” – comercial e no Ibope –, além do bom planejamento na produção de “Chiquititas”, achava-se que, pelo menos na parte de dramaturgia, as coisas tinham mudado. Não é o que parece.

A reprise de “Carrossel” pode até conseguir boa audiência, mas ainda assim não justifica acontecer. Quisessem outra novela infantil no lugar de “Carrossel”, que fosse exibida em paralelo com “Chiquititas”, gravassem outro remake ou até uma história original.

Olhando assim, nada me convence que a decisão da reprise não partiu de Cirilo, ou Maria Joaquina. Vai saber.


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