O Observador: Os protestos em SP e o passado da Globo vindo à tona
Publicado em 17/06/2013 às 15:17
As manifestações que aconteceram em São Paulo na última semana e se espalharam por todo o Brasil trouxeram à tona algumas lembranças do que a TV Globo fez no passado e, até hoje, não foi esquecido. Não por menos, os protestos aconteceram também na sede da emissora, onde pessoas diziam que o canal fez uma cobertura parcial do que aconteceu. Mas não fez.
A cobertura da Globo foi como qualquer outra da televisão aberta no Brasil. Quem assistiu aos seus telejornais percebeu que foram mostrados os lados dos protestantes, que muito pediram por paz, assim como os mesmos foram duramente reprimidos pela polícia.
Sites e jornais do grupo, além do canal de TV, lamentaram que alguns dos manifestantes se exaltaram, mas fez questão de frisar que a atitude não era generalizada e não refletia o que pedia a maioria de quem estava nas ruas. Então por qual motivo foram resgatados gritos tão conhecidos como “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo” e “Não é mole não, a Rede Globo apoia a repressão”?
A história da Globo fala por si só e pode responder a esta pergunta.
A emissora escondeu milhões de estudantes que pediam eleições diretas no Brasil; escondeu políticos como Leonel Brizola, Luís Carlos Prestes e Luiz Inácio Lula da Silva, que só apareceu quando eleito presidente e, claro, aí não tinha mais como esconder; escondeu décadas de ditadura militar e por mais tempo ainda os menos desfavorecidos, que ainda penam para estar em suas novelas. Os arquivos do canal da família Marinho denunciam e indicam que é grande o seu esconderijo.
Quem participou do protesto, movido por um sentimento de revolta engasgado há muitos anos, decidiu então hostilizar a Globo, expulsando repórteres da cobertura da manifestação por “passe livre”, xingando o canal exaustivamente e olhando com bastante desconfiança o teor que será dado aos protestos nos telejornais da emissora. E como os seus jornalistas se comportarão.
É injusto dizer que a Globo está “fraudando” a cobertura jornalística das manifestações em São Paulo? É. Mas quem tem moral pra pedir justiça numa hora dessas?
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