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O Observador: É um absurdo comparar Félix a Carminha


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Fotos: Divulgação

Definitivamente o brasileiro é louco por vilões de telenovelas. Se pararmos para uma rápida pesquisa, perceberemos que o sucesso do casal de mocinhos de um folhetim está atrelado à dimensão que tenha as loucuras de um vilão para separá-los.

Trocando em miúdos: se o vilão não convencer, a novela não é boa e os mocinhos são rapidamente esquecidos.

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Em "Amor à Vida", Félix (Mateus Solano) tem vários dos ingredientes que o público gosta de ver e, mais do que isso, se exige em um vilão para que ele se torne memorável. Esse personagem escrito por Walcyr Carrasco não tem limites, é sem noção, age por impulso, é inconsequente, não possui dentro de si sequer uma linha tênue de amor. É covarde.

Mas daí compará-lo a uma das maiores vilãs que o Brasil já viu em toda a história da teledramaturgia brasileira é forçar a barra.

Veja fotos de cenas da novela "Amor à Vida":

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Porque Carminha (Adriana Esteves), em "Avenida Brasil", convenceu todos que ela era real, alguém que poderia estar do lado de cada telespectador, ser nosso vizinho, ou até poderia ser nós mesmos nos momentos mais desesperadores.

Carminha era gente como a gente e, muito provavelmente por causa disso, congelava o Brasil todos os dias, roubando as cenas da novela em que estava. A personagem entrou pra história a ponto de separar a carreira de Adriana Esteves em “antes” e “depois” de sua existência.

Félix não tem o sex appeal que Carmem Lúcia tinha nem tampouco a naturalidade das tiradas da vilã frente aos problemas. E o mais grave: Walcyr Carrasco não ofereceu ao público um motivo convincente de Félix estar fazendo todas essas coisas. Não por acaso, o personagem parece ser um rebelde sem causa.

Pra que roubar o pai, César (Antonio Fagundes), se Félix tem e sempre terá – a não ser que sua família resolva rasgar dinheiro – ao seu alcance tudo o que pode comprar? Será que é tão normal assim sumir com o bebê de uma irmã simplesmente por medo de perder parte da herança do pai? Definitivamente não e são exatamente essas coisas que fazem com que Félix não possa ser comparado, em hipótese alguma, a Carminha.

Carminha tinha motivos para fazer cada maldade que fez e o público compreendia isso, tanto que a perdoou. Félix não. Como se não bastasse, as piadas de Félix são muitas vezes fora de hora e isso não faz dele alguém engraçado, cômico, mas ridículo. Seu exagero termina o tornando um ser caricatural.

Por isso, fica aqui o meu breve apelo: não comparem Félix a Carminha. Tenham pena dela. E dele também.


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