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O Observador: O Ibope e a incrível lógica de quem morde e assopra


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Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope - Divulgação
No último domingo (22), a Record exibiu no “Domingo Espetacular” uma reportagem especial de 16 minutos sobre o dono do Ibope, único instituto que mede a audiência das emissoras de TV no Brasil. 
 
Na matéria, denúncias sérias foram apresentadas contra Carlos Augusto Montenegro, com detalhes de apuração, sempre apoiada judicialmente. A discussão não é essa.
 
O fato da Record atacar o dono do Ibope numa época de fragilidade de audiência do canal nos remete a uma questão que se tornou cada vez mais frequente no Brasil: até que ponto diretores de grandes canais de TV podem colocar em cheque a credibilidade do Ibope? Por que esses diretores só usam os números fornecidos pelo instituto quando estes são favoráveis, bonitos de serem mostrados?
 
Há um funcionário do SBT, por exemplo, que em seu Twitter é conhecido por chamar o Ibope de piada (“esse instituto é uma piada”, esbraveja), sempre se referindo ao fato de não receber migração de outras emissoras quando as mesmas estão no intervalo comercial. 
 
Outro dia, ao vivo, Datena reclamou por conta do mesmo motivo e colocou em dúvida, também, a credibilidade dos números. Diretores da Record fazem a mesma coisa frequentemente.
 
É difícil saber se o instituto é, de fato, uma piada. Mas o engraçado de verdade é ver essas mesmas pessoas comemorando quando a audiência, fornecida pela mesma empresa cuja credibilidade outrora foi posta em dúvida, é alta. Aí tudo muda, os números passam a ser verdadeiros e tem que ser exibidos ao telespectador. Juro que tento, mas não entendo a lógica dessas pessoas. São, minimamente, bem humoradas.
 
A reportagem foi exibida corretamente. Se estiver fazendo coisa errada, tem que aparecer para todos, ser denunciado, exibido. O papel da imprensa é este.
 
Colocar e tirar do ar programas sem a menor explicação para o público; cortar novelas no meio de uma cena para exibir outra atração; em menos de uma hora, exibir quase 100 capítulos de uma novela a fim de tirá-la da grade; repetir filmes constantemente; comerciais excessivos num mesmo programa; e etc... São esses fatos que se tornaram comuns em algumas emissoras no Brasil.
 
Independentemente de ter feito coisa errada ou não, Carlos Augusto Montenegro, dono do Ibope, respondeu a Record: “Faz bobagem e acha que a culpa é do Ibope”. Ele está certo.
 
 
Breno Cunha escreve sobre mídia e televisão há quatro anos, passou por vários sites, onde sempre foi conhecido por grandes discussões provocadas por suas críticas. Agora ele está no NaTelinha. Twitter: @cunhabreno
 
 
 
 
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