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Roda o VT: Estreias da RedeTV! e o momento antológico do "Comédia MTV"


A RedeTV! estreou no último domingo (27) suas duas novas apostas para o fim de semana. Rafinha Bastos era o líder da versão brasileira do "Saturday Night Live", seguido pelo freak show de Dr. Rey, o "Sexo a 3". 
 
Os programas tiveram ampla repercussão nas redes sociais, mas a audiência foi um verdadeiro fiasco, provando, mais uma vez, que nem sempre o que chama atenção na internet reverte em audiência.
 
O "SNL" brasileiro não é nem sombra do original americano, um programa consagrado e tradicional por lá. O formato e o conteúdo realmente são mais propícios para as noites de sábado. 
 

Divulgação/RedeTV!

 
Por aqui, deu 1 ponto de média no Ibope, pior do que a reprise do "Mega Senha", que antes ocupava o horário. A RedeTV! precisa e deve mexer no programa antes que seja tarde para salvá-lo. Não é admissível a emissora que se orgulha em transmitir em HD toda a sua programação e ter a melhor tecnologia entre as televisões brasileiras levar ao ar um programa com defeitos tão nítidos em figurino e cenários. 
 
A produção dava sinais de ser extremamente pobre. Curiosamente, os costumeiros cenários virtuais usados pela emissora não foram acionados. Talvez eles pudessem, no plano aberto de câmera, melhorar a apresentação. Estranhamente optou-se pelo uso de microfones "head-set" em cada um dos comediantes, em lugar do tradicional microfone "boom", que seria a melhor opção em dramaturgia. Quanto ao humor apresentado, o programa não rendeu, mas pode melhorar. Os quadros gravados estavam melhor editados e produzidos.
 
Outro sinal da deficiência do figurino: no momento em que Rafinha "entrevistava" um Cirilo crescido vestido com uma roupa apenas parecida com a da novela, na Band o "Pânico" se apresentava vestindo uniformes idênticos aos utilizados na versão mexicana de "Carrossel". "Carrossel", aliás, foi o assunto que dominou o "Pânico". Parecia até que o programa era do SBT e não da Band, de tanto que se elogiou a novela.
 
Depois, Robert Rey, o cirurgião plástico das estrelas de Hollywood, se transformou em apresentador de um dispensável game show, que resgatou as "melhores" tradições em apelação e baixaria dos anos 90. Só faltou a prova da banheira. 
 

Divulgação/RedeTV!
 
O programa seguia a linha das "panicats" e do que o mesmo Dr. Rey fez na transmissão do Carnaval pela RedeTV! neste ano: a ideia era mostrar closes na anatomia das assistententes de palco e dicas sobre cirurgia plástica que, claro, serviam apenas como pretexto de mostrar mais e mais o corpo da mulherada. 
 
A base do show e que dá título a ele é um game dos mais bobinhos entre três participantes. Monique Evans é repórter da atração, mas poderia ser a apresentadora, que talvez pudesse colocar um pouco mais de ordem na casa, já que a direção parecia perdida. Muito difícil imaginar a pretensão deste programa mas a audiência masculina que sintonizava o HD da emissora deve ter curtido adoidado.
 
Já no SBT, Silvio Santos foi surpreendido com a exibição de uma cena pra lá de esquecida, resgatada do arquivo da emissora: era o próprio animador, fantasiado de mulher, participando de um quadro do "O Povo Topa Tudo", de 1982, um embrião do "Tudo por Dinheiro", que depois viria a se transformar no lendário "Topa Tudo por Dinheiro" (1991-2001).
 
 

 
Voltando ao "SNL": basicamente, é um programa de humor com quadros gravados (poucos, geralmente os mais complexos) e ao vivo (a maioria), que conta com humoristas convidados e uma atração musical, também ao vivo. 
 
Com exceção dos convidados e dos musicais, esse formato vem sendo feito com sucesso pelo "Comédia MTV ao vivo", às quintas, com reprises durante a programação. A trupe do  "Comédia" superou as polêmicas do passado e serve de comparativo para o trabalho que Rafinha Bastos e elenco prometem desenvolver na RedeTV!.
 
 

 
 
Na semana passada, apresentaram um quadro que já entrou para a antologia dos grandes momentos do humor: parodiando a apresentação de Chico Buarque e MPB4 cantando "Roda Viva" no III Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record, de 1967, Marcelo Adnet, Dani Calabresa, Tatá Werneck, Paulinho Serra e Bento Ribeiro cantaram uma sátira à televisão e à política nacional, com tiradas sutis, indiretas e trocadilhos. Uma explicação de cada uma das indiretas está aqui.
 
RedeTV! e MTV, ao menos, parecem dar liberdade criativa aos seus humorísticos. Esperamos que deles saiam boas produções.
 
 
 
Hamilton Kenji é titular dos blogs obaudosilvio.blogspot.com, letrasdotrem.blogspot.com e transcendentes.blogspot.com
 

 

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