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Papo de Bola: Fox Sports, operadoras, Libertadores e os torcedores


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Divulgação

Muito comentado já desde antes de sua estreia, o canal Fox Sports abriu seus trabalhos na manhã deste domingo (5). Porém, foi um início para poucos pois, no momento em que esta coluna é escrita (final da segunda-feira, dia 6), a maioria das operadoras de TV paga ainda não carregou o canal. Falou-se em algumas a partir de informações desencontradas, mas assinantes delas desmentiram tudo ao contarem que procuraram pela emissora e não a encontraram.

Assim, o fato que temos é este: algumas operadoras regionais já carregam o Fox Sports, além da Nossa TV, de propriedade de R. R. Soares. Não acompanho o "Show da Fé" na Rede Bandeirantes, mas consta que, nesta segunda, o missionário fez propaganda do novo canal esportivo durante uma chamada de sua operadora.

Mas afinal de contas, o que causa toda esta mobilização em torno do Fox Sports? Simples: a exclusividade da Copa Libertadores em canal fechado. A Fox sempre teve a propriedade desta competição, mas como seu canal esportivo nunca entrou no Brasil, o torneio era adquirido pelo SporTV, que nos últimos anos o repassou ao BandSports. Mas agora é diferente. O Fox Sports chegou e é claro que a exclusividade válida para toda a América Latina passa a valer também em nosso território. Não é que seja algo inédito (Libertadores fora do SporTV), pois assim já foi em 2000 e 2001 com a PSN - tanto prova que, quando o SporTV fez um "Jogos Para Sempre" daquele inesquecível Palmeiras x Corinthians da semifinal de 2000, usou o áudio do Galvão Bueno na TV Globo pois é a narração que há daquele jogo.

Mas não é apenas a exclusividade da Libertadores que causa tal comoção. Aumenta o interesse o fato de termos seis grandes torcidas representando o Brasil. Como não ter interesse em ver o Corinthians, que sonha feito louco com seu primeiro título sul-americano e possui a maior torcida de São Paulo, foco principal do mercado publicitário? Como não ter interesse em ver o Flamengo, dono de uma nação de mais de 30 milhões de apaixonados país afora e vindo da crise que redundou na saída de Vanderlei Luxemburgo? Como não ter interesse em ver o Santos de Neymar, atrativo em nível mundial depois de seu golaço vencer o Prêmio Puskas da FIFA? Como não ter interesse em ver Vasco e Fluminense, que fecham uma situação inédita de três clubes do Rio de Janeiro em uma mesma Libertadores? Como não ter interesse em ver o Internacional, com dois títulos nas últimas seis edições? Isso que nem estou contando torcidas rivais, como as de Palmeiras, São Paulo, Botafogo e Grêmio, que evidentemente querem dar aquela secada básica nos inimigos.

Porém, contudo, todavia, entretanto, como até este momento não há a presença do Fox Sports na maioria das operadoras, restam algumas poucas alternativas: ir ao estádio (só quem estiver nas cidades deles), escutar pelo rádio, assinar a Nossa TV ou "alugá-la" de alguém que tenha sua antena. Falei no rádio, aliás.

Nesta terça (7), o Fluminense fará sua estreia contra o Arsenal, no Engenhão. Imagina quantas sintonias não terão Globo, Tupi, CBN, Manchete e todas as outras AM e/ou FM esportivas do Rio de Janeiro? Na quarta (8), ainda há um pouco mais de facilidade para se ver Vasco x Nacional do Uruguai pois a Rede Globo transmitirá para o Rio e para grande parte da rede, além da antena parabólica em todo o país. Mas e na quinta (9), quando o Internacional jogar no Beira-Rio contra o Once Caldas? As rádios Gaúcha, Guaíba e Bandeirantes/Ipanema receberão acessos aos montes de quem não tiver imagens do jogo.

É só porque há a alternativa da Nossa TV enquanto outras operadoras não acertam essa questão (e, sinceramente, eu gostaria muito com "MU" maiúsculo que, quando vocês lessem esta coluna, algo de novo já surgisse, mas não estou tão esperançoso dado o andar das carruagens), mas a situação de 2012 lembra bastante a de 2002, quando tivemos a "Libertadores do rádio".

Naquele ano, devido à extinção da PSN, houve uma confusão tremenda relativa aos direitos de transmissão para o Brasil. Até a TV Globo ficou sem o torneio, incrivelmente. Em termos de São Paulo não houve tanto prejuízo pois o São Caetano, mesmo em evidência pelos dois vice-campeonatos brasileiros seguidos, sempre foi um clube de torcida reduzida. Mas Curitiba com o Atlético, Porto Alegre com o Grêmio e o Rio de Janeiro com o Flamengo tiveram de se socorrer do rádio para acompanhar os passos deles na competição.

Naquele ano de 2002, a televisão entrou somente nos jogos de volta das semifinais (América do México x São Caetano e Grêmio x Olimpia). Aliás, foi de surpresa que o SporTV exibiu a partida do Azulão no México. Lembro muito bem que, como acreditava-se que ainda não haveria televisionamento para o Brasil, escutei esta semifinal pela Rádio Bandeirantes, que mandou o narrador Dirceu Maravilha e o repórter Sérgio Patrick para o estádio. Na hora H, surpreendentemente chegaram as imagens. Na noite seguinte, a RBS TV mostrou a semi do Grêmio para todo o Rio Grande do Sul. Depois, a final São Caetano x Olimpia foi exibida tanto pela Rede Globo quanto pelo SporTV na ida no Paraguai e na volta em São Paulo.

Enfim, é isso. O Fox Sports chegou, mas por enquanto pouquíssimos tem acesso a ele. Tomara que a situação seja contornada positivamente o quanto antes, para que, mais do que os profissionais envolvidos no canal - nos quais também devemos pensar -, não haja um tremendo prejuízo para nós, torcedores do futebol, ao não receber por completo a Libertadores 2012.

 

Edu César é colunista do NaTelinha e titular do site www.papodebola.com.br
 

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