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Direto da Telinha: Caso Tom Cavalcante e o cuidado com a ética na TV


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Tom Cavalcante e Letícia Dornelles - Divulgação

A ética é um dos princípios mais importantes que se deve levar em conta na vida, seja no âmbito pessoal ou profissional.

A ética - ou a falta dela - é um dos poucos itens que faz parte do convívio de todos. A partir do momento que existe sociedade, ou seja, uma segunda pessoa no mesmo meio, esta palavra começa a ter efeitos, sejam eles positivos ou negativos.

Nestes últimos dias, duas coisas me surpreenderam muito relacionadas a este princípio e com resultados totalmente contrários. E estou falando da saída de Tom Cavalcante da Record após sete anos de contrato.

O desligamento de Tom da Record foi feito em comum acordo entre as partes. Acredito que tenha sido um dos rompimentos de contrato com mais elegância que vi nos últimos anos. Tom e Honorilton Gonçalves, o verdadeiro chefe do canal, segundo fontes, teriam dado até mesmo um abraço ao fim da reunião. O bispo liberou o animador da multa contratual e ainda deixou as portas abertas para se caso um dia ele quisesse retornar.

Em um dos poucos pronunciamentos feitos após o rompimento, Tom deixou claro a satisfação que teve em trabalhar na Record. Nitidamente, o humorista evidenciou o bom período em que esteve lá e diminuiu os momentos de crise, como o que levou ao fim do contrato.

Mas, ao mesmo tempo, percebi reação contrária por parte da roteirista que trabalhava com Tom Cavalcante no "Show do Tom", Letícia Dornelles. Gosto bastante do trabalho dela, que já passou pela Globo e SBT antes de chegar à Record. Entretanto, acompanhando ao seu Twitter, venho notando uma falta de respeito com a empresa para a qual trabalha.

Nestes últimos dias, Letícia vem recebendo diversas mensagens de fãs do SBT pedindo, torcendo, implorando o seu retorno e muitas vezes menosprezando a Record. Que a autora nada poderia fazer contra isso, eu concordo, afinal o Twitter é livre. O que ela poderia ter feito - ou melhor, deixado de fazer - seria aprovar, mesmo que de forma subjetiva, tudo isso.

Letícia deu "retweet" (ato quando o usuário repassa uma mensagem recebida a todos os seus seguidos) a vários tweets que pediam seu retorno e que criticavam a Record. Na noite do último sábado (26), então, Letícia chegou ao auge e divulgou tweets de fãs afirmando que ela torcia para o fã-clube do SBT.

Ao ver que os "retweets" favoráveis ao SBT predominavam, Letícia Dornelles até chegou a conceder a mesma atenção àqueles que defendiam sua permanência da Record, o que aparentemente, deve ser feito em vão.

Todo profissional tem total direito de aspirar melhores oportunidades. Concordo que Letícia Dornelles deveria ter um espaço na dramaturgia da Record e que é uma autora com know-how mais que suficiente para pertencer ao rol de autores de minisséries ou até mesmo das novelas. Mas, como disse o próprio Fernando Pelégio, diretor do SBT, em uma indireta ao "show" de mensagens: existem formas "mais profissionais".

Ao que me consta, independente de ter ou não seu contrato renovado, Letícia Dornelles é funcionária da Record. Uma boa parte, se não todo seu orçamento, aquele usado para fazer as compras do dia, para o lazer, para pagar suas contas, vem da Record. Quem lhe forneceu trabalho após "Amigas e Rivais" chegar ao fim foi a Record. Por mais que se esteja insatisfeita, Letícia jamais deveria demonstrar isso de forma pública, ainda mais diante dos acalorados fãs que o SBT têm.

Tom Cavalcante, que é um nome muito mais forte e de prestígio, poderia ter tomado atitude deste naipe que ainda assim seria um nome de respaldo e que não teria suas portas fechadas, afinal é um grande profissional.

Letícia também é, mas não pode se dar a este luxo. Ainda mais levando em conta que ela é um autora e que há apenas três emissoras produzindo dramaturgia no Brasil. Uma é a que ela trabalha, a outra é a consolidada Rede Globo e a terceira é o SBT. Sim, o SBT que ela tanto criticou - inclusive aos seus diretores - quando "Amigas e Rivais" foi encurtada e teve capítulos jogados na lata do lixo, em um ato de profundo desrespeito aos profissionais envolvidos.

O mundo deu voltas e as mágoas de Letícia com o SBT passaram. Mas será que as do SBT em relação ao comportamento dela também passaram? E será que eventuais mágoas da alta cúpula da Record em relação a este momento também passarão?

O mercado de TV é muito volúvel, ainda mais o da dramaturgia. Quem não se lembra da Jussara Freire reclamando e ameaçando o SBT pela reprise de "Pantanal" e assinando com a emissora meses depois? E das reclamações feitas por ela à falta de organização da Record, emissora a qual ela voltou a trabalhar em um contrato de cinco anos? Esse é só mais um exemplo... Exemplos não faltam. Fica feio para o telespectador não fica? E fica feio para si mesmo.

 

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