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Papo de Bola: Futebol e F-1 simultâneos na Plim-Plim


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Atraso da F1 por conta da chuva faz Globo tentar transmissão simultânea - Divulgação

O atraso monstro de mais de duas horas no GP do Canadá no último domingo (12), por conta da chuva, que fez poucas voltas serem disputadas no período realizado até a interrupção, deixou a Rede Globo de pernas para o ar.

A Rádio Estadão/ESPN tinha informado que haveria o retardo em alguns minutos no início das partidas do Campeonato Brasileiro que a TV exibiria, o que não aconteceu - tanto que, antes da bola rolar, Luís Roberto no Pacaembu e Cléber Machado no Beira-Rio, sendo porta-vozes da emissora, avisavam que a Globo respeitava horários e que não correspondia à verdade isso de forçar adiamento. Pode até não ter sido assim desta vez, mas que volta e meia vemos algumas partidas iniciadas só quando a transmissão é aberta em cima da hora, isso vemos.

A corrida reiniciou às 16h50, em meio a mais algumas bandeiras amarelas. No "Show do Intervalo" de Corinthians x Fluminense, pagaram dois intervalos comerciais, entre eles mostrando os melhores momentos do primeiro tempo, e depois mostraram 5 minutos do GP com narração do Galvão Bueno. No segundo tempo, quase sempre a tela foi dividida entre futebol e Fórmula 1, tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo. Como tanto Luís quanto Cléber estavam nos estádios, eles foram na base do "um olho no gato e outro no peixe", tendo de cuidar o campo de jogo, mas também a imagem da corrida na tela dividida. Consequência disso em Porto Alegre: o primeiro gol do Inter quase foi perdido e o Cléber não o narrou às ganhas.

Quando Corinthians x Fluminense acabou, ainda tinha pouco mais de 1 minuto para Internacional x Palmeiras. A Bandeirantes, que não exibe a Fórmula 1, mostrou normalmente este minuto final no Beira-Rio para quem recebia o jogo do Pacaembu - caso dos diretamente interessados gaúchos. A Globo seguiu mais este minuto na tela dividida, com o Luís informando sobre a corrida, e apenas quando a bola parou em Porto Alegre é que juntaram toda a rede para o Galvão Bueno narrar o fim da prova, concluída após as 18h.

Fica a dica para casos futuros, já que nunca se sabe: não deixem o narrador que faz futebol no estádio - ou mesmo que ele esteja no estúdio - transmitindo duas coisas ao mesmo tempo. Por melhor e mais habilidoso que ele seja, não é uma boa ideia. Melhor teria sido deixar alguém de salvaguarda documentando os lances da corrida, interagindo com o narrador do Brasileirão, o chamando a todo momento (o que a própria Globo já fez em Flamengo x Horizonte, narrado pelo Luís, com Argentinos Juniors x Fluminense acompanhado em posto por Rogério Corrêa). Assim, por exemplo, o Cléber não teria se atrapalhado no primeiro gol do Inter.

Claro, o Twitter fervilhou quando a F-1 recomeçou e a Globo ficou no futebol. Duas manifestações simbolizam isso. Uma foi do Sidney Garambone, editor-chefe do "Esporte Espetacular": "Amigos, desisto. As críticas estão surreais. Primeiro: futebol dá mais audiência. Segundo: contratos existem. E terceiro: ninguém vê o esforço de mostrar duas coisas?".

Isso de "contratos existem", acredito, também foi referência ao Sportv não poder exibir a corrida ao vivo pois, pelo que sei, somente uma TV de cada país pode exibir a categoria ao vivo, e no Brasil esta é a Globo - e não é porque ela e o Sportv são unidos que tudo que uma passa a outra também pode passar, e vice-versa. A outra manifestação foi do Téo José, da Band: "E aqueles que reclamam da Indy ser trocada por futebol???"

Memórias de negociações de outrora

Dia desses, por acaso, encontrei nos arquivos da Folha de S.Paulo um material muito interessante que tem a ver com a "negociação da hora", como chamo essa questão do Campeonato Brasileiro na TV a partir de 2012. A informação saiu na "Outro Canal", de Daniel Castro, em 14 de Junho de 2001. Ano, como se sabe, em que a Globo repassou para a RedeTV! a transmissão do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil, mas fez sozinha em canal aberto o Campeonato Brasileiro.

A Globo tinha passado o Brasileirão 2001 para a RedeTV! em Dezembro do ano anterior, mas a RedeTV! - então com pouco mais de 1 ano de existência - tentava passar o negócio para outro canal, oferecendo o torneio para Record e Traffic, então controladora do esporte da Band. A Record não se interessou, tanto pelos R$ 20 milhões pedidos pelos direitos quanto pela indefinição no calendário (pois em 2000 tinha ocorrido a Copa João Havelange e não se sabia o que seria do campeonato seguinte). E a Traffic também não aceitava o valor pedido e aguardava uma eventual quebra de contrato entre RedeTV! e Globo para negociar diretamente com a última, embora improvável pois o certame iniciaria dois meses depois e faltaria tempo para comercializar patrocínios.

A RedeTV!, por sua vez, não queria mais o campeonato pois só poderia exibir as mesmas partidas da Globo, além de não conseguir patrocinadores e não ter dinheiro para bancar não apenas os R$ 20 milhões, mas também os custos operacionais. O resultado todos sabem qual foi: o Brasileirão vencido pelo Atlético Paranaense foi todo documentado somente por Globo, Sportv e Premiere Esportes. Além disso, naquele ano não teve o lance das partidas regionalizadas. Eram somente duas por rodada, consequentemente, sempre a do RJ e a de SP. Em 2002 é que a regionalização voltaria, naquele esquema espetacularmente maravilhoso de até cinco partidas simultâneos. 2002, que também foi o ano em que a Record passou a mostrar o Brasileiro (ali ela tinha a Traffic como parceira).

Ela está de volta


Do Twitter da Vanessa Riche: "Amigos, será um prazer encontrar vocês todas as noites no ’Sportv News’!".

Entenderam bem: a aniversariante desta terça-feira (14) voltou a apresentar o jornal, que já fizera há alguns anos inicialmente junto com Luiz Carlos Jr. e depois solo, acompanhada de um comentarista. É porque o Sportv terá alguns correspondentes em alguns centros importantes do mundo esportivo. E um deles será Marcelo Barreto em Londres.

 

Edu César é colunista do NaTelinha e titular do site www.papodebola.com.br

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