Globo compra 100% do Telecine: Paramount, Universal e MGM desistem dos canais
Cade aprovou a operação
Publicado em 12/11/2024 às 13:40,
atualizado em 14/11/2024 às 10:38
O Grupo Globo teve a compra dos canais Telecine aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e se tornou o único proprietário da rede de filmes premium na TV paga e no streaming. O NaTelinha apurou que os estúdios Paramount, MGM e Universal haviam sinalizado que não tinham mais interesse em manter a sociedade que surgiu em 1991 para competir com os canais HBO no mercado brasileiro. A decisão aconteceu no dia 01 de novembro.
Com isso, a estrutura de controle do Telecine mudou. A Globo, que era sócia majoritária com 53,125%, tinha a Paramount, Universal Studios e Metro Goldwyn Mayer como acionistas minoritárias, com uma participação de 15,625% cada. Agora, a Globo passa a ter 100% da operação no mercado.
+ Nem Beyoncé! Vitória de Trump mostra que famosos não influenciam na política
+ Após Chaves, SBT prepara o uso de IA para remasterizar novelas e programas
Segundo fontes ouvidas pela reportagem, os grandes estúdios de Hollywood haviam desistido do Telecine. O modelo de sociedade que foi necessário na década de 90 não faz mais sentido hoje, devido ao cenário completamente diferente.
Com o crescimento dos serviços de streaming, estúdios como a Paramount, Universal e MGM possuem suas próprias plataformas, tornando investimentos no Telecine menos atrativos. Para fazer a aquisição da totalidade do capital social do TC, a Globo precisou submeter o acordo à aprovação do Cade.
“Como justificativa para a realização da Operação, as Requerentes explicam que ela permitirá à Globo a complementação dos seus serviços de VoD, razão pela qual o Grupo Globo tem interesse em manter o negócio do Telecine como única sócia”, diz o parecer do Cade que aprovou a compra do TC sem restrição.
Parecer do Cade sobre o Telecine
A mudança societária do Telecine já circulava no mercado audiovisual desde agosto. O NaTelinha, inclusive, procurou a Globo sobre o assunto há cerca de 2 meses, mas a informação foi negada.
"Considerando a integração vertical entre o mercado de licenciamento de canais lineares e conteúdo VoD para plataformas OTT do Telecine (a montante) e as atividades de distribuição de conteúdo audiovisual via Globoplay do Grupo Globo (a jusante), constata-se que a participação do Grupo Globo ora em análise situa-se abaixo do patamar de 30%, indicando-se ausência de capacidade de fechamento também deste mercado após a Operação".
Cade
Ou seja, para aprovar a operação, o Cade justificou dizendo que a Globo e o Telecine juntos detêm menos de 20% do mercado de streaming de vídeo no Brasil, que é amplamente dominado pela Netflix. Mesmo com a integração dos canais lineares do Telecine e do conteúdo sob demanda da Globoplay, a participação total da Globo fica abaixo de 30%. Isso significa que essa operação não impacta negativamente a concorrência no mercado.
Além disso, a aquisição do Telecine pela Globo não altera as relações que já existiam entre as empresas, tanto no mercado de TV por assinatura quanto no mercado de streaming. Portanto, a operação não muda significativamente o cenário competitivo atual.
“Por todo o exposto, considerando as estimativas de participação das Partes nos mercados afetados pela Operação dentro dos parâmetros da Res. 33/22, conclui-se que a Operação não possui o condão de acarretar prejuízos ao ambiente concorrencial”.
Cade
O Telecine possui sete canais lineares nas principais operadoras do país, que fazem parte do pacote à la carte: Telecine Premium, Telecine Action, Telecine Touch, Telecine Fun, Telecine Pipoca e Telecine Cult. O Megapix, que também faz parte do Telecine, está incluído no pacote básico do assinante e foi criado para concorrer com a TNT, que pertence à Warner Bros. Discovery.
Procurado, o Telecine não se manifestou sobre a reportagem.