Publicado em 01/11/2022 às 05:15:00,
atualizado em 01/11/2022 às 08:00:01
Nos últimos anos, a Globo vem se movimentando cada vez mais para firmar seu compromisso com a diversidade sexual e de gênero. Tais valores, contudo, foram colocados em xeque na semana passada, quando Cássia Kis fez declarações homofóbicas em uma entrevista. Até o momento, a emissora não se posicionou de forma efetiva contra as falas da atriz, atualmente no ar em Travessia, como a personagem Cidália.
A postura da Globo com os comentários de Cássia Kis difere de outros posicionamentos da emissora em casos de preconceito, como de racismo. Acusações contra o jornalista William Waack e o diretor de novelas Vinícius Coimbra foram sucedidas pelo afastamento dos dois profissionais da emissora.
A direção do canal também se mostra severa quando o assunto é outro crime: o assédio sexual. Entre os casos mais lembrados, estão os de Marcius Melhem, diretor do núcleo de humor da emissora alvo de acusações de Dani Calabresa e de outras atrizes; e de José Mayer, um dos principais atores da casa, afastado após a denúncia da figurinista Susllem Meneguzzi Tonani.
Com a polêmica envolvendo Cássia Kis, a Globo tem, pela primeira vez, um grande nome de seu elenco associado a um discurso homofóbico. A veterana atriz está na emissora desde a década de 1980, quando estreou em Livre para Voar (1984). Participou de grandes sucessos, como Roque Santeiro (1985), Vale Tudo (1988) e Barriga de Aluguel (1990).
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Desde 2019, a homofobia pode ser enquadrada judicialmente como racismo. Foi o que decidiu o Supremo Tribunal Federal (STF), que criminalizou a discriminação contra a população LGBTQIA+ com a aplicação da Lei 7.716/1989. O crime tem punição de um a três anos de prisão, é inafiançável e imprescritível.
O ativista e suplente de deputado estadual Agripino Magalhães Júnior (MDB) anunciou que vai acionar a Justiça de São Paulo para registrar denúncia contra Cássia Kis por LGBTfobia (aversão às pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transexuais). Entidades também já anunciaram que vão processar a artista por conta da polêmica entrevista para Leda Nagle.
Na ocasião, a contratada da Globo disparou: "Homem com homem não dá filho, mulher com mulher também não dá filho. Como a gente vai fazer?". Ela ainda criticou: "Não existe mais o homem e a mulher, mas a mulher com mulher e homem com homem, essa ideologia de gênero que já está na escolas".
Em meio à repercussão do caso, a Globo não se posicionou de forma incisiva. Soltou apenas uma nota superficial, sem nem mesmo citar Cássia Kis. “A Globo tem um firme compromisso com a diversidade e a inclusão e repudia qualquer forma de discriminação”, resumiu a emissora em comunicado à imprensa, na semana passada.
O NaTelinha também já noticiou que o elenco de Travessia está revoltado com as declarações da colega. Protagonista da trama, a atriz Lucy Alves é bissexual e namora uma mulher. Uma denúncia foi enviada ao setor de compliance da empresa, o que poderia motivar o afastamento da atriz. Até o momento, não houve um posicionamento oficial.
A reportagem entrou em contato com a Globo para saber se a emissora tomaria alguma atitude mais efetiva neste caso, mas não obteve resposta. O texto será atualizado caso haja um retorno.
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