Publicado em 02/07/2021 às 05:57:00
Apresentador do Brasil Urgente de Natal, Jacson Damasceno viu seu desabafo contra o comentário homofóbico de Sikêra Jr. viralizar nas redes sociais nesta semana e ficou surpreso com a repercussão positiva. Em conversa com o NaTelinha, ele conta que vem recebendo elogios de pessoas que se identificaram com seu discurso e questiona o pedido de desculpas do artista da RedeTV!. Há três anos à frente do programa regional da Band do Rio Grande do Norte, o âncora diz que a Band lhe dá liberdade editorial para dar suas opiniões sobre todos os temas. Além disso, revela que há familiares homossexuais e que seu desabafo foi uma "voadora técnica" ao defender a comunidade LGBTQIAP+.
“É um misto de coisas, a gente tá vivendo um tempo onde a agressividade é legal. A arminha é que é bacana. A resposta na ponta da língua de forma mal educada, a grosseria, às vezes a forma como tratam nossos colegas é que é legal, é que é modinha, é que é bonito. E as agressões aos velhos, aos homossexuais também. A coisa tá ficando de um jeito que todo mundo que não concorda vai ficando guardado. Eu tenho homossexuais na família, tenho amigos, colegas de faculdade, gente que convivo, que abraço e o tratamento na minha casa sempre foi de não excluir, de abraçar, de tratar todo mundo igual, vamos tratar todo mundo bem, todo mundo é pessoa”, conta Jacson em entrevista exclusiva ao NaTelinha.
E acrescenta: “E aí esse discurso dizendo que quem é LGBT é desgraçado, é filho do cão, que isso cara? Que loucura é essa? A gente que é jornalista formado e tem por norma não responder esse tipo de coisa, a gente vai dando cabimento pra esse povo crescer mais então quanto mais o jornalista que nós somos, coisa que ele não é, a gente vê que vai montando, a mesma coisa que o presidente. O dia que pegar uma repórter doida lá e responder na mesma língua, na mesma tora, ele para”.
O apresentador da Band no Rio Grande do Norte destaca que não foi grosseiro com Sikêra, pois ficou de fora palavrões em seu discurso. Ele diz que ganhou elogios de diversas pessoas pelo seu comportamento ao discursar contra as declarações homofóbicas do jornalista da RedeTV!.
“Eu tratei com respeito, como você deve ter visto, eu não usei palavrão, não usei palavra de baixo calão, mas eu dei uma voadora técnica nele falando o nome 'ah, um apresentador'. Não é um apresentador não, meu amigo, é o apresentador Sikêra Jr que tá cometendo um crime diariamente e ta machucando as pessoas que a gente ama. Depois que eu fiz essa declaração, o que eu mais ouvi foi obrigado, de homem, de mulher falando assim ‘tipo assim, tem outro na televisão que aqui eu posso recorrer, que eu não preciso me guardar’. E aqui tem muito doido pra falar”, relata.
Jacson se tornou um dos principais assuntos do país ao criticar as declarações de Sikêra Jr. sobre a propaganda do Burger King em homenagem ao Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+. Na ocasião, o jornalista da RedeTV! chamou os homossexuais de “raça desgraçada” e acabou sendo rebatido por Damasceno, que saiu em defesa da comunidade. Ele revela que não tinha a menor noção que o desabafo poderia viralizar na web e ficou surpreso com a repercussão.
“Cara, nunca [pensou na repercussão] né? Porque muitos motivos, né? Porque a gente é um programa local, mas a internet é meio louca, né? Às vezes você vai fazer uma coisa programada achando que vai estourar e não dá nada. Você trabalha aí, às vezes faz uma puta matéria, acha que vai ganhar o mundo e não dá nada. Mas às vezes você faz uma bobagem, como já aconteceu aqui de eu cair no estúdio e viralizar. Nem comentários, clique, repercussão nem nada, foi uma decisão tomada pessoal, eu não combinei com ninguém da emissora, o programa quem faz a edição sou eu”, comenta ele.
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O apresentador descarta que tenha ocorrido um planejamento com a direção da Band do Rio Grande do Norte. Ele voltou a ressaltar que não foi desrespeitoso, mas que o discurso ficou mais natural sem script e acabou sendo choque vê-lo sendo compartilhado por influenciadores e portais de noticiais.
“Foi uma coisa pessoal, não na hora, eu passei todo o fim de semana pensando se eu falaria, não falaria, enquanto eu decido vou calculando, né? Com muito respeito, mas vou ali, concatenando as ideia. Mas aí por questão humana mesmo, por uma questão de que não da mais pra aguentar, sabe, esse tipo de coisa, não só de homofobia, mas do jornalismo, sabe? Aí saiu do jeito que saiu, foi saindo, foi saindo, saiu no UOL, saiu no Hugo Gloss, no Felipe Neto e foi uma loucura, e está uma loucura até hoje”, afirma.
E completa: “Aqui a gente não lê TP. Meu programa não lê TP. Porque é um jeito mais despojado, eu já tenho meu estilo. Tem programa que tem muito VT pra chamar, então precisa de TP, aqui eu tenho 15, 10 e só eu tenho uma produção com meu filho, eu faço todas, eu sei quais são todas. Então eu levo um script pro estúdio, a cabeça e aí eu já sei quais são os VTs, então eu não uso TP. Na hora foi um desabafo mesmo”.
Jacson Damasceno não guarda nenhuma mágoa ou rancor de Sikêra Jr. e não descarta qualquer tipo de conversa com o apresentador da RedeTV!. O jornalista da Band explica que ambos possuem amigos em comum, mas eles não se conhecem.
“Eu atenderia normalmente. Ele nem procurou, a gente tem amigos em comum porque ele trabalhou em Maceió no mesmo grupo empresarial que eu. Eu não o conheci, mas eu tenho um ex-chefe que o conheceu”, detalha.
“Se ele me ligasse eu atenderia normalmente e falaria ‘E aí bicho, beleza? Beleza. Pô meu irmão, desculpa aí também’, mas ele precisaria entender que ele exagerou um pouco”, completa.
Jacson demonstra certa frustração com a quantidade de comunicadores que seguem um estilo parecido com de Sikêra. “Infelizmente, num grau maior ou menor, é praxe nos apresentadores de programas populares de cidades menores, esse jeito desinibido, não só ele”, opina.
No Brasil Urgente de Natal está completando três anos, mas Damasceno tem 20 anos de jornalismo. Com 41 anos e divorciado, essa é a segunda passagem pela Band, tendo seu filho como companheiro na produção do jornalístico. Nas redes sociais e no Rio de Grande do Norte é conhecido pelo seu jeito sincerão e irreverente. Em abril, ele já tinha viralizado na internet num vídeo onde cai, ao vivo, jogando bola no programa.
“A Band, que é a emissora que eu trabalho, me deu um belo editorial pra eu falar de tudo educação, segurança, covid, música, canto coral, grupo de dança. A gente aqui mexe com tudo que pode fazer no dia melhor pra população, mais informativo, mais produtivo, mais criativo”, relata.
Sikêra Jr. pediu desculpas pela sua fala, apesar de manter seu posicionamento sobre ser contra a propaganda do Burger King. Jacson assistiu ao pronunciamento do apresentador do Alerta Nacional e gravou um vídeo sobre o tema, mas acabou não divulgando ainda.
“Eu tenho até um vídeo gravado, que eu devo soltar depois porque senão eu esqueço porque depois a raiva passa e você perde o assunto, então é melhor gravar. Mas não tem muito sinal de mudança de ideia porque se você fica pensando do mesmo jeito”, comenta o jornalista.
E acrescenta: “Mas tudo bem, pediu perdão. pediu perdão? Então você promete que não vai fazer de novo, velho. Que bobagem fazer de novo porque toda vez que ele fizer eu vou dar na cabeça dele. Agora se você tá pedindo perdão porque você realmente acha que passou do ponto, bacana pô, é uma maneira de amadurecer. Agora se você tá pedindo perdão porque você perdeu patrocínio, você levou uma comida de rabo da emissora, aí não é de verdade”.
Ele destaca que Sikêra pode ser perdoado, desde que o arrependimento seja sincero. “Se você se arrependeu, tamo aqui pra lhe abraçar e dizer: ‘oh, muda de postura cara, deixa de besteira, é todo mundo igual, tem uma série de apresentadores em todo o Brasil que mudaram de postura nas suas opiniões’. Então eu achei bacana ele ter pedido perdão, mas tem que ver se é pra valer porque ele disse que continua pensando a mesma coisa, meio hipócrita, né?”, conclui.
Jacson detonou Sikêra Jr. na última segunda (28) ao saber do discurso homofóbico feito por Sikêra Jr. no Alerta Nacional. O titular do Brasil Urgente Natal saiu em defesa da comunidade LGBTQIAP+ e criticou o preconceito do colega, destacando a importância de outros homossexuais, como Paulo Gustavo.
"Deixa eu dar um recado aqui que hoje é dia de combate ao preconceito e discriminação da turma do LGBTQIA+ e eu preciso dar um recado. Primeiro quero dizer que é uma luta de todos nós, todos os seres humanos. Chega de escárnio, de violência, de desamor, de pregar brutalidade, de pregar a diferença, a ignorância, somos todos iguais perante à lei e perante Deus, se você crê em algum Deus", começou ele.
"Chega de em nome de Deus cometer violência, cometer agressão. O Deus que esses caras conhecem não é o meu Deus, o meu Deus ama, protege, abraça, ama infinitamente. Então, quero deixar um recado pra um colega nosso que trabalha lá no Norte do país, senhor Sikêra Júnior. Não conheço, nunca tive o desprazer de estar com ele, não gosto do trabalho dele. Mas respeito como profissional de imprensa como é", continuou.
"Primeiro eu quero fazer um alerta a ele, já que o programa dele tem algo desse tipo no nome dele. O senhor é apresentador, eu sou também. O senhor pode ser milionário, mas nós temos responsabilidades iguais, saiba usar a sua. O senhor chegou onde chegou não pra falar besteira, aproveite a responsabilidade da audiência que você tem - que é bem maior que a minha, o seu cachê, que é bem maior que o meu -, pra pregar o bem, pra trazer coisas úteis ao país, pra pregar o amor, a paz", acrescentou.
Além de dinheiro, o que o senhor construiu nesse tempo todo, desde que você explodiu pra cá com as suas palhaçadas que você faz? O que você trouxe de construtivo para o Brasil? Quem é você comparado a Paulo Gustavo? Quem é você comparado a Joãosinho Trinta [1933-2011], a Clodovil Hernandes [1937-2009], Cássia Eller [1962-2001], Renato Russo [1960-1996], Cazuza [1958-1990]? E tantos outros gays e lésbicas que orgulham e honram esse país", completou.
O vídeo pode ser visto abaixo:
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Não quis falar
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Ponto final
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