Publicado em 19/03/2021 às 16:05:00,
atualizado em 19/03/2021 às 16:18:19
A jornalista Vera Magalhães usou seu perfil do Twitter, nesta sexta-feira (19), para se defender das acusações de xenofobia pelos internautas. A comentarista negou que tenha sido preconceituosa no Jornal da Cultura e afirmou que sua fala foi retirada do contexto. Um trecho do seu comentário feito na noite da última quinta (18) começou a circular nas redes sociais e desagradou um grupo de usuários, porque o recorte deu a sensação que a comentarista estaria desdenhando dos hospitais do Nordeste.
“Íntegra da minha fala e do debate ontem no Jornal da Cultura sobre a gravidade do colapso de saúde no Brasil. O que digo nesta fala é que o caos não está mais restrito às regiões pobres do país e à rede pública. Ele chegou aos hospitais de elite de SP. Logo cedo me avisaram que havia recortes do vídeo circulando apontando preconceito contra o Nordeste nesta fala. Constatação de dados socioeconômicos e da realidade é preconceito a um povo onde? Decidi que não iria polemizar sobre o nada. Mas a coisa escalou”, iniciou a jornalista.
“Consultei especialistas em gestão de redes e outros e outras jornalistas que sofrem ataques semelhantes, e o conselho mais difundido, e o mais correto, eu sei, foi: não responda. Mas sabemos que este não é meu estilo por aqui. Para o bem e para o mal. Então vamos lá. Acho que, como jornalista ativa no debate público, não devo me furtar a responder quando sou questionada. Isso pode amplificar o hate? Certamente. Fará com que alpinistas de redes sociais tentem surfar na minha relevância? Também. Mas calar é pior e não é a minha natureza”, continuou.
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Verea agradeceu o apoio que recebeu dos amigos, mas fez uma reflexão sobre alguns colegas da imprensa. “Muita gente se solidarizou comigo em privado, muitos amigos se ofereceram para fazê-lo em público. Agradeço a todos. Mas proponho uma discussão de caráter geral”, relatou.
“Quando jornalistas, formadores de opinião, progressistas em geral, distorcem vídeos e criam falsas polêmicas para desviar o foco do que é dito -- uma crítica à inépcia e à gestão criminosa da pandemia por parte do governo federal -- a quem servem? O que fazem com o espaço cívico?”, desabafou.
“Nem os jornalistas em geral nem eu, em particular, somos à prova de crítica, mas existe um tipo específico de linchamento a jornalistas, que atinge sobretudo mulheres, que iguala quem o pratica ao pior do ódio bolsonarista. Deixamos que esse modus operandi seja a tônica aqui”, concluiu.
Vera Magalhães comentou a alta dos preços dos remédios em tempos de pandemia e comparou a qualidade de um hospital particular de São Paulo com o sistema de saúde de alguns locais do Nordeste, conforme foi mostrado no trecho recortado e compartilhado por críticos da jornalista.
“Conversei com um médico do Sírio-Libanês, não de um hospital lá do meio do Nordeste, um hospital público, mas um hospital de elite da capital do principal Estado do Brasil. Ele me falou: 'Vera, nós estamos intubando pacientes no leito, no quarto'. Isso é barbárie, é colapso no principal hospital particular da cidade de São Paulo”, afirmou, gerando toda a polêmica no recorte.
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