Polêmica

Na CNN, comentarista distorce pesquisa sobre gays com HIV e é chamado de homofóbico

Leandro Narloch minimizou permissão para homossexuais doarem sangue; veja

Leandro Narloch distorce pesquisa sobre gays na CNN Brasil (Foto: Reprodução/CNN Brasil)
Por Paulo Pacheco

Publicado em 08/07/2020 às 17:23:10

Um comentário na CNN Brasil sobre gays e HIV provocou revolta nesta quarta-feira (8). Durante o Live CNN, o jornalista Leandro Narloch distorceu uma pesquisa para afirmar que "é pequena" a mudança na regra para doar sangue, que agora permite homossexuais do sexo masculino.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) revogou a norma que proibia a doação de sangue por homens que praticam sexo com outros homens, cumprindo determinação do STF (Supremo Tribunal Federal), que julgou a restrição discriminatória.

"A mudança, na verdade, é pequena. Ela vai restringir mais a conduta, e não o tipo de pessoa, a opção sexual [sic] do indivíduo", começou Narloch, errando a expressão "orientação sexual" (a citada está em desuso porque ninguém opta por ser gay ou heterossexual).

Em seguida, o comentarista mencionou uma pesquisa de 2018, encomendada pelo Ministério da Saúde, que realizou testes de HIV em 3.958 homens de 12 capitais, detectando o vírus em 18,4% dos exames (em São Paulo, a taxa foi de 24,8%). No total, 75% dos entrevistados afirmaram transar apenas com homens.

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"Toda essa polêmica começou porque, não há dúvida disso, os gays, os homens gays, eles têm uma chance muito maior de ter Aids, né? Em 2018, uma pesquisa mostrou que 25% dos gays de São Paulo eram portadores de HIV", disse Narloch, distorcendo o estudo para corroborar sua opinião depreciativa em relação à mudança na Anvisa.

O próprio comentarista questionou os dados, porém manteve sua análise negativa: "Mesmo que esse número seja exagerado, e de fato ele parece mesmo exagerado, o fato é que é dezenas de vezes maior, maior a chance do que na população geral". Narloch concluiu seu argumento de que a mudança é "pequena" porque a regra já restringe gays "promíscuos", que mantêm relações sexuais com mais de um parceiro.

"A questão é que outros critérios para exclusão já restringem os gays que têm comportamento promíscuo, né? A regra como estava agora, ela estava muito injusta com os gays, por exemplo, que se cuidavam, que faziam sexo protegido ou então que tinham um parceiro só durante toda a vida. E se você simplesmente fizer uma regra, como já existem em vários hemocentros, que exclui as pessoas que têm muitos parceiros sexuais, ou sexo sem camisinha, você já retira todo o problema. Então aí é uma pequena mudança e, sim, muito boa", finalizou Narloch.

No Twitter, Leandro Narloch esclareceu sua fala na CNN: negou ser homofóbico, reafirmou que o vírus HIV tem mais prevalência entre gays e discordou do uso da expressão "orientação sexual".

Autor de Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, livro com distorções e inverdades a respeito de fatos históricos do país, Narloch já tem histórico de desinformação na CNN Brasil. Ele já disse, por exemplo, que 25% das mortes por coronavírus tiveram outras causas. Também citou uma frase atribuída ao escritor português José Saramago nunca dita por ele: "Fascistas do futuro se chamarão antifascistas".

Nas redes sociais, o público chamou a fala de Narloch de homofóbica. Confira a repercussão:

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