Bolsonaro com coronavírus: ABI aciona STF e sindicato pede afastamento de repórteres
Presidente reuniu três emissoras de TV para informar que teste para doença deu positivo
Publicado em 07/07/2020 às 21:59
A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) informou que ingressará com uma notícia-crime no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o presidente Jair Bolsonaro. Segundo a entidade, ele infringiu o Código Penal ao expor jornalistas ao novo coronavírus, durante entrevista em que anunciou o diagnóstico positivo para Covid-19.
A nota "Bolsonaro comete mais um crime", assinada pelo presidente da instituição, Paulo Jeronimo de Sousa, ressalta que o chefe do Executivo "esteve próximo dos jornalistas e chegou a retirar a máscara".
"Não é possível que o país assista sem reação a sucessivos comportamentos que vão além da irresponsabilidade e configuram claros crimes contra a saúde pública", diz a nota.
Para a ABI, Bolsonaro infringiu dois artigos do Código Penal: o 131 ("Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio. Pena: reclusão, de um a quatro anos, e multa") e o 132 ("Prevê pena de detenção de três meses a um ano para quem expuser 'a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente'").
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF (SJPDF) divulgou nota em que também critica o presidente por ter colocado em risco as equipes jornalísticas que participaram da entrevista. O governo convidou, além da TV Brasil (com a repórter Luciana Collares), a Record (representada por Thiago Nolasco) e CNN Brasil (com Leandro Magalhães).
"Por que o presidente não solicitou que um médico o fizesse? E qual será a postura daqui para frente? Já estamos oficiando as empresas jornalísticas para que suspendam a cobertura presencial no Palácio [da Alvorada]. Também solicitamos às empresas que testem e afastem todos os profissionais que estiveram expostos, nos últimos 10 dias, às coberturas que tiveram contato com o presidente da República, ministros e outros membros do governo", diz a nota do sindicato, que cogita processar Bolsonaro se algum profissional de imprensa que o entrevistou nos últimos dias for infectado pela Covid-19.
"Caso haja teste positivo em jornalistas, com a possibilidade dada a partir de tais contatos, não descartamos acionar o presidente da República na Justiça", finalizou o órgão.
TV Brasil, CNN Brasil e a Record afastaram os repórteres e cinegrafistas que se aproximaram de Bolsonaro nesta terça.