Publicado em 14/03/2020 às 09:01:43
Há exatos 15 anos, em 14 de março de 2005, estreava a novela América, que tinha como grande mote a imigração de brasileiros para os Estados Unidos. Escrita por Glória Perez, a trama teve problemas substanciais e discordâncias entre ela e o diretor Jayme Monjardim, que culminaram na sua saída.
Nos primeiros capítulos levados ao ar, a impressão era de que América estreou com cara de Pantanal (1990), que foi um grande fenômeno na extinta TV Manchete. Havia excesso de apresentações didáticas, personagens e lugares. Tudo isso resultava em capítulos mornos. Apesar de paisagens deslumbrantes, planos gerais da natureza, a beleza não convencia o telespectador.
O folhetim surgia para comemorar os 40 anos da Globo, que apostou em América como superprodução. Embora o primeiro capítulo tenha estreado com 56 pontos de audiência na Grande São Paulo, os números foram ladeira abaixo. Na segunda semana, chegou aos 42 pontos, índice catastrófico para a época.
O estopim aconteceu por volta de um mês de depois. A audiência não parava de cair e a concorrência com Xica da Silva, no SBT, pressionava a novela de Glória Perez. América chegou a marcar 37 pontos por dois sábados consecutivos, entre a quinta e sexta semana, acumulando 40,7 pontos semanal na ocasião.
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Primeiramente, Monjardim foi afastado da produção. A relação entre ele a autora estava estremecida. Um "descompasso" estava evidente.
Segundo a Isto é Gente, revista de circulação nacional, Glória teria dito: "A novela que está indo ao ar não é a mesma que estou escrevendo".
Em comunicado à Central Globo de Qualidade, divulgada pelo jornal O Estado de São Paulo em 13 de abril de 2005, Jayme escreveu: "Eu e Glória temos visões diferentes a respeito dessa continuidade (da novela)".
A dupla Jayme e Glória divergiram desde o começo. Enquanto ele queria Camila Morgado como Sol, ela bateu o pé por Deborah Secco.
A música-tema escolhida pelo diretor era cantada por Milton Nascimento, enquanto Perez gostaria de Soy Loco por Ti América, na interpretação de Ivete Sangalo.
Depois, a abertura de fato mudou e a novela embalou de vez, ainda que tivesse a concorrência de Xica da Silva, comprada pelo SBT da massa falida da Manchete.
Quem assumiu a direção foi Marcos Schechtman, que já era assistente de Monjardim. As primeiras ações foram rifar imagens da natureza pretensamente épicas, marcas de Jayme desde Pantanal. Elas foram reduzidas em prol de mais cenas urbanas.
Antes chorona, Sol se tornou uma protagonista forte e decidida, e as personagens de Neuza Borges, Eliane Giardini e Paula Burlamaqui também tiveram que se adequar, gritando menos em cena.
O que seria o primeiro beijo gay da história da TV brasileira acabou sendo cortado na edição final. Bruno Gagliasso e Erom Cordeiro gravaram a cena, que foi censurada horas antes da exibição.
"Foi climão. Toda a novela estava na expectativa, foram colocados telões nas ruas… Foi difícil. Demorou pra cacete para isso acontecer", declarou Gagliasso ao Lady Night.
Fato é que a partir do segundo semestre, América decolou de vez, e em agosto, atingiu 58 pontos pela primeira vez, fechando a semana com 53 de média.
A história já tinha se tornado um grande fenômeno. Seu último capítulo deu 68 pontos de média e 71 de pico, fechando com média geral de 49,2 pontos.
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