Publicado em 20/12/2019 às 04:31:11
Produzido pelo SBT como um quadro do Domingo Legal, Os Paranormais teve sua primeira e única temporada encerrada há cinco anos, em 21 de dezembro de 2014. Contou com 16 participantes tentando desvendar mistérios por três meses e teve o bruxo Edu Scarfon como o grande campeão, faturando R$ 50 mil.
O formato Psychic Challenge fez sucesso em vários países e coube a Celso Portiolli apresentar a versão brasileira, que até hoje tem sua volta pedida nas redes sociais, segundo o próprio apresentador.
Numa entrevista exclusiva ao NaTelinha relembrando Os Paranormais, Portiolli disse que quem o apresentou ao formato foi Fernando Pelégio, diretor de planejamento artístico do SBT. "Já tinha sido realizado um piloto, ele me mostrou e eu gostei muito. Me perguntou se eu gostaria de fazer e eu falei que sim. Fui conversar com o Silvio [Santos] a respeito do programa, mas era muito caro, um investimento muito alto por episódio. Ele me disse que era muito caro e ia pensar. Assim que ele começou a gravar o programa dele, anunciou 'vem aí Os Paranormais no SBT'", recordou.
Apesar do investimento alto, Celso afirma que Silvio gostou do piloto, viu o original e resolveu apostar, fazendo o anúncio de surpresa em seu dominical.
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Vários programas ao longo da história trataram a paranormalidade. Volta e meia aparecia alguém entortando talheres, usando a força do pensamento ou mesmo fazendo ilusionismo, mas o reality do Domingo Legal foi o primeiro que tratou o tema com seriedade.
"Eu sabia que ia ser um formato que ia ter algumas pessoas que iam ter medo de assistir. Alguns anunciantes não iam querer associar sua marca a esse tipo de programa", admitiu Portiolli.
Apesar disso, foi adiante: "Mas era uma experiência interessante pra mim. E assistindo os formatos que foram feitos em outros países, eu vi que a qualidade era grande e tinha um respeito grande com esse tema. Eu acreditei. Achava que ia funcionar bastante e até hoje é o programa mais pedido. Todos me pedem a volta dos Paranormais".
Segundo ele, as gravações eram longas e feitas com câmeras de publicidade e filme. "Eu tinha uma hora com cada paranormal. Era uma câmera só que fazia minhas cabeças e eu ficava ali ao lado do paranormal gravando as reações deles. Era uma gravação cansativa não só pelo tempo em pé, mas também pela tensão em cada gravação. Porque o paranormal estava em ação do meu lado ali. Me esgotava bastante", reconheceu.
Celso relembrou uma prova em que os paranormais tinham que desvendar e dar o maior número de detalhes possíveis em um apartamento abandonado. Era lá que agia o famoso Chico Picadinho, que esquartejava suas vítimas.
"Foi bem pesado. Naquele dia tive até dificuldade pra dormir. E as reações dos paranormais, eu me arrepiava o tempo todo. Não foi fácil, não. Teve um outro também que teve a morte de um adolescente num bairro de São Paulo que foi muito pesado e muito emocionante", relatou.
Questionado pelo NaTelinha se chegou a se consultar com um dos participantes, afirmou que nunca quis saber. "Um dia fui brincar no ar com uma das participantes, a que abria e fechava a mão. E ela me falou duas verdades que ninguém sabia. E eu falei: 'pode parar que não quero ouvir'. O negócio ali era sério".
Ao longo do programa, Portiolli ficou impressionado. "A Vandinha era uma coisa fora do comum. Me deixava de cabelo em pé. Eu fiz uma prova que ninguém sabia qual era a prova, ninguém sabia quem era o participante. Só sabia eu e uma pessoa da minha confiança da produção. Nem o diretor sabia. Ninguém sabia. Era tanto mistério em cima da prova que eu quis fazer daquele jeito, que a prova foi gravada de trás pra frente. Primeiro as provas e depois as cabeças. Ninguém sabia o que era! Só eu e minha produtora. E eles acertaram muita coisa. Se alguém tinha alguma dúvida da produção, ou eu... Ali ficou comprovado que eles têm uma sensibilidade fora do comum", contou.
Em três meses de reality, Portiolli elege a prova que mais se envolveu: "A filha de um motorista que ela dizia pros pais que ela ia morrer muito nova. E ela morreu, com 6 ou 7 anos. E ela falava isso. E nesse dia foi gravado perto de uma represa. Foi muito emocionante. Mas as coisas que eles diziam pro pai... Eles não sabiam qual era a história. E como eu sabia... E cada frase que eles falavam, eu ficava mais emocionado. Ela [criança] dizia que ia morrer. Conseguiram captar essa história e falar para os pais".
Perguntado sobre se algum dos convidados suspeitou que pudesse ser armação, Portiolli foi enfático: "Não. Nunca questionaram nada. E eu nunca peguei nada. Sempre fiquei ligado em todas as coisas. Tanto é que fiz provas que ninguém sabia de nada. Exatamente para deixar o negócio real, entendeu? Afinal de contas, era meu nome, né?".
Até mesmo artistas se surpreendiam com os poderes dos paranormais. Em uma das provas, os paranormais foram ao escritório de Carlos Alberto de Nóbrega, mas sem saber que estavam lá. Todos os objetos foram cobertos. A missão deles era dar o maior número de detalhes da vida da pessoa que era dona daquele espaço.
Vandinha impressionou Nóbrega: "Parece que ele conversou com a Vandinha depois, se não me falhe a memória, ele falou isso pra mim. Não posso te afirmar 100%, mas parece que ele conversou com outro paranormal depois também. Depois mesmo. Outros amigos meus da TV já conversaram com os paranormais. Alguns deles, né? Eu prefiro não (risos)".
"Acho que no Domingo Legal eu não sei se faria de novo, não. Mas se o SBT tivesse interesse em fazer na programação eu toparia fazer. Cansativo, mas muito legal gravar. Foi um programa legal de fazer. Eu gostaria muito de ter uma segunda temporada, mas não no Domingo Legal, num outro horário. Se o SBT quiser... Estou disposto a fazer. Ou num canal a cabo, né? Em um canal a cabo também seria muito bom!", disse ele sobre uma possível segunda temporada, seja no Domingo Legal ou como um programa solo.
O apresentador garantiu que Os Paranormais nunca foi cogitado para ser uma atração solo, mas deu uma ideia: "Eu já pensei em sugerir pro Silvio fazer uma reexibição, não sei se tem que pagar algum valor, o próprio programa que já foi exibido [em 2014], fazer uma reedição e exibir depois do Programa Silvio Santos, meia-noite. Daria muito certo. É um horário excelente para esse tipo de programa. Mas não sugeri pro Silvio nem pra direção artística da emissora".
Se mantém contato com algum dos 16 participantes do reality, Portiolli brinca: "Não, não mantenho contato com eles. Mas eles devem manter contato comigo de alguma forma, né? (risos)".
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