Publicado em 03/10/2023 às 20:55:00
Em um mundo onde a solidariedade e a doação altruística de sangue podem fazer a diferença entre a vida e a morte, a história de James Harrison, o australiano com o "sangue dourado", é um verdadeiro conto de heroísmo moderno. Ao longo de seis décadas, Harrison desempenhou um papel crucial em salvar a vida de 2,4 milhões de bebês, graças a seu raro e valioso plasma sanguíneo.
Em 2018, ele encerrou um incrível capítulo em sua vida como doador, deixando um legado que poucos podem igualar. No entanto, seu compromisso com a doação de sangue não é apenas um exemplo de generosidade, mas também um marco na medicina, graças a um componente vital presente em seu sangue - o anticorpo conhecido como Anti-D.
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Diferente da maioria dos doadores, James Harrison é portador do Anticorpo Anti-D, um componente vital para a criação de uma vacina que desempenha um papel fundamental na prevenção de uma doença potencialmente devastadora conhecida como Doença Hemolítica Perinatal (DHPN). Esta condição, também chamada de doença de Rhesus ou eritroblastose fetal, ocorre quando o sangue da mãe ataca o feto em desenvolvimento.
Os efeitos da DHPN podem ser desastrosos, incluindo anemia, aumento do fígado e baço, danos cerebrais, insuficiência cardíaca e até mesmo a morte de recém-nascidos. Até o momento, menos de 50 pessoas em todo o mundo foram identificadas com esse tipo de sangue tão raro e valioso.
Para entender a raridade do "sangue dourado", é fundamental compreender a complexidade dos grupos sanguíneos. Em sua essência, existem quatro principais grupos sanguíneos: A, B, AB e O, determinados pela presença dos antígenos A e B nas hemácias. Além disso, o fator Rh, que pode ser positivo (+) ou negativo (-), é um componente-chave. O sangue tipo O negativo, por exemplo, é considerado universal, pois não possui nenhum dos antígenos que desencadeiam uma resposta imune.
No entanto, o "sangue dourado" é ainda mais raro, pois falta não apenas o antígeno Rh(D), mas todos os 61 antígenos Rh encontrados nas hemácias. Isso ocorre devido a mutações genéticas que afetam a produção dessas proteínas essenciais, resultando na ausência completa delas.
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A primeira vez que o "sangue dourado" foi identificado foi em 1961, em uma mulher indígena australiana. Desde então, apenas 43 casos confirmados desse tipo sanguíneo raro foram registrados no mundo. Os cientistas estimam que ele ocorre em cerca de 1 em 6 milhões de pessoas, tornando-o verdadeiramente excepcional.
O "sangue dourado" é altamente valioso para transfusões de sangue, pois sua ausência de antígenos Rh o torna compatível com tipos sanguíneos raros dentro do sistema Rh. No entanto, ser portador desse sangue único também pode apresentar desafios, como a dificuldade de encontrar doadores compatíveis em caso de necessidade de transfusão.
Além disso, as anormalidades estruturais nas hemácias que não possuem proteínas Rh podem causar problemas de saúde, tornando ainda mais notável o sacrifício de James Harrison, que descobriu seu raro tipo de sangue aos 14 anos após uma cirurgia que o fez depender de transfusões sanguíneas para sobreviver.
Por seis décadas, Harrison doou seu plasma sanguíneo, salvando inúmeras vidas e oferecendo esperança a famílias em todo o mundo. Embora os cientistas não tenham certeza da origem exata de seu tipo sanguíneo raro, eles suspeitam que possa estar relacionado às transfusões que ele recebeu na infância após sua cirurgia.
Em 2018, ao se "aposentar" das doações, James Harrison encerrou um capítulo extraordinário de serviço à humanidade. Em suas próprias palavras, "É um dia triste para mim". No entanto, sua contribuição notável permanecerá como um farol de esperança para futuras gerações e uma inspiração para todos nós.
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