Publicado em 27/07/2023 às 20:45:00
Um relatório emitido pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) sobre a conta do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi divulgado recentemente, apontando para um montante de R$ 17,2 milhões recebidos através de transações por Pix nos primeiros seis meses do ano.
Embora os valores causem estranheza, o órgão sugere que essas movimentações atípicas podem estar relacionadas à arrecadação de fundos para pagar multas judiciais. De acordo com a entidade, apenas entre 1º de janeiro e 4 de julho, o ex-presidente recebeu mais de 769 mil transações via Pix, totalizando R$ 17.196.005,80. Esse valor corresponde a quase todo o montante movimentado por Bolsonaro no período, que foi de R$ 18.498.532.
O Coaf menciona que as transações "atípicas" podem estar associadas à campanha de doações organizada em junho para o pagamento de multas, sendo que a Justiça de São Paulo bloqueou valores de Bolsonaro devido à sua recusa em utilizar máscara durante a pandemia de coronavírus.
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Um trecho do relatório afirma: "No período chamou a atenção o montante de PIXs recebidos em situação atípica e incompatível. Esses lançamentos provavelmente possuem relação com a notícia divulgada na mídia", fazendo referência a uma reportagem publicada no último dia 2 de janeiro, segundo aponta notícia divulgada pela Folha.
No início do mês, Bolsonaro havia anunciado que já havia recebido o suficiente para quitar todas as multas recebidas em processos judiciais e possíveis sanções futuras. Ele mencionou que o montante seria divulgado em breve, sem fornecer detalhes.
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"Foi algo espontâneo por parte da população. O Pix nasceu em nosso governo. Já arrecadamos o suficiente para pagar as multas atuais e a expectativa de outras multas. O valor será apresentado em breve. Agradeço a contribuição, mesmo sem ter solicitado. As doações variaram entre R$ 2 e R$ 22."
O relatório do apresenta o valor total transferido via Pix e uma descrição detalhada de diferentes depósitos realizados através dessa ferramenta ou por transferências convencionais. No entanto, o detalhamento só abrange depósitos a partir de R$ 5 mil, e não é possível distinguir se foram efetuados via Pix ou transferência.
Além do PL, que transferiu R$ 47,8 mil para o ex-presidente em duas ocasiões, outras 18 pessoas também efetuaram pagamentos que variaram entre R$ 5 mil e R$ 20 mil ao ex-presidente, conforme mencionado pelo Coaf. Essa lista inclui empresários, advogados, pecuaristas, militares, agricultores, estudantes e duas pessoas identificadas pelo Coaf como "do lar".
Há também três empresas na lista. Apenas uma delas depositou R$ 9.647 na conta do ex-presidente em 62 transações. O relatório também não especifica se esses depósitos foram realizados dentro da campanha promovida pelos apoiadores de Bolsonaro.
As informações contidas no relatório foram enviadas para a CPI do 8 de Janeiro, juntamente com dados de outras pessoas ligadas a Bolsonaro, que atualmente está sob investigação em diversas questões criminais, a maioria delas relatada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
A chave Pix do ex-presidente foi divulgada por parlamentares e ex-integrantes do governo, como os ex-ministros Gilson Machado e Fabio Wajngarten, e o deputado estadual Bruno Engler (PL-MG).
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