Publicado em 26/07/2022 às 05:08:00,
atualizado em 26/07/2022 às 07:59:19
De Corpo e Alma voltou a ser assunto com o lançamento da série Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez, da HBO Max. A atriz, então aos 22 anos, era destaque na novela criada por sua mãe, Glória Perez, quando foi morta pelo colega de elenco Guilherme de Pádua e pela esposa dele, Paula Thomaz. A trama da Globo ficou marcada pela tragédia e, por esse motivo, nunca foi reprisada.
A novela, que completa 30 anos na próxima semana, estreou em 3 de agosto de 1992 com grande expectativa. Era o primeiro trabalho de Cristiana Oliveira em novelas da Globo depois do mega sucesso Pantanal, em que interpretou Juma Marruá. O elenco principal também tinha Victor Fasano, que havia estreado em Barriga de Aluguel (1990) e já se firmava como um dos principais galãs da emissora.
Ofuscada pelo assassinato de Daniella Perez, que comoveu o país, De Corpo e Alma abordava temas como a doação de órgãos e o lugar da mulher na sociedade brasileira naquele início dos anos 1990. O ponto de partida é a morte de Betina (Bruna Lombardi), que tem o coração transplantado para Paloma (Cristiana Oliveira). Esta, a mocinha da história, se apaixona pelo amante da morta, o juiz Diogo (Tarcísio Meira), após a cirurgia.
Diogo vive um casamento de aparências com Antônia (Betty Faria), que aceita calada as traições do marido, o que incomodou movimentos de mulheres na época. Já Paloma namora Juca (Victor Fasano), sem nem desconfiar que o rapaz ganha a vida fazendo striptease à noite. No decorrer da trama, ele se envolve com Stella (Beatriz Segall), uma milionária anos mais velha.
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Outra trama que mobilizou a audiência falava de uma troca de bebês na maternidade. Caíque (José Mayer) e Bia (Maria Zilda) nem desconfiam que Júnior (Aron Hassan) é filho de Terê (Neusa Borges) e Vado (Tonico Pereira). Este casal, por sua vez, criou Pinguim (Eduardo Caldas) como se fosse deles. A revelação surge no decorrer da história.
Já a trama de Daniella Perez era o da família da protagonista Paloma, clã chefiado pelos divertidos Domingos (Stênio Garcia) e Lací (Marilu Bueno). A atriz deu vida a Yasmin, uma aspirante a dançarina que se apaixona por Caio (Fábio Assunção), da classe alta. Ela é alvo das investidas do motorista de ônibus Bira, papel de Guilherme de Pádua. Com a morte de Daniella, sua personagem fez uma viagem para o exterior; já o personagem do assassino simplesmente deixou de existir.
Quem também chamou atenção do público foi o misterioso Reginaldo (Eri Johnson), gótico que se apaixona por Yasmin. Divertido, apesar do clima soturno, o personagem fez tanto sucesso que estampou a capa da trilha internacional da novela, geralmente destinada aos protagonistas das tramas.
A boate de striptease onde Juca se apresentava era também o local de trabalho de Gino (Guilherme Leme), que fingia estudar engenharia para a família, mas ganhava a vida tirando a roupa na noite carioca. O rapaz também encontra uma paixão durante o trabalho: a reprimida Simone (Vera Holtz), submissa ao marido Guedes (Ewerton de Castro).
A proposta de levar o Clube das Mulheres, que existe na vida real, para a faixa das 20h da Globo causou polêmica antes mesmo da estreia da novela. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo em 1992, Glória Perez revelou que Victor Fasano pediu que o tema não fosse alardeado junto à imprensa "para não atrair demasiada atenção". De nada adiantou: “Clube das Mulheres” chegou até a ser o primeiro título cogitado para a novela.
Em entrevista recente, Victor Fasano reclamou do assédio que recebia das mulheres na época. As fãs confundiam o ator com o personagem, que vivia um grande conflito por ser tratado como homem-objeto. “Era desconfortável. Achavam que eu era aquilo, e não o ator. Na rua, em todos os lugares, o pessoal passava a mão. Às vezes, tinha que tirar a roupa e os figurantes ficavam ‘alisando’ também.”
Para criar a história, a mãe de Daniella Perez frequentou diversas boates de striptease masculino, entrevistando dançarinos e frequentadoras. "Parei para pensar na mudança de comportamento que aquilo significava: as mulheres estavam assumindo posturas antes reservadas apenas aos homens", relatou Glória em entrevista ao livro Autores: Histórias da Teledramaturgia, do projeto Memória Globo.
Confira a abertura da novela De Corpo e Alma:
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