Publicado em 16/11/2021 às 14:39:23
Taís Araújo participou do programa Roda Viva, exibido na noite de segunda-feira (15), que recebeu a atriz Zezé Motta como entrevistada. As duas interpretaram a personagem Xica da Silva e Taís contou que, ao se negar a gravar uma cena de sexo anal na novela exibida em 1996 na Manchete, foi criticada pelos autores Walter Avancini e Walcyr Carrasco.
"Em 1996, eu tinha 17 para 18 anos, no momento em que neguei fazer uma cena de sexo anal, Walter Avancini e Walcyr Carrasco foram publicamente dizer que eu estava transformando a Xica da Silva numa Maria Chiquinha. Quero saber da Zezé Motta, para ela, quem foi Xica da Silva?", disse a atriz.
Zezé se mostrou surpresa com a revelação de Taís Araújo e disse que não soube do ocorrido. "Sabe que essa história que você contou eu nunca soube? Xica da Silva foi uma mulher fantástica, empoderada, corajosa, a frente do seu tempo, mas as pessoas sempre encontrar uma coisinha para criticar, mas a gente vai em frente. A Xica dá muita sorte para quem representa ela, eu nunca mais parei, você idem", comentou Zezé.
Em 2017, Walcyr lembrou que, na época em que Xica da Silva estava em pré-produção, houve resistência por parte da Manchete em aceitar uma protagonista negra. "A ideia inicial da emissora era botar uma branca que tomasse muito sol", relembrou.
O autor, junto ao diretor Walter Avancini, morto em 2001, após muito custo conseguiram convencer a direção da casa de que a história, que fala sobre uma heroína negra, fosse, de fato, protagonizada por uma negra. "Vencemos. Taís Araújo foi a primeira negra, no mundo, em um papel-título de novela. Interpretou maravilhosamente. Um sucesso, tornou-se uma estrela", pontuou.
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Em 17 de setembro de 1996, ia ao ar na extinta TV Manchete (1983-1999) a novela Xica da Silva, com autoria de Walcyr Carrasco, o que só se descobriu meses depois. O autor tinha contrato com o SBT e não poderia ter escrito uma novela na concorrente, mas a falta de espaço no canal de Silvio Santos fez com que ele tomasse essa atitude inusitada, o que acabou lhe rendendo frutos depois.
Xica da Silva estreou cerca de mistério. Afinal, quem era Adamo Angel? O pseudônimo utilizado por Carrasco despertava a curiosidade do elenco e jornalistas. O diretor Walter Avancini (1935-2001) apenas despistava dizendo que ele simplesmente não queria aparecer. A Manchete endossava o coro e mentiu ao afirmar que Angel era um historiador e escritor de livros esotéricos.
A qualidade do roteiro fez com que o elenco questionasse o verdadeiro autor. Muitos apostavam que se tratava de Dias Gomes, algum medalhão da Globo ou até Paulo Coelho. A trama era ficcional e se desenvolvia a partir de um fato histórico: o encontro entre Xica e o contratador João Fernandes, personagens que existiram e viveram um grande amor em meados do século 18, no estado de Minas Gerais. Comentava-se que eles teriam vivido por 14 anos juntos e tido 12 filhos.
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