Publicado em 31/08/2021 às 04:33:00
Uma cena de Nos Tempos do Imperador foi acusada de “racismo reverso” e recebeu muitas críticas nas redes sociais. Mas não é a primeira vez que uma produção da Globo é apontada de praticar desserviço no combate a discriminação racial. Em 2009, uma sequência de Viver a Vida incomodou a comunidade negra e ocorreram manifestações contrárias ao episódio. Taís Araújo interpretou a personagem Helena e sua maior rival no começo era Teresa, que teve atuação de Lília Cabral. A protagonista foi acusada como a principal responsável pelo acidente de Luciana (Alinne Moraes), que a deixou tetraplégica e interrompeu a carreira de modelo da jovem.
Teresa soube da briga de Helena e da filha, o que resultou na proibição de Luciana andar no carro da esposa de Marcos (José Mayer). A ricaça então ficou frente a frente com a rival e escutou uma série de pedidos de desculpas, o que não a convenceu em um primeiro momento.
A situação foi ficando mais dramática e a protagonista do folhetim se ajoelhou no chão e seguiu pedindo perdão. Teresa não responde e acerta um tapão na cara da modelo. O que parecia uma cena comum de novela, tornou-se extremamente polêmica e a trama recebeu acusações de racismo.
“Como se já não bastassem todos os problemas estruturais do folhetim, a população negra ainda é obrigada a ‘tomar um tapa na cara’ junto com a personagem”, diz trecho do texto escrito por Gleiciele Oliveira e Shagaly Araujo em 2009, logo após a cena ir ao ar.
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“Pergunta-se, diante disso: O que tal cena nos quer comunicar? Quais lugares de poder quer reafirmar? Por que, quando não há um sub-papel em uma novela qualquer, há, nas entrelinhas (ou nas linhas), discursos imagéticos que se remetem sempre a um lugar de inferioridade do sujeito negro?”, acrescentou.
Na ocasião, a Globo não se manifestou sobre o assunto e nem teve grande repercussão entre o público. A crítica ficou mais restrita a comunidade negra, isso porque as redes sociais ainda estavam engatinhando no país.
O desserviço sobre racismo não aconteceu apenas em Nos Tempos do Imperador. Em 1995, A Próxima Vítima também tratou do assunto. Se a atual novela das 18h não foi programada, tanto que a autora Thereza Falcão se desculpou, na novela de Silvio de Abreu o tema foi tratado de maneira intencional.
Segundo o estudo feito por Camila Santos Mendonça, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, a sinopse oficial da trama das 21h deixa claro que abordaria o racismo “não só de brancos com negros, mas também o inverso”. E houve cenas que mostraram isso.
Os personagens Cléber e Sidney – que são negros – vivem pegando no pé de Cláudio – que é branco –, namorado de Patrícia, e Jefferson e Rosângela são os primeiros que falam do racismo reverso na família.
Sidney afirma que não gosta “desse sujeito” na mesa de jantar e sua esposa fica bastante incomodada. “Só por que ele é branco? Isso é racismo, hein!”, declarou a personagem. A partir dali, ficou clara a intenção do autor em debater o racismo reverso.
“Deste modo, a novela faz um desserviço, por mostrar uma pessoa de um grupo histórico e socialmente privilegiado por sua branquitude colocada na posição de oprimida por sujeitos de um grupo que nunca teve os mesmos privilégios”, diz o artigo escrito por Camila.
No capítulo 12, Pilar (Gabriela Medvedovski), uma jovem branca, busca morada na Pequena África, já que Luísa (Mariana Ximenes) partirá em viagem e não poderá mais abrigá-la. O local serve de acolhimento e proteção para negros livres, ex-escravizados, e também fugitivos. A moça tenta convencer Lupita (Roberta Rodrigues), que reluta em dividir o único quarto disponível.
A ideia é vetada por Dom Olu (Rogério Brito), considerado o Rei da Pequena África. O líder explica que Pilar terá facilidade para encontrar outro lugar para morar, o que não acontece com os negros. Ela compreende o argumento, mas seu namorado, Samuel, acusa os outros moradores do reduto de discriminação na cena seguinte.
“Só porque você é branca não pode morar na Pequena África? Como queremos ter os mesmos direitos, se fazemos com os brancos as mesmas coisas que eles fazem com os negros?”, questiona o rapaz. Na história, ele é filho de uma mulher violentada pelo Coronel Ambrósio (Roberto Bonfim) e luta para encontrar a irmã, que fora vendida pelo vilão.
Em seguida, Pilar dá uma lição sobre privilégios, reiterando a fala de Dom Olu: “Eu com certeza vou ter oportunidades de conseguir qualquer coisa, muito mais do que aquela menina, porque sou branca. E os brancos têm tudo, mesmo quando não têm nada. Já com os negros, não é bem assim”. Samuel arremata: “Isso tem que mudar. Brancos e negros têm que conviver como pessoas. Só, nada mais”.
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