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Record se inspira em Boni e apostará em novelas evangélicas para criar “nação cristã”

A emissora quer defender pautas cristãs e conservadoras

Record agora quer novelas conservadoras - Foto: Reprodução/Record
Por Daniel César

Publicado em 25/08/2021 às 04:00:00,
atualizado em 25/08/2021 às 09:33:08

A Record vai adotar, a partir de agora, uma postura semelhante a que José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, fez na Globo entre os anos 70 e 80 ao transformar as novelas num modelo social para o país. A cúpula da emissora de Edir Macedo, conforme relatou ouvidos, quer usar a audiência de sua dramaturgia para induzir o telespectador a comprar pautas evangélicas e conservadoras.

Segundo apurou o NaTelinha, a intenção de Cristiane Cardoso, chefe de dramaturgia do canal e filha do dono, é explorar novelas evangélicas e não necessariamente tramas bíblicas para criar 'uma nação cristã', como ela tem dito nos bastidores. Uma fonte confirmou para a reportagem que a decisão foi tomada há tempos e que os ajustes estão sendo feitos para isso, entre eles, a demissão em massa de roteiristas que não são da mesma religião.

Na estratégia de Cardoso, somente quem é evangélico pode 'vender o peixe' da religião e de forma a não parecer forçado ou didático demais. A ideia é aprovar sinopses contemporâneas em que parte significativa dos personagens seja evangélica e viva de acordo com os preceitos da religião. Evidentemente as pautas conservadoras e evangélicas terão de estar, obrigatoriamente, pautando as sequências.

A partir de agora, a Record mostrará temas que são caros para os evangélicos e não ficará em cima do muro nem permitirá pensamentos distintos dentro da novela. De ideologia de gênero até liberação das drogas, tudo será mostrado sob o ponto de vista evangélico, ou como eles costumam dizer nas reuniões, bíblico. A ordem de Cristiane é clara: criar roteiros em que esses temas sejam mostrados, não debatidos, sob o prisma evangélico.

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Internamente, a intenção de Cristiane Cardoso vem sendo comparado ao Boni, ex manda-chuva da Globo. Isso porque ele tratou a telenovela como a maior fonte de influência de massa no Brasil. Algo consolidado até hoje. Uma novela da Globo dita tendências e comportamentos.

É isso que a Record quer com suas tramas evangélicas nos próximos anos. A intenção é 'mostrar a verdade' custe o que custar para os brasileiros e, sem ficar em cima do muro em nenhum tema polêmico. As novelas terão lado e ninguém vai ter vergonha de mostrar qual é este lado.  Nos corredores da emissora fala-se em divulgar os próximos projetos como uma forma de diminuir os preconceitos contra a religião evangélica no Brasil e ajudar a pautar temas polêmicos, o que a telenovela sempre fez no Brasil.

Mas a ideia é muito mais do que isso e teria passado, inclusive, pelo crivo de Edir Macedo, conforme apurou a reportagem. O bispo concorda com a filha de que é o momento de usar a televisão para vender os ideais dos evangélicos, mas a única exigência dele teria sido para que não seja feito nada como se vendesse uma religião, mas ideias de vida.

Procurada, a Record não se manifestou.

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