Publicado em 20/04/2021 às 05:54:00
Em 2014, quando Império estreou pela primeira vez na Globo, o sucesso da trama de Aguinaldo Silva fez passar desapercebido para muita gente uma característica que o autor utilizou e que na reprise está sendo reforçada. A trama protagonizada por Alexandre Nero e Lília Cabral é uma espécie de remake de outra trama do novelista, Suave Veneno (1999), mas agora funcionando em termos de crítica de audiência.
Exibida em 1999, Suave Veneno ostentou o título de pior audiência da história do horário por alguns anos e foi a primeira a terminar com média abaixo dos 40 pontos, um sonoro fracasso na trajetória de Aguinaldo Silva. O folhetim derrubou a média da faixa das 20h para 38,1, muito menos que os 43,6 de sua antecessora, Torre de Babel.
Protagonizada por José Wilker e Gloria Pires, a novela parecia um grande pesadelo na vida da emissora e do autor, não fosse pelo fato dele usar as mesmas bases - as duas se inspiraram na peça Rei Lear, de William Shakespeare - e de praticamente fazer cópia de diversos personagens ao colocar Império no ar.
Em Suave Veneno, a tradicional família entra em parafuso quando se descobre que Waldomiro (José Wilker) teve uma filha fora do casamento e ela pode ser a sucessora do pai na importante empresa de mármore. A novidade deixa a filha mais velha, a vilã Maria Regina (Letícia Spiller) em parafusos, a ponto de armar muitas contra o pai e contra a bastarda,
Já em Império, a vida do Comendador (Alexandre Nero) vira de cabeça para baixo no momento em que ele começa a pensar em quem poderia sucedê-lo na administração da fortuna, já que não se dá bem com nenhum dos filhos e aparece Cristina (Leandra Leal). A filha do grande amor de sua vida vira a favorita para o posto e incomoda José Pedro (Caio Blat), o filho mais velho e vilão da trama.
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Em Suave Veneno, Waldomiro continua casado, mas há muito tempo não tem mais uma relação de romance com sua esposa, a imponente Eleonor (Irene Ravache), tanto que eles vivem completamente separados. Mesmo que o casamento continue em nome da família, não há mais relação de afeto e muito menos de intimidade, tanto que eles dormem em quartos separados.
Quem também vive em quartos diferentes é o Comendador e sua esposa, a não menos imponente Maria Marta (Lília Cabral), que parece nem se incomodar com o fato de que não há mais nenhum traço de relação entre os dois. Mesmo assim, em prol da família o casal segue debaixo do mesmo teto.
Em Suave Veneno, Eleonor parece tão deprimida que não tem mais forças para continuar fingindo que está tudo bem, até que conhece Eliseu (Rodrigo Santoro), um jovem, num momento de desespero, já que o pintor pensa em se matar. Ele foi salvo por ela e, a partir daí, os dois emplacaram uma nova relação que, claro, acabou não dando certo.
Já em Império, Maria Marta ficou tão carente com as patadas do Comendador que deu trela para ninguém menos que Maurílio Ferreira (Carmo Dalla Vecchia), muito mais novo que ela e o misterioso homem que parece ter aparecido para destruir o homem que ela sempre amou.
Por falar em Eliseu, em Suave Veneno, ele é um pintor transtornado e que não sabe direito como viver da própria arte. E o desespero será tanto que ele quase cometerá suicídio, sendo salvo pela misteriosa mulher que acabará o ajudando a se encontrar. Mas ele foi explorado por vigaristas que o fizeram cometer crimes de falsificação, o que o levou para a cadeia.
Já em Império, a história se repete com Salvador (Paulo Vilhena), um pintor completamente transtornado e que mostra ter sérios problemas cognitivos. Por causa disso, ele também é explorado por falsários e nem percebe o que está acontecendo à sua volta.
Em Suave Veneno, Clarice (Patrícia França) é uma imponente advogada que quer acabar com a raça do próprio pai e, para isso, arquitetou um plano de vingança muito bem elaborado. Mas antes de se tornar uma importante membro da família, ela mora com a tia Selma (Lea Garcia).
Algo parecido acontece em Império, com a diferença que Cristina não quer se vingar de ninguém e tampouco é advogada. A jovem que batalha muito para sobreviver, no entanto, vive também com a tia, dessa vez Cora (Drica Moraes), essa sim tentando aproveitar-se ao máximo da fortuna do Comendador.
Em Suave Veneno, Aguinaldo Silva já tentava contar a história do casal gay, ao mostrar os dramas de Uálber (Diogo Vilela), o vidente que circunda praticamente todos os núcleos e que se apaixona por Claudionor (Heitor Martinez), mas que tem dúvidas sobre viver este grande amor.
Na nova versão, em Império, Cláudio (José Mayer) vive uma vida dupla e tenta fugir de qualquer tipo de acusação de que seja um gay, mesmo assim ele não consegue esconder sua grande paixão por Leonardo (Kleber Toleddo).
Waldomiro ficou milionário por conta da empresa de mármore, é bem verdade, mas os tais diamantes que são disputados por todos os personagens da trama é o que fazem a história andar. Inclusive no momento em que os filhos disputam a localização do tesouro em Suave Veneno.
Já em Império, José Alfredo só conseguiu se transformar no Comendador depois que se transformou num traficante de diamantes. Inclusive, ele guarda a primeira pedra como uma espécie de brinquedo - e a chama de my precious.
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