Publicado em 08/02/2021 às 05:35:39,
atualizado em 08/02/2021 às 14:58:43
Vai ao ar na tarde desta segunda-feira (8) um dos momentos históricos da teledramaturgia brasileira: a cena em que Camila (Carolina Dieckmann) raspa a cabeça, por causa da leucemia. A sequência, da novela Laços de Família, fez o número de pessoas cadastradas no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) disparar em 2001. Para o Instituto Nacional do Câncer (Inca), é possível que o “efeito Camila” no Vale a Pena Ver de Novo estimule, mais uma vez, a busca por informações,.
O Inca é responsável pelo Redome e apoia ações de captação de doadores de medula óssea em parceria com hemocentros, empresas e instituições públicas e privadas no Brasil. “Em campanhas de maior expressão, como por exemplo na exibição da novela Laços de Família, o registro nota um aumento no número de acessos ao site”, explica o instituto, procurado pelo NaTelinha.
A cena foi gravada e exibida em dezembro de 2000 e seu impacto foi imediato. Até aquele ano, o Redome tinha 3.500 pessoas cadastradas. Com o “Efeito Camila”, em 2001 foram cadastradas 6.242. Em 2009, o Redome atingiu a marca de 1 milhão de doadores e, hoje, conta com aproximadamente 5,2 milhões de cadastros - é o terceiro maior registro do mundo.
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Entre janeiro e julho de 2020, foram 120 mil novos cadastros. O número é 20% menor que o contabilizado durante todo 2019: queda já esperada por conta da pandemia. Mas isso não impactou na realização de transplantes (147) ou do envio de material de doadores brasileiros ao exterior (42).
Atualmente, o Inca/Redome está em campanha para que os cadastrados no banco atualizem seus dados. “Quem precisa de um transplante de medula óssea e não encontra doador compatível na família, recorre a estes registros de doadores para a realização do transplante”, alerta o instituto. O procedimento é rápido e simples, feito através do site redome.inca.gov.br.
Carolina Dieckmann assegura que a cena sempre irá tocar. “Às vezes a gente faz cenas que são muito impactantes para quem está fazendo e para quem está no set, mas, quando ela passa na televisão, não tem essa mesma força. E eu fico muito feliz que essa cena, com essa importância para minha vida e carreira, tenha sido também tão marcante para várias pessoas”, declara, em entrevista distribuída pela Globo à imprensa.
Ela define a gravação como um “rito de passagem”. Não estava no script. Foi uma ideia do diretor de núcleo da trama, Ricardo Waddington, para usar em uma campanha de doação de medula óssea, que acabou sendo absorvida na edição da trama.
“Não estava planejado muito antes que a Camila iria raspar a cabeça, então não tinha muita expectativa em cima. O pedido para mim na cena era só ficar séria, mas, quando eu me dei conta, estava muito emocionada. Eu não estava me vendo, então não chorei porque estava ficando careca, mas sim porque estava muito entregue ao momento da personagem”, recorda.
Os Estúdios Globo, na época chamados de Projac, pararam para acompanhar a gravação. No estúdio, além de Waddignton, estavam presentes Deborah Secco, Vera Fischer e Reynaldo Gianecchini, além da equipe técnica e da imprensa. Foi colocada para tocar Love by Grace, de Lara Fabian, enquanto Carolina raspava a cabeça emocionada. Ao final, todos aplaudiram.
Carolina garante que faria tudo de novo: “Faria tudo de novo e um pouco mais. Sempre acho que posso fazer mais, meu corpo está muito ligado ao meu trabalho. Nunca usei vaidade para dosar o que iria fazer ou não. Para mim, o começo do barato é se entregar de corpo, é um momento que eu curto, pensar que cara que vou ter na personagem. E adorei ficar careca na época da novela”.
Inclusive, ela conta que não se achava bonita até aquele momento. “Eu era pouco vaidosa, nem espelho grande em casa eu tinha. O primeiro que eu tive na minha vida, que comprei para me ver inteira, conferir a roupa, foi na época de Mulheres Apaixonadas (2003), depois da Camila. Eu não tinha uma percepção estética sobre mim e, quando fiquei careca, percebi que meu rosto ficou muito forte, comecei a me achar interessante. Foi careca que eu comecei a me curtir. É estranho, mas é verdade”, pontua.
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