Publicado em 03/01/2021 às 07:06:06
Quando, em 1997, um internauta lançou a campanha "Eu odeio a Maria Eduarda", se referindo a personagem interpretada por Gabriela Duarte na novela Por Amor, já ficava claro que a internet, ainda que engatinhando, mudaria para sempre o jeito de ver o principal produto da nossa TV, a telenovela. Agora, mais de vinte anos depois, o Globoplay cumpriu a profecia iniciada lá atrás e modificou completamente a relação entre o telespectadores e as novelas.
A Globo, como principal produtora do formato no país, foi a pioneira em cada passo dado e atualmente assumiu para si o protagonismo em colocar as novelas como parte fundamental do streaming brasileiro. Se nos idos de Por Amor, parecia impensável dizer que o brasileiro poderia acompanhar uma telenovela pela internet e - pior - numa plataforma de streaming, agora ela caminha para produções própria e que nem deverão ter vida na TV aberta tradicional.
Para entender a relação do Globoplay com o público brasileiro, no entanto, é fundamental olhar para trás e lembrar que muitos passos foram dados antes disso. Seja com as comunidades criticando ou defendendo personagens de tramas de sucesso ou mesmo quando a rede mundial de computadores se tornou popular e a Globo passou a apostar em seus sites de entretenimento, investindo pesado em informação sobre suas novelas.
Há mais de vinte anos o telespectador deixou de depender exclusivamente das famigeradas revistas de entretenimento para saber um pouco mais de suas personagens preferidas ou mesmo para ler os resumos das novelas e ali foi dado o primeiro passo para tudo o que vivenciamos na última década e que eclodiu em 2020. Mesmo com a internet discada, a emissora percebeu ali um elemento para sobrevivência do formato.
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E se essa aposta deu certo, também coube à Globo dar mais um passo e permitir o que antes era quase inviável. Muitos telespectadores chegavam a reclamar dos tamanhos dos folhetins porque prendiam por meses e, caso não assistisse, as opções eram poucas. Gravar num VHS antigo ou, um pouco mais adiante, adquirir a novela toda em formato de DVD.
Mas a emissora passou, já nesta década, a liberar os capítulos de suas obras que estavam no ar, também na internet. O resultado crescente foi rápido, como o caso de Sangue Bom (2013). A trama de Maria Adelaide Amaral foi a primeira a ultrapassar a marca de 1 milhão de telespectadores acompanhando capítulos pelo site da Globo, números considerados baixos hoje, mas que eram enormes à época.
Com a chegada da Netflix, que transformou o jeito de fazer dramaturgia no mundo, a Globo teve outro movimento a fazer, já que não seria pioneira em algo no país. Por isso, ela passou a destacar as novelas em seu serviço, ainda que de forma tímida logo na chegada. A substituição dos capítulos no site pelo aplicativo deram um charme ao Globoplay e o assinante passou a ter a oportunidade de acompanhar os capítulos das tramas atuais a hora que quisesse.
Essa foi a primeira grande mudança que o público teve acesso em relação ao jeito de se assistir novelas no país. Depois de décadas em que a família sentava e se reuniu à frente da TV em todas as casas, sempre no mesmo horário, para ver mais um capítulo de sua novela predileta, o Globoplay passou a dividir a atenção. No metrô, no Uber, no celular, em qualquer lugar e a qualquer momento o público pode assistir à sua novela, sem ter a obrigatoriedade de estar na sala de casa e sem compromisso com horário fixo. Um avanço impensável aos críticos da filha de Helena (Regina Duarte).
Mas o streaming foi além e permitiu algo que, outrora, seria considerado uma heresia: o telespectador da TV aberta ser o último a acompanhar sua trama. Com Órfãos da Terra (2019), o Globoplay liberou os capítulos antes do folhetim ir ao ar em seu horário tradicional na Globo, o que significa uma espécie de spoiler, que ganhou ares ainda mais dramáticos com Malhação: Toda Forma de Amar, que entregava todos os capítulos da semana de uma só vez antecipadamente.
Em 2020, o passo seguinte foi dado com o advento das novelas antigas no Globoplay. No começo do ano, quando a emissora anunciou que liberaria mais de 50 obras para o seu serviço de streaming, foi um susto. Se o telespectador não precisaria mais ficar preso ao horário de uma determinada novela na TV aberta, a partir dali, ele também não seria mais escravo do Viva ou do Vale a Pena Ver de Novo.
A estratégia foi um sucesso e fez a plataforma crescer exponencialmente no ano com a inclusão de tramas clássicas como Vale Tudo (1988), A Favorita (2008) ou A Indomada (1998), mas mais importante que os números de assinantes, o streaming da Globo ganhou protagonismo nas redes sociais e também em conversa de rua graças a estes retornos.
E se o avanço foi muito, eles não param, com direito a 2021 podendo ser um ano ainda mais importante para a plataforma no Brasil. Se no início a internet foi usada de forma a informar sobre a telenovela, o segundo passo permitiu ao público assistir aos capítulos sem depender da TV. Já a terceira fase ofereceu a oportunidade de assistir a qualquer horário, em qualquer lugar e antecipadamente, enquanto o mais recente foi permitir arroubos de nostalgia com as produções antigas.
O próximo será, talvez, o mais ousado, já que pela primeira vez desde os anos 50, o público brasileiro poderá assistir uma novela fora da televisão. O Globoplay anunciou que em 2021 irá produzir a segunda temporada de Verdades Secretas exclusivamente para o streaming, ou seja, sem ir ao ar para o público da Globo, uma alteração completa no jeito de se assistir à novela.
O formato, que veio do rádio e encanta milhões todos os dias, certamente está longe de morrer na TV aberta e é impensável esta discussão num país em que o aparelho chega gratuitamente em praticamente todas as casas, mas é um sopro de sobrevivência ao que parecia fadado à morte. Ela já foi rádio novela, telenovela e uns podem chamá-la até de webnovela no futuro. Fato é que a novela, enquanto formato, parece ter se adaptado ao mundo tecnológico graças ao Globoplay.
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