Publicado em 30/12/2020 às 04:39:00
"A década passou voando", essa frase é tão recorrente que certamente todo mundo ouviu mais de uma vez em 2020. Mas a verdade é que, ao menos ao se pensar em dramaturgia, os últimos 10 anos promoveram uma verdadeira revolução na forma de se assistir televisão com o advento do streaming e tudo isso graças a Netflix. A plataforma apostou em conteúdo original, fez sucesso, a inovação virou um modelo de negócio e agora, menos de uma década depois, parece quase saturado, embora em seu auge.
O ano era 2011 e o mundo ficou boquiaberto quando a empresa de streaming com assinatura barata e que tinha um catálogo empilhado de filmes antigos anunciou que iniciaria a produção de conteúdo original. No dia do anúncio, já se soube que o projeto era ousado, já que a primeira série era comandada por ninguém menos que David Fincher e que seria protagonizado por Kevin Spacey, com o nome de House of Cards. A série levou dois anos para ter sua primeira temporada lançada, mas nesse meio-tempo, a plataforma fez experimentos ao exibir Lilyhammer e a quarta temporada de Arrested Development, que havia sido cancelada anos antes.
As duas primeiras produções, uma espécie de ensaio para que o viria a ser a Netflix, não fez tanto barulho como as três primeiras produções exclusivas da empresa: House of Cards, Hemlock Grove e Orange Is the New Black foram lançadas em 2013 e mudaram para sempre o jeito que o mundo assiste e produz dramaturgia. A começar pela inovação no formato, já que as séries tiveram a temporada toda exibida de uma só vez ao invés de episódios semanais, como a TV tradicional havia acostumado o público.
A proposta parecia ousada demais e houve até quem torcesse o nariz, mas logo ficou claro que a estratégia estava acertada. Naquele distante 2013, a primeira plataforma de streaming com conteúdo original do planeta fechou o ano com 44 milhões de assinantes globais e se transformou numa febre, tanto por ser pop quanto por ser cult, já que suas produções viraram figurinhas carimbadas nas principais premiações, inclusive o Emmy.
O fenômeno chamado Netflix ainda causava dúvidas em muita gente, que acredita ser uma febre passageira, mas a plataforma de streaming foi se firmando cada vez mais e em três anos já havia mais que dobrado o número de assinantes ao redor do mundo, além de aumentado exponencialmente suas produções originais, que passaram a ter um vasto catálogo, que ia da cultuada The Crown até a popular Stranger Things.
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A partir do sucesso da Netflix, ficou claro que a aposta estava na internet para a sobrevivência da dramaturgia, já que a audiência da TV aberta vinha cada vez mais em queda. O telespectador descobriu no streaming que não precisava ficar preso ao horário da programação e muito menos a apenas um episódio por semana de seu produto predileto e outras empresas surgiram como uma espécie de rival.
Entre elas, o primeiro grande serviço foi a Prime Video, da gigante Amazon. Foi aí, pela primeira vez, que especialistas passaram a ver o conteúdo original no streaming como um modelo de negócios e automaticamente enxergaram que a Netflix não suportaria a rivalidade se gigantes do mercado apostassem no formato. De fato, no encalço da Amazon muitas outras surgiram, como a HBO Go, a Hulu e, mais recentemente a Apple+, Disney+ e HBO Max.
Embora dezenas de teóricos do universo da TV sigam apostando no declínio da Netflix, que sobrevive com alto investimento e ainda sem retorno, mas com ações altíssimas na Bolsa de Valores, a empresa não apenas sobrevive como continua lançando tendência. Quando Amazon, Hulu e outras empresas passaram a apostar em séries de conteúdo original, ela já havia enxergado outra oportunidade de negócios.
Não satisfeita em ser a primeira a explorar o conteúdo original de séries, a Netflix abraçou a concorrência, aumentou sua produção e também mirou em outro formato, os filmes. Novamente muita gente torceu o nariz e considerou que trataria apenas de telefilmes, mas não foi o que aconteceu. Com obras como O Irlandês, História de um Casamento e o cultuado Roma, a empresa foi a primeira do streaming a ir ao Oscar. E se o advento do serviço no mundo da TV mudou completamente o formato, a imersão dela em filmes também está modificando o jeito de se fazer cinema.
Tanto que todas as concorrentes também seguem a aposta em ambos os formatos, inclusive com o Disney+ investindo pesado em lançamentos de grandes blockbusters diretamente para o streaming. Mas aparentemente a pioneira já está a frente novamente mirando num modelo que faz sucesso apenas em países emergentes: as telenovelas. Embora não tenha produzido conteúdo original no Brasil, o país das novelas, a plataforma vem investindo no segmento em vários países, tendo inclusive já sido indicada ao Emmy Internacional.
E não foi no resto do mundo que a Netflix mudou a forma da existência da TV, mas também no Brasil. Quando o serviço chegou ao país, ela já era uma gigante com séries consolidadas e rapidamente controlou o mercado do streaming, com milhões de assinantes e produções originais, como 3% e Samantha! O sucesso foi tanto que obrigou a concorrência, leia-se Globo, a se mexer.
Daí nasceu o Globoplay, um projeto tímido da maior emissora do país e que em quatro anos iniciou um novo ciclo de se assistir televisão no Brasil. Investindo em conteúdo original, o Globoplay apostou em liberar os capítulos de suas novelas na plataforma, ao invés do antigo site em que quem perdesse um capítulo teria de acessar para acompanhar.
Aos poucos, o Globoplay se firmou como a segunda principal plataforma do país e fez alguns testes, como liberar capítulos de novelas antes de ir ao ar na TV aberta e até algumas produções originais, como Aruanas, lançada em dezenas de países simultaneamente. Embora com acordo gigantesco para a produção em inglês, o serviço de streaming da Globo girou a chave em 2020 por outro motivo.
Se a Netflix Brasil nada contra a corrente e se afastou das novelas, mesmo com a convicção da necessidade do formato entrar na plataforma, o Globoplay fez o caminho inverso e vem disponibilizando suas novelas antigas para os assinantes. Com isso, a empresa aumentou exponencialmente o número de assinantes e passou a ameaçar o reinado da concorrente.
É cedo para saber e a Netflix irá continuar reinando no Brasil e no resto do mundo. Disney, Warner e Apple ainda engatinham, mas parecem ter força o suficiente para derrubar a rival. No Brasil, o Globoplay parece ter encontrado seu mote ao apostar em novelas e irá exibir a primeira voltada para os assinantes, a nova temporada de Verdades Secretas.
Em todo caso, a Netflix segue produzindo muito e se tornando cada vez mais pop, com direito a reality show, talk show, programas de variedades e se afastando do que parece saturado: um catálogo de produções originais de dramaturgia. Enquanto todas apostam no streaming como salvador de novelas, séries e filmes, a Netflix parece ter enxergado que a próxima década é a era de ser um canal de TV na internet. O tempo dirá.
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