Rafael Cortez não esconde a vontade que tem de lançar um produto que tenha o DNA do CQC, programa do qual ele fez parte e que foi ao ar de 2008 a 2015 na Band. Em entrevista ao NaTelinha, o apresentador lista as dificuldades que enfrenta para tirar o projeto do papel, conta por que não quer integrantes do elenco original e afirma: "Sou a prova viva de que é possível fazer humor em 2024 sem tomar processo".
Para começar, o jornalista explica que sua atração seria uma versão "genérica", já que o formato tem patentes caras: "Eu tenho certeza de que é possível fazer um genérico do CQC, um programa em uma identidade que respeite aquilo que o CQC foi em termos de jornalismo e humor, sem ser necessariamente cancelado na segunda semana".
"Faço humor para todas as marcas, todas as empresas e todos os tipos de público, como palestrante e como mestre de cerimônia. Não parei de fazer stand-up, ainda que eu tenha diminuído bastante, e não tenho cancelamento, um processo, uma animosidade, nada. Eu posso treinar um grupo de jovens e ensiná-los a fazer um humor que se ajuste a 2024", pontua ele, que após o Custe o Que Custar teve passagens por canais como Globo, TV Cultura e Comedy Central.
O que ainda não contribuiu para que os telespectadores ganhassem uma data para ver o projeto no ar é a falta de parceiros de mídia. Rafael Cortez lembra que, apesar de ele ter vontade e coragem de dar o pontapé inicial, precisa que algum veículo de comunicação faça o mesmo.
"Já iniciei conversas com pelo menos um grande parceiro, que para mim seria o parceiro ideal para fazer esse projeto. Houve uma receptividade muito grande. E é muito legal, só que é um processo muito moroso, né? Começar um projeto do zero. Ainda mais em um lugar que não necessariamente precisa de você, não necessariamente pensou em você, não necessariamente lembrou de você. É você que precisa do parceiro, é você que está indo atrás do parceiro, é você que tá pedindo para ele."
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"O humor está sempre se reinventando", pontua Rafael Cortez
Rafael Cortez afirma ao NaTelinha que a motivação para tentar criar um CQC genérico surgiu da quantidade de pessoas que o encontra nas ruas e lamenta o fim do programa. Antes, o artista lamentava com eles. Agora, se propôs a defender o retorno de uma atração "ácida, que tenha humor, que seja disruptiva e que não seja cancelada".
A questão do cancelamento é muito debatida com comediantes, já que muitas piadas que passavam batidas há algumas décadas não são mais aceitas. Para o apresentador, é perda de tempo discutir o que se pode, ou não, fazer em 2024, porque o "humor está sempre se reinventando e acompanha o que é simplesmente a sociedade": "O humor é um espelho da sociedade. A sociedade está diferente. Ela está com as pautas que são relevantes em 2024, e pronto".
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O jornalista admite que respeita os humoristas que confrontam o universo do "politicamente correto", mas acredita que eles só arranjem mais problemas para si mesmos fazendo isso. "Eu, Rafael, acredito que isso é uma perda de tempo. É possível, sim, fazer humor em 2024. Respeitando a diversidade, respeitando os limites, respeitando as pautas sensíveis. Respeitando os pontos frágeis que a sociedade impõe em 2024. É possível", reforça.
Encarando a própria trajetória como uma prova de que ainda é possível fazer humor, ele destaca que isso não significa que um humor ácido vá ser digerido completamente por todo mundo, mas é a favor de uma acidez que beba da fonte de 2008 em uma dose diferente: "Vai ser polêmico, sim. Vai ser engraçado, sim. Vai ser discutido, sim. Mas não vai ser cancelável. Porque é possível você continuar provocando as pessoas sendo, inclusive, mordaz, sendo, inclusive, ácido, sem necessariamente ser cancelado".
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Questionado sobre quais colegas do CQC ele gostaria de ter ao seu lado no novo projeto, Rafael Cortez foi só elogios aos apresentadores que fizeram história com ele na Band, mas gostaria de evitar ao máximo as associações, mesmo sabendo que inicialmente vão surgir diversas comparações.
"Pensando em minimizar um pouco a dificuldade que é fazer um projeto que tenha o mesmo DNA do CQC, quanto menos referências diretas ao CQC original a gente tiver, melhor. Eu já vou estar à frente do projeto, então é claro que vou comparar porque eu sou um integrante cativo da primeira formação. Então, eu vou tentar não trazer outros integrantes."
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O apresentador, no entanto, deixa claro que, se for da vontade do "patrão", ou seja, do executivo responsável pelo veículo que colocar o programa no ar, ele não terá problema nenhum em voltar a trabalhar com algum ex-integrante, pois não tem "desentendimento com ninguém ali".
Os nomes citados por Rafael Cortez foram os de Danilo Gentili, com quem ele gostaria de firmar uma parceria profissional novamente porque acha que eles têm humores que se complementam, o de Oscar Filho, pela química, e o de Monica Iozzi, de quem se diz muito amigo. "Em resumo, acho que todo mundo poderia casar bem comigo ali, especialmente esses três", conclui.
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