Publicado em 26/06/2022 às 16:51:00, atualizado em 26/06/2022 às 16:57:31
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A cada 10 minutos uma mulher é estuprada e a atriz Klara Castanho entrou para essa triste estatística que cresce a cada dia no Brasil. Diante de tudo o que foi revelado no último sábado (26), a atriz de 21 anos sofreu inúmeras violências, tanto sexual, quanto física, psicológica e obstétrica. É o que afirma a psicóloga, psicoterapeuta e palestrante Ana Lúcia Alves Barboza , em conversa com o NaTelinha.
"A violência sexual, pode gerar, além de doenças físicas, transtornos mentais, como depressão, ansiedade generalizada, estresse pós-traumático e ainda fomentar idealização suicida (desejo de morte). É difícil mensurar os danos à saúde mental das mulheres vítimas de estupro. A gênese da violência sexual contra mulheres encontra-se na estrutura das relações hierárquicas entre homens e mulheres, baseadas em machismo, misoginia, sexicismo. Nem mesmo uma atriz global está imune", explica.
"Aos 21 anos Klara Castanho é vítima de múltiplas violências: estupro, gravidez indesejada de seu algoz, violência obstétrica pelos profissionais de saúde que deveriam protegê-la, falta de ética de quem tornou pública as suas dores neste combo de violações de direitos."
Ana Lúcia, psicóloga
A psicoterapeuta que atua há vários anos na área, diz que a atitude da atriz, em doar o bebê, é perfeitamente legalizado no Brasil. "A sociedade através da mídia está muito ofendida, não com a gama de sofrimento emocional que Klara está carregando e sim, pela sua atitude assertiva em reconhecer seus limites e entregar a criança para adoção, decisão juridicamente legalizada no Brasil"
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Klara Castanho pode sofrer por conta de trauma, diz psicóloga
Ana Lúcia também explica que o trauma vivido pela atriz pode acarretar problemas sérios no futuro. "O que esta jovem de 21 anos vive hoje afeta a sua visão de si e sobre o mundo e ainda poderá lhe acarretar mais perdas, dores, tristezas, medos, inseguranças no âmbito físico, psicológico, emocional, social, laboral e afetar. Há uma mulher antes e outra após à violências! Muitas não conseguem fazer a diferenciação entre si e a violência sofrida e são emocionalmente consumidas pela culpa e autodepreciação"
Ela prossegue falando sobre o caminho ideal para casos assim. "Visando o seu bem-estar, manutenção do autoamor e autoestima, ela requer tratamento especializado (psicológico e psiquiátrico) com urgência, apoio familiar e de todos aqueles que a amam! E o que cabe a nós que, podemos ou não concordar com a sua escolha é respeitá-la do ponto de vista democrático ao invés de julgarmos moralmente".
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Por fim, a profissional encerra, lembrando o que a sociedade faz também é uma forma de doença. "Afinal, quem faz críticas severas à Klara ao inves de acolhê-la nos revela aspectos nocivos de sua personalidade. Acusar é faltar com empatia e neste cenário, também pode ser considerada uma agressão, que serve apenas para esconder do agressor(a) a sua própria fragilidade e indisponibilidade em buscar desenvolver o seu potencial humano".
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