Publicado em 26/11/2021 às 06:45:00
Desde que Sintonia estreou na Netflix, uma das personagens que mais viu sua trajetória mudar de foco foi Rita. Ainda na primeira temporada, ela virou evangélica e, na segunda, passou a ser uma voz na igreja e na periferia de São Paulo. A intérprete, Bruna Mascarenhas, estreante no audiovisual, mostra-se confortável em falar sobre uma das protagonistas da série da Kondzilla e revela seus projetos de futuro, sem deixar de tocar em temas espinhosas que a própria produção faz questão de mostrar.
Em bate-papo exclusivo com o NaTelinha, dias depois da Netflix anunciar a renovação de Sintonia para a terceira temporada, a atriz fala sobre as dificuldades de jovens na periferia do Brasil, exatamente o que a série da Kondzilla mostra. "Há tempos que os jovens de periferia estão sendo massacrados. O estado muitas vezes não chega às comunidades com educação, cultura, saúde, assistência psicológica e vontade de realmente mudar as estruturas desses sistema que já está falido, perdido e sem perspectiva. Já chegam chutando a porta e, como disse um pouco acima, colocando todos numa mesma caixinha, sem olhar para o ser humano que tem família, trabalho e sonhos. Falta oportunidade e me parece que os órgãos públicos não se preocupam com isso como deveriam. A arte sempre foi colocada num lugar marginal, mas sabemos como ela pode ser resistência e como através dela a gente pode ajudar a transformar uma sociedade", diz.
Ao falar de Rita, ela relembra como foi passar no teste para ser uma das protagonistas de um fenômeno brasileiro sem nunca ter aparecido na telinha antes. "Eu tinha me mudado recentemente para São Paulo e, em quatro dias morando na cidade, já estava empregada em um restaurante. Na última semana do período de experiência, me ligaram para o teste que seria realizado no dia seguinte. Eu fiz o teste na quarta, na quinta já estava fazendo prova de figurino e maquiagem. No mesmo dia, recebi a aprovação e pedi demissão do restaurante. Acho que foi o teste mais tranquilo e confiante que já fiz na minha vida. O Johnny, diretor de Sintonia, sempre diz pra mim que quando me viu andando, antes mesmo de qualquer exercício, ele já tinha certeza de que era eu", garante.
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Mas a atriz lembra que foi tudo muito corrido. "Em duas semanas, precisei aprender o sotaque paulista da quebrada. Como entrei faltando só duas semanas para começarem as gravações, não tive tempo hábil para ter tantas experiências. Então, estudei muito com o KondZilla, com o Jottapê, com o Chris e o M10. Eles foram cada vez mais me ambientando, me falando como funcionava a quebrada, como era o dia a dia. Umas das minhas pesquisas era pegar o trem e ver a galera "marretar", ou seja, trabalhar vendendo seus produtos, além de ir à igreja evangélica".
Questionada sobre viver uma evangélica, ela explica como se aproximou da religião, mesmo não sendo adepta do cristianismo. "Além do trabalho com o nosso preparador, Luiz Mario, e a troca com os diretores, teve muito trabalho de pesquisa. Eu sentia que ainda precisava buscar mais para entender algumas motivações da Rita, por isso resolvi estudar a Bíblia com o meu irmão. Nesse intervalo da primeira para a segunda temporada ele se converteu e eu pude acompanhar esse processo de transformação bem de perto. Ver um jovem com a mesma idade da Rita falar de Jesus com tanto amor e paixão foi uma verdadeira inspiração. Ainda mais, sendo ele, o meu irmão mais novo, o meu amorzinho. Ter me debruçado nesse universo me permitiu ter mais empatia e compreender cada vez mais como esse amor verdadeiro e intenso por Cristo pode redirecionar sua vida e suas escolhas", resume.
Por falar nisso, Bruna foi perguntada sobre dar vida a uma personagem com fé evangélico, uma das maiores religiões do país, mas que normalmente é vista sempre de modo caricata na TV, ela defende a trajetória de Rita e elogia a abordagem da série. "Acho que nem foi em não estereotipar, foi muito mais pensando em me aprofundar e humanizar essa personagem. No final das contas a religião, seja ela qual for, não nos define. E independentemente dela e das nossas escolhas, vida normal. A gente precisa aprender, como exercício de cidadania, a tirar esses pré conceitos que temos a partir do momento que definimos as pessoas. E já é tão automático, que subdividimos tudo em caixinhas e esquecemos das particularidades de cada um".
E para quem não conhecia Bruna Mascarenhas, ela tem uma trajetória importante no mundo das artes. "Depois de dançar Balé Clássico por 14 anos, aos 16 entrei em uma oficina anual de teatro musical, onde fiquei durante dois anos fazendo também aulas de canto e jazz e atuei em duas peças. Ao final desses dois anos, entrei na faculdade de artes cênicas da CAL (Casa de Artes de Laranjeiras), no Rio de Janeiro. Um mundo novo se abriu, já fui criando mais responsabilidade e ainda mais tesão em trabalhar no teatro. Em paralelo à faculdade, entrei na Companhia Duplô, um teatro super de grupo, de processo, pesquisa, de encontrar e acolher nossas sombras, onde também trabalhei como assistente de direção e produção. Além disso, fiz parte de um grupo de leituras dramatizadas. Depois de formada, acabei saindo da companhia em que fiquei durante três anos e criei, com mais três amigos, "O Coletivo". Participei de dois curtas, "Xamã: A mulher selvagem" e "Areola". E trabalhei também na área de Cultura da Prefeitura de Maricá"
Como ganhou bastante destaque na série, obviamente a atriz foi questionada a respeito de trabalhar numa novela e a resposta foi imediata. "Pois é, a pergunta do momento (risos). Olha, se aparecer essa oportunidade, por que não? Quero vivenciar tudo que o audiovisual pode me proporcionar", garante. Como Sintonia é uma série musical, ela também conta um pouco de seu gosto. Como uma boa niteroiense, cresci ouvindo os funks cariocas e dançando muito (risos). Saudades, inclusive. Mas nas minhas playlists do dia a dia eu escuto muito samba e mpb. Caetano, Chico, e ultimamente estou viciada nas músicas da Marina Sena.
"A terceira temporada de Sintonia acabou de ser confirmada pela Netflix. Além disso, estou com alguns projetos quase saindo do papel e outros ainda embrionários. O que posso adiantar é que ano que vem com certeza estarei voltando para o teatro. Não vejo a hora! Em relação ao audiovisual, vou começar a produzir um curta com meu namorado, Tainã Stinghen, que é diretor e roteirista. Em torno do tema do aborto e das escolhas que fazemos ao longo da vida. E também das situações que determinam outras escolhas".
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