Publicado em 28/03/2021 às 08:41:00
Suzana Abranches foi a terceira Emilia da primeira versão do Sítio do Picapau Amarelo (1977-1986) e o trabalho a marcou muito. Ela admite que não ficou muito conhecida no período em que interpretou a boneca de pano, contudo, com a expansão das redes sociais, hoje seu rosto é mais associado a personagem. A atriz só ganhou o papel por ter insistido muito e isso aconteceu porque precisava de trabalho para se sustentar. Atualmente, a artista faz parte do elenco de Gênesis como Feiticeira e tem na sua carreira 12 novelas, cinco séries, dois filmes, sete peças de teatro, além de atuar como preparadora de elenco.
“Naquela época eu estava atrás de trabalho. Eu queria me sustentar. A pessoa que me indicou para o teste, o Duarte do Sindicato dos Artistas, que eu enchia a paciência dele todos os dias pra ele me dar o registro profissional, lembrou de mim e me indicou. Ele me ligou, porque eu insisti. Liguei para a produção, eles disseram que [os testes] tinham acabado e eu vi que o programa, descobri que o diretor era o Geraldo Casé, me lembrei que era vizinha da Regina Casé, minha musa, peguei o telefone dele e liguei na cara de pau”, revela em entrevista exclusiva ao NaTelinha.
“Eu falei meu nome, disse que liguei para a Globo e disseram que o teste para Emília fechou, mas que ele deveria reabrir pra eu poder fazer. Mas fiz isso também porque o Duarte disse que eu era a cara do personagem e eu atrás do trabalho. Eu nem tinha conhecimento do programa, apesar de ler muito na minha adolescência, não tinha lido Monteiro Lobato. A partir do momento que fui fazer o teste, comecei a ler e me apaixonei por Monteiro Lobato”, completa.
Suzana se recorda com muito carinho o período de gravações. Ela trabalhou muito, entretanto, garante que se divertiu e não sentia falta de momentos de lazer. Cerca de 35 anos depois do fim da produção, a atriz explica que o ambiente entre elenco e funcionários era muito bom.
“O que mais me marcou foram as pessoas. Trabalhei com gente tão querida, era um ambiente muito gostoso. Eu trabalhava muito, cerca de 72 horas por semana, mas eu me lembro que eu ia para gravação e passava pela praia, mas não tinha a menor vontade de ir para a praia. Eu tava feliz por estar trabalhando, sempre gostei de tá trabalhando e estava muito feliz lá no Sítio”, relata.
“Eu lembro que jogava muito buraco quando tinha algum problema técnico. A Jacyra guardava um baralho naquele avental da Tia Anastácia. Deu um problema, nem precisava falar nada. Já sentava e jogava. Só conseguia vaga quando o Sabag não podia jogar. A mesa fixa era Jacyra, Zilka, André Valli e Sabag”, acrescenta.
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Emilia fez muito sucesso com o público infantil entre os anos de 1970 e 1980, porém, poucos reconheciam Suzana. Ela diz que, atualmente, seu rosto é muito mais associado a boneca de pano do que no período em que trabalhava no Sítio do Picapau Amarelo.
“Não rolava, porque eu tava com uma maquiagem e não deixavam eu aparecer em nenhum programa na época. Algumas pessoas me conheciam ou me reconheciam. Teve uma pessoa que me reconheceu pelo nariz, mas não era muito abordada”, conta ela.
“Depois, com a expansão da internet, as pessoas me associaram a Emília e hoje sou muito mais abordada do que naquela época. Eu fico muito feliz por ter dado alegria para as pessoas, foi uma coisa tão memorável”, afirma.
Suzana está no ar na novela Gênesis e o trabalho tem a deixado muito orgulhosa. “Trabalhar em uma produção bíblica na Record é muito interessante. Nós temos o apoio de dois historiadores maravilhosos, que são os professores Rodrigo Silva e Maurício. É embarcar nessa história que a gente não sabe o que é ficcional e o que aconteceu. É uma oportunidade de estudar, tanto pelo lado bíblico quanto antropológico e social”.
“É muita gente trabalhando, é tudo muito bonito, é muita gente boa junta na área de luz, figurino, caracterização, atores, o texto, porque adoro a trama, direção. Eu faço a Feiticeira, mas também sou preparadora de elenco. Nós somos sete preparadores nessa novela, porque é uma superprodução. Outras novelas, por exemplo, eram três preparadores. Todos feras demais. É um trabalho que deixa todos exausto, mas fazemos com muita garra”, elogia.
Mas trabalhar na pandemia não tem sido fácil. A atriz explica que os protocolos são seguidos. “A gente é muito abraçador, beijoqueiro, cria aquela afeto, mas não pode abraçar, tem que tomar os cuidados. A doutora passa lá e todos precisam estar de máscara. Se tiver muito perto um do outro, ela dá bronca. Temos os protocolos, ficamos preocupados. Mas a gente quer que isso acabe logo”, comenta.
“Eu sou muito palhaça, então eu cumprimento igual palhaço. É bumbum com bumbum, porque não dá pra beijar. Esperando pra tomar a vacina e que todos possam se vacinar. Queremos que isso passe e que as pessoas sejam mais conscientes, porque não basta cuidar de mim, é um trato coletivo mesmo. E eu acho que a gente está carente disso ainda”, finaliza.
Conheça mais sobre a vida de Suzana Abranches no vídeo abaixo:
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