Publicado em 05/10/2025 às 07:30:00
O cenário atual das novelas no Brasil está passando por uma transformação significativa, impulsionada pela mudança nos hábitos de consumo de mídia e pelo crescimento das plataformas de streaming.
A audiência das novelas na TV aberta tem enfrentado queda. Por exemplo, Volta Por Cima atingiu 19,3 pontos em 2024, 1,2 ponto a menos que no ano anterior. No horário nobre, após um crescimento pós-pandemia com o remake de Renascer em 2023, que marcou 25,5 pontos, Mania de Você registrou 21 pontos no ano seguinte. Já o remake de Vale Tudo, escrito por Manuela Dias, mantém uma média de 23 até o momento, ganhando fôlego na reta final com picos de 27, um crescimento expressivo em relação à sua antecessora.
Especialistas apontam que o problema não está nos remakes em si, mas na dificuldade de conversar com o público que migrou para o digital em busca de dramaturgia.
A pandemia em março de 2020 paralisou as gravações, forçando a Globo a recorrer a reprises e a implementar novos protocolos de segurança. A produtividade despencou, e as alterações na rotina dos estúdios afetaram o ritmo e a estética das produções. Essa crise expôs o desgaste do modelo tradicional e acendeu o debate sobre o futuro das novelas.
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As redes sociais ampliaram a experiência de assistir TV, tornando o consumo de conteúdo mais móvel e interativo. As novelas agora podem ser acessadas de qualquer lugar e a qualquer momento graças à internet. O público não é mais um espectador passivo, atuando também como produtor e distribuidor de conteúdo, compartilhando opiniões e críticas.
O streaming mudou não apenas a forma de consumir conteúdo, mas também os formatos e narrativas. Produções do gênero encontram nas plataformas digitais um novo espaço para alcançar e engajar espectadores. Em média, cada consumidor paga por dois serviços de streaming, gastando até R$ 100 por mês em assinaturas, sendo que 68% são os únicos responsáveis pelo pagamento e 51% compartilham acessos.
Para muitos, a linha entre novela e série está cada vez mais tênue. As novelas tradicionais têm testado novas abordagens, enquanto as plataformas de streaming incorporam elementos clássicos das tramas novelescas. A nova geração de novelas, como Beleza Fatal da Max, adapta o melodrama para o consumo sob demanda.
O mercado de streaming, embora em crescimento, mostra sinais de estagnação nas assinaturas no Brasil. O YouTube, por exemplo, domina com 13% de share, mais que o dobro da soma de todas as plataformas de streaming por assinatura juntas, o que indica que o streaming não ameaçou a hegemonia da TV aberta nem do YouTube de forma efetiva.
A Globo está em busca de uma nova fase para sua teledramaturgia, buscando se reinventar com algo novo e criativo em vez de imitar formatos existentes.
Mesmo com as mudanças, boas histórias ainda engajam o público. A novela das sete, Dona de Mim de Rosane Svartman, por exemplo, superou as projeções de audiência ao trazer protagonismo negro e representações autênticas, com 80% do elenco composto por atores negros.
Em resumo, as novelas brasileiras estão em um período de adaptação, buscando equilibrar a tradição com a inovação para se manterem relevantes em um cenário de consumo de mídia cada vez mais digital e fragmentado.
Vamos aguardar e observar esse produto que mesmo nesse cenário, ainda é uma paixão nacional.
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