Opinião

Sucesso de Terra e Paixão é uma questão de tempo na Globo

Novela tem audiência ascendente e, além das reviravoltas adiante, reúne várias características capazes de fisgar o telespectador

Caio (Cauã Reymond) e Aline (Barbara Reis) em Terra e Paixão: amor não correspondido faz parte da receita de sucesso - Foto: Globo/João Miguel Júnior
Por Walter Felix

Publicado em 21/06/2023 às 05:15:00

Terra e Paixão estreou com audiência discreta na Globo, mas já dá sinais de que, em breve, deverá se consolidar como um grande sucesso às 21h. O público é ascendente, e a trama criada por Walcyr Carrasco, com direção artística de Luiz Henrique Rios, reúne várias características capazes de fisgar o telespectador – ainda que o saldo final do produto não tenha lá tanta qualidade artística.

Na última quinta-feira (15), a novela registrou seu recorde: média de 26,6 pontos na Grande São Paulo, de acordo com o Kantar Ibope. O número se repetiu na segunda (19). A estreia, em maio, foi abaixo dos 25, prejudicada pelo fraco desempenho de Travessia (2022). A antecessora no horário era pretensiosa e desinteressante, defeitos que não se repetem aqui, ainda que existam outros.

Walcyr Carrasco é um autor que costuma atirar para todos os lados e dificilmente perde a briga pelo Ibope. A aposta da vez foi na cena rural – provavelmente influenciado pelo fenômeno de Pantanal (2022) – e no folhetim puro, com uma mocinha honesta e batalhadora, vilões cruéis e vários clichês do gênero.

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Há em Terra e Paixão uma trama de vingança, a busca da heroína pela ascensão social, conflitos de família, segredos obscuros, entre tantos entrechos já repetidos à exaustão, exibidos sem grande profundidade, mas que quase sempre cativam a audiência. As reviravoltas que virão a seguir também devem impulsionar o interesse na história.

Vingança, novo amor e mais: O que muda em Terra e Paixão com a morte de Daniel?

Também conta a favor da novela uma variedade de tramas paralelas e personagens de forte apelo popular, como destaque para Anely (Tatá Werneck) e Luigi (Rainer Cadete) – que levam à tela temas em voga atualmente, com as plataformas de conteúdo adulto e os “golpistas do Tinder”. Já a relação entre Kevin (Diego Martins) e Ramiro (Amaury Lorenzo) mantém lá em cima a repercussão nas redes sociais.

Histórico de Walcyr Carrasco permite confiança em Terra e Paixão

Por outro lado, dizer que Terra e Paixão tem tudo para atingir o grande público não garante sua aprovação com a crítica especializada. Essa dúvida, contudo, não deve estar entre as maiores preocupações da Globo nem do próprio Walcyr Carrasco, reincidente em agradar a audiência e ter seus trabalhos detonados pela mídia.

Foi assim com A Dona do Pedaço (2019), que conquistou números altíssimos com a saga de Maria da Paz (Juliana Paes), simplória em termos de dramaturgia. Ou ainda com O Outro Lado do Paraíso (2018), famosa pela vingança de Clara (Bianca Bin) e uma das mais vistas na década passada, mas marcada por furos no roteiro e cenas que beiravam o absurdo.

Assim como essas, Terra e Paixão não tem qualquer complexidade. Quem começar a assistir aos capítulos hoje à noite rapidamente entenderá toda a história, em seus mínimos detalhes. Os diálogos são sempre bastante explicativos e se preocupam em definir, para o fácil entendimento do público, tanto a história quanto os personagens.

Essa é uma marca do autor, cujo histórico de sucessos permite a confiança no êxito de sua atual criação. O Outro Lado do Paraíso também estreou mal antes de disparar no Ibope, muito pela competência do novelista em chamar todas as atenções para sua história. Com Terra e Paixão, pelo jeito, não será diferente.





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